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Notícias envolvendo os avanços do Brasil na adoção da tecnologia blockchain ganharam destaque nesta segunda semana de 2023. O diretor do Banco Central do Brasil (BCB), Fabio Araujo, comentou sobre o Real Digital (CBDC). Segundo ele, a CBDC do Brasil será voltada aos bancos e às instituições de pagamento, as quais poderão utiliza-la como lastro para emitir stablecoins da moeda nacional para a população brasileira. Além disso, Araujo declarou que o Banco Central se inspirou na Ethereum para desenvolver sua Blockchain própria e que os novos procuradores da Fazenda Nacional serão obrigados a ter conhecimento sobre a tecnologia. A prefeitura de São Paulo também ganhou destaque ao sancionar uma lei que prevê o uso de tecnologia blockchain na administração pública do município. Outros destaques da semana serão mencionados a seguir.
A Mastercard lançou uma incubadora de artistas em parceria com a Polygon;
A Ledger lançou o jogo Cometh Battle em seu aplicativo Ledger Live;
Transações na Arbitrum e Optimism passaram a Ethereum em volume;
A FTX recuperou mais de US$ 5 bilhões em dinheiro e criptomoedas líquidas;
A Celsius obteve judicialmente o direito de propriedade das criptomoedas de seus clientes;
A carteira do exploit da Nomad transferiu US$ 1,5 milhão para o mixer de criptomoedas Tornado Cash;
A Huobi demitirá 20% de sua força de trabalho em meio ao FUD do mercado;
A Coinbase anunciou novas demissões e reduzirá em mais 20% sua equipe;
A ConsenSys planeja demitir 100 funcionários ou mais;
A receita anual da Binance cresceu 10 vezes nos últimos dois anos.
Uma das maiores críticas que investidores do mercado financeiro tradicional têm em relação aos tokens do mercado de criptoativos é o fato deles não serem ativos geradores de caixa ou ativos com potencial de gerar caixa. Porém, recentemente, começaram a se destacar no mercado alguns projetos com tokens que foram elaborados justamente com o objetivo de absorver os lucros de seus protocolos, se assemelhando ao pagamento de dividendos por ações do mercado financeiro tradicional.
Mesmo diante do bear market atual, em que tanto o valor dos tokens quanto o Valor Total Travado (TVL) do mercado DeFi estão bem distantes de suas máximas históricas, soluções com essa característica vem se destacando. Embora elas sejam relativamente novas e não estejam imunes aos riscos envolvidos, é interessante estar atento a projetos como a GMX. Nesta edição da Morning Jog, entenderemos o conceito de Real Yield (rendimento real) e as características desse protocolo que vem se destacando.
Antes de entrar em mais detalhes cabe destacar a diferença entre protocolos de Real Yield e tokens de Real Yield. Protocolos como Uniswap e Aave são classificados como protocolos de Real Yield, pois o investidor é recompensado por gerar valor, como por prover liquidez ou por emprestar ativos. A diferença deles para tokens de Real Yield como a GMX é que os tokens UNI e AAVE não retém o valor gerado e somente investidores que proveem liquidez e concedem empréstimos recebem a rentabilidade.
Os tokens de Real Yield são capazes de gerar rendimentos em tokens "fortes", coletados através das receitas advindas da utilização do seu protocolo pelos usuários. Esse modelo funciona de forma semelhante ao pagamento de dividendos por empresas do mercado financeiro tradicional, sendo nada mais do que uma distribuição de lucros a seus investidores e se opõe ao modelo de Liquidity Mining, uma das formas de Yield Farming que era adotado pela maioria dos protocolos cripto até então.
No modelo de Liquidity Mining, grande parte dos rendimentos dos investidores vinham através da emissão de tokens do próprio protocolo e de forma muito agressiva, com o objetivo de atrair novos usuários e aumentar seu TVL a qualquer custo, como era o exemplo do token CAKE da PancakeSwap. Se por um lado isso permite que os investidores ganhem recompensas absurdas, também acaba aumentando a oferta disponível dos tokens, causando inflação e consequentemente reduzindo seu valor no mercado.
Essa foi uma prática lucrativa durante o ciclo de alta de 2021 para aqueles que souberam aproveitá-la, mas não é um modelo sustentável a médio e longo prazo. Os investidores iam pulando de protocolo em protocolo, coletando as recompensas que mais compensavam e as convertiam para tokens fortes antes que seu valor viesse a desvalorizar devido a forte pressão de venda.
A imagem a seguir mostra uma oferta de stake para tokens CAKE na PancakeSwap. Como pode-se observar, a rentabilidade paga para quem trava seus tokens por um ano é de 49,22% (já foi muito maior). Porém, essa taxa só é possível pois existe emissão de tokens CAKE extras para pagar a recompensa prometida. Elas não configuram como um repasse dos lucros gerados pela PancakeSwap.
Como funciona o Real Yield
Um protocolo com token de Real Yield permite que seus investidores retenham diretamente o valor que ele gera aos usuários que o utilizam. As receitas, normalmente advindas de taxas de transação e de utilização do protocolo são normalmente cobradas já em tokens como stablecoins de dólar ou ETH e distribuídas de forma total ou parcial a seus token holders. Quanto maior a receita gerada pelo protocolo, maior o rendimento que os token holders irão receber como recompensas. Ou seja, ao investir em um token de um protocolo de Real Yield, o investidor está apostando na capacidade de crescimento do seu protocolo, em pontos como atração de novos usuários e aumento da sua geração de receita.
Real Yield estabelece uma nova forma de precificar criptoativos
Com a invenção e o desenvolvimento desse subsetor, abrem-se novas possibilidades de precificação dos criptoativos. Por serem ativos geradores de caixa, é possível calcular o valuation desses protocolos fazendo uma projeção de seus fluxos de caixa futuros e trazendo-os ao valor presente com uma taxa de desconto. Com isso, temos mais um parâmetro para analisar ao decidir por investir ou não em determinado projeto. Os protocolos com tokens de Real Yield atuais ainda não atingiram o nível de maturidade necessário para termos todas as informações de forma precisa para esse cálculo, mas já é possível fazer alguns exercícios a este respeito, a exemplo deste vídeo em que é calculado o valuation da cripto GMX.
Quais são os riscos envolvidos:
Os protocolos de Real Yield também trazem consigo alguns riscos. Tirando os "riscos tradicionais" do mercado de criptomoedas, como vulnerabilidades no contrato inteligente, o risco de custódia de seus próprios ativos, hacks, entre outros, temos o risco regulatório. O principal ponto desse risco é o enquadramento dessa classe de ativos pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) como securities, ou seja, como títulos de valores mobiliários. Dessa forma, eles estariam sob as mesmas legislações das ações do mercado financeiro americano, o que prejudicaria fortemente a performance delas, devido a necessidade de se enquadrar à lei ou de continuar operando fora dela, mas com sanções do governo norte-americano.
A GMX:
A GMX é uma corretora de contratos perpétuos (contratos futuros sem data de expiração) descentralizada, que permite além de swaps simples entre os tokens compatíveis, trades alavancados em até 30x com baixo slippage (diferença entre o preço de envio da ordem e de sua execução de fato), além de fornecer recursos como stop loss e limit orders.
Ela é atualmente o maior protocolo da Rede Arbitrum, representando mais de 44% de seu ecossistema e também faz parte da rede Avalanche. Podemos dizer que dentre todas, a GMX foi a que mais se destacou, sendo que o seu TVL mais que triplicou em 2022, enquanto o do setor DeFi como um todo reduziu cerca de 80%.
Valor Total travado (TVL) da GMX
Fonte: DefiLlama
Seu funcionamento é baseado em uma pool de vários ativos fortes como BTC, ETH, LINK, UNI e USDC, que provém liquidez para a negociação dos usuários e coleta taxas em troca. O investidor pode se expor a pool através da compra de um de seus dois tokens nativos, o GLP. Ao comprá-lo, o usuário se expõe a toda cesta de ativos que o compõe, como se fosse um índice, além de estar apostando contra os traders da plataforma. Quando os traders perdem dinheiro, o token GLP se valoriza e o contrário ocorre quando os traders estão ganhando. Isso pois os lucros dos traders são pagos pela pool e seus prejuízos pagos a ela. Atualmente, o token GLP está fornecendo 32,18% de Real Yield. Essa rentabilidade representa 70% do valor das taxas arrecadadas pelo protocolo.
Além do GLP, temos o token GMX, que reflete a rentabilidade dos 30% restantes do valor das taxas arrecadadas. Para que os investidores alcancem a taxa, eles devem fazer o staking do mesmo na própria plataforma da GMX. Atualmente, o token GMX está gerando 13,5% de Real Yield.
Em números absolutos, segundo o Token Terminal, a GMX gerou de receita, em média, US$ 2,97 milhões por mês nos últimos seis meses de 2022, o que a coloca como a quarta aplicação que mais gerou receita, atrás apenas da OpenSea, dYdX e da PancakeSwap.
Receita mensal gerada pela GMX
Fonte: Token Terminal
Apesar dos protocolos de Real Yield serem relativamente novos e ainda não estarem consolidados, além de abrangerem alguns riscos extras, é útil acompanhar como será a evolução desse setor, que vem ganhando cada vez mais tração conforme os investidores entenderem suas propostas de valor. Além disso, a percepção dos investidores em relação a importância da descentralização e auto-custódia, principalmente após os recentes eventos envolvendo a FTX, contribuem também para seus crescimentos. Além da GMX, outros protocolos interessantes com propostas de Real Yield semelhantes são o Synthetix (SNX), o Gains Network (GNS) e a dYdX. Será interessante acompanhar o desenvolvimento desse setor a médio e longo prazo.
Calmaria maior que o normal
O indicador Fear & Greed index, que mensura o sentimento de mercado em relação ao momento atual, está em 31 pontos, representado pelo sentimento de “medo”. O indicador vem se estabilizando entre 25 e 31 pontos desde a sinalização de recuperação do mercado após o colapso da FTX. Esse é o valor mais positivo do indicador desde o início de 2023.
As últimas semanas foram uma das menos voláteis da história do Bitcoin, movimento que se encerrou nesta quarta-feira dia 11 de janeiro com uma leve alta dos preços. Podemos observar no gráfico a seguir que essa baixa volatilidade vinha dialogando com o volume total de transferência do ativo (em dólares), que está em níveis mínimos, atingindo os níveis antes vistos ainda em 2020, em cerca de US$ 5,9 bilhões por dia.
Fonte: Glassnode
Adicionalmente, ao aprofundarmos essa métrica e direcionarmos a avaliação às diferentes faixas de valores de transações, observamos que uma grande parte desse impacto se deve a fatia de transações de mais de US$ 10 milhões, classificadas como de grande porte. Essa faixa chegou a ser responsável por 42,8% do total de volume de transferências antes do colapso da FTX e, nesse momento, representa cerca de 19% do total, sugerindo uma calmaria significativa nos fluxos de capital de nível institucional e, possivelmente, um abalo de confiança nesse grupo desde o evento que impactou fortemente o mercado em novembro do ano passado.
Fonte: Glassnode
Essa atividade tranquila também se estende a rede Ethereum, que está com as menores taxas de gás do ciclo. O preço médio do gás desde setembro variou entre 16 e 23 Gwei, níveis vistos pela última vez durante a consolidação de junho a julho de 2021 e em maio de 2020, logo após o pânico do mercado COVID.
Fonte: Glassnode
Recomendações de leituras:
“Dapp Industry Report 2022” - DappRadar
“2022 The Year On-chain” - Glassnode
“Evaluating Ethereum L2 Scaling Solutions: A Comparison Framework” - Alex Gluchowski
“Três tendências na web3” - Felipe Ribbe
“Tudo sobre Genesis e DGC” - @castacrypto
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 19.286,00 / 7D %: +14,50%
ETH - US$ 1.418,00 / 7D %: +11,99%
USD - 5,09 BRL / 7D %: -2,50%
Cotação atualizada em: 13/01/2023 as 15:30
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