A mente por trás da Chainlink: Conheça mais sobre o Sergey Nazarov
Edição #242 - Fechamento semanal - 01 de abril de 2023
Desde a sua criação em 2017, a Chainlink tem sido um dos projetos mais falados e inovadores do universo cripto. Com uma tecnologia que permite a conexão segura entre dados e contratos inteligentes, o protocolo está transformando a maneira como as informações são acessadas e utilizadas, catalisando o movimento de adoção cripto. Um dos responsáveis por isso é Sergey Nazarov, um dos fundadores da empresa, que tem sido fundamental no desenvolvimento da tecnologia da Chainlink, na liderança da equipe por trás do projeto e, sobretudo, na construção de uma ponte que conecta a economia do mundo real com a Web3.
Nesta edição, vamos conversar com Sergey sobre as soluções que seu protocolo oferece e as perspectivas futuras para o projeto e para a indústria cripto. Então, continue na leitura e conheça mais sobre a mente por trás da Chainlink.
MORNING JOG (MJ) : A Chainlink conquistou seu espaço na indústria através do uso de oracles (oráculos). Este conceito, no entanto, não é simples para a população geral. O que as pessoas precisam entender sobre essa ferramenta e como ela estimula a adoção da web3 ?
Sergey Nazarov (SN): O que eu acho que as pessoas precisam entender sobre oracles é que eles são uma forma de criar uma verdade confiável, ou seja, uma verdade criptograficamente garantida. O consenso alcançado pelas redes descentralizadas é uma forma de alcançar uma verdade verificável e esse é o valor que nós oferecemos.
Por exemplo, a mesma demanda do consumidor que popularizou os serviços de mensagens criptografadas acabará por levar à adoção generalizada de serviços financeiros criptograficamente garantidos.
A perda de confiança nos sistemas de mensagens é a mesma coisa que vai acontecer com todo o valor do mundo e com todos os relacionamentos digitais. É algo que vai voltar à tona, como aconteceu na crise financeira de 2008 .
A diferença hoje é que a infraestrutura de confiança necessária para construir um sistema financeiro criptograficamente garantido já existe.
O advento de redes oracle descentralizadas é comparável a proliferação de serviços de computação em nuvem usados para compor aplicativos Web2 como o Uber.
Os serviços da Web3, como as redes oracles, são um ponto crítico para que a Web3 chegue ao mainstream. Assim como o Web2 cresceu de fragmentos, se unindo para criar uma enorme variedade de ferramentas que se comunicam entre si hoje, a Web3 espelhará o mesmo padrão. E esse processo começou e será a próxima grande fase do desenvolvimento do ecossistema. (Chainlink Today; Nasdaq)
MJ: O conceito de “garantia criptográfica” norteia a maioria de seus discursos, como ele pode ser entendido na prática ?
SN: Acredito que o ecossistema de criptomoedas ainda está conectado à especulação e tokens. Acho que a parte criptograficamente garantida das blockchains ainda não está clara para muitas pessoas.
A garantia criptográfica se difere de contratos e acordos baseados em pessoas e instituições que apresentam o cumprimento de suas cláusulas atrelado a questões subjetivas. Os acordos criptograficamente garantidos são cumpridos pela matemática, eles reduzem a possibilidade de erros ou fraudes.
Essas garantias permitem um mundo onde, por exemplo, as seguradoras não podem deixar de cumprir suas obrigações devido a questões de solvência. Todas as relações contratuais são matematicamente garantidas. A matemática tem promessas mais fortes do que o papel. As coisas não precisam acontecer porque alguém prometeu a você. Eles têm que acontecer porque é assim que o sistema funciona e os forçou a acontecer.
Nossa indústria está criando uma maneira alternativa para resolver problemas de confiança que foram criados pelas inseguranças da indústria tradicional. (Nasdaq; CryptoTvPlus)
MJ: Como os participantes do ecossistema Chainlink são incentivados a contribuir com essas garantias? Como eles fornecem serviços de oracle confiáveis e desincentivam a desinformação?
SN: A Chainlink é impulsionada por incentivos implícitos e explícitos. Incentivos implícitos também são vistos em redes existentes, como o Bitcoin. Lá, os mineradores da rede mantêm coletivamente a segurança do protocolo, pois têm um forte incentivo econômico para manter o valor de seu equipamento de mineração especializado e sua receita futura denominada em bitcoin.
Qualquer atividade maliciosa levaria a uma desvalorização de suas participações e perda de receita futura, que é como a rede Bitcoin opera sem problemas há mais de uma década. A Chainlink aproveita incentivos econômicos semelhantes para garantir que dados precisos e confiáveis sejam disponibilizados para contratos inteligentes em várias redes blockchain. Com relação aos incentivos explícitos, o Chainlink 2.0 introduziu um modelo explícito de staking que aumenta significativamente a segurança da rede por meio de punição e recompensa. (CoinDesk)
MJ: No que tange as inseguranças da indústria tradicional, qual a sua visão sobre o caso da FTX, por se tratar de uma corretora cripto, interfere no desenvolvimento deste setor ?
SN: As consequências do colapso da FTX são uma bênção e não uma maldição. Acredito que quanto maiores as falhas das finanças tradicionais, mais interesse existirá em soluções diferentes.
Se o sistema financeiro global perder ainda mais credibilidade, a tese cripto como um sistema financeiro alternativo ganha força.
O colapso da FTX decorre da mesma falta de transparência que tem atormentado as finanças tradicionais ao longo da história. E nesse quesito a blockchain não é o problema, mas a solução.
Acredito também que o caso da FTX dá erroneamente às pessoas a sensação de que a tecnologia não está pronta. A tecnologia, em muitos aspectos, é dez a cem vezes melhor do que a que você tem no sistema financeiro tradicional, e é por isso que o sistema financeiro tradicional está adotando-a rapidamente.
Então, o que acontecerá após esse colapso da FTX é que todos os players adotarão o Proof of Reserve e, quando as pessoas olharem para a indústria de blockchain, verão um sistema financeiro alternativo mais transparente e mais sólido. Dessa forma, esses problemas do mercado tradicional basicamente criam o solo, o ambiente no qual as melhorias são feitas. (CNBC)
MJ: Nesse sentido, estamos prestes a assistir o domínio da Web3?
SN: Com certeza. Veja bem, é o mesmo princípio que rege as finanças descentralizadas. Se eu não quero que um banco controle as minhas finanças, por quê ia querer que as corporações cuidem dos meus dados? Não faz sentido, quando existe uma opção segura e garantida de se relacionar online. Aos poucos, os usuários vão perceber a maior transparência e confiabilidade dos produtos da Web3. Com a Web3 já é possível implementar garantias criptográficas em diversas aplicações. E, no futuro, será possível criar um metaverso integrado em diversas plataformas, usando essas mesmas garantias. (Época Negócios)
MJ: Em algumas entrevistas você disse que quer revolucionar a maneira como nos relacionamos com o mundo digital. De que maneira pretende fazer isso?
SN: Eu quero ajudar as pessoas a fazerem a transição para um mundo alimentado por certezas que vêm da criptografia, da matemática, dos códigos, e não de empresas ou instituições que se consideram donas da verdade. Essa é a essência do que chamamos de DeFi ou finanças descentralizadas. Isso vai acontecer por meio de três pilares principais: redes de oracles, blockchain e chaves privadas. Os oracles traduzem os dados do mundo real e os validam, gerando as verdades garantidas criptograficamente.
A blockchain armazena esses dados, garante o acesso seguro a eles e permite a realização de contratos inteligentes, sem nenhum risco de fraudes. E, por fim, as chaves privadas dão às pessoas e às instituições controle direto sobre os acordos dos quais querem participar. A combinação de oracles, blockchains, chaves privadas e contratos inteligentes criará uma economia e uma sociedade à prova de fraudes. Ainda estamos no estágio inicial dessa transição, mas vamos chegar lá.
O objetivo da Chainlink é construir um mundo alimentado pela verdade, fazendo a transição de todos os aplicativos do mundo para um estado de confiança integral. Sinto que nossa rede cria a infraestrutura que permitirá que essa transição aconteça, junto com outras infraestruturas importantes de nossa indústria, como Ethereum, várias outras cadeias e assim por diante. (Bankless; Época Negócios)
MJ: No que tange aos negócios, o ano 2022 foi um ano de crescimento sem precedentes, o ecossistema Chainlink permitiu mais de US$ 6,9 trilhões em transações. O que explica esse crescimento?
SN: Isso ocorre porque o Chainlink está ativa em muitas cadeias diferentes, em muitos protocolos diferentes e apresenta muitos casos de uso diferentes.
Outro marco foi o lançamento do Chainlink Economics 2.0, uma nova estrutura para continuar a escalar nossa rede, que compreende vários produtos importantes, como o Chainlink BUILD e Chainlink SCALE, juntamente com um modelo de staking que viabiliza o controle e segurança dos nossos oracles. (DayliCoin; Real Vision Crypto)
MJ: No começo de março, a Chainlink anunciou o lançamento beta de uma nova plataforma de desenvolvimento Web3 sem servidor, a Chainlink Functions, que permite aos desenvolvedores criarem aplicativos que podem integrar a aplicações da Web2, como Amazon Web Services (AWS), Meta e Google Cloud, sem a necessidade de construir ou gerenciar infraestrutura adicional. Você pode nos dar mais detalhes sobre esse serviço?
SN: O que a Chainlink Functions faz é expandir o escopo do nosso protocolo. Ela amplia a abertura através da qual vários serviços e sistemas podem chegar aos aplicativos web.
Como essa aplicação, você pode acessar qualquer infraestrutura Web2, de forma segura e confiável para fazer uma aplicação Web3 interagir com a infraestrutura existente de redes sociais, sistemas de IA e qualquer número de outros sistemas. Pessoalmente, estou muito animado para ver como as pessoas podem configurar toda essa ampla gama de infraestrutura e ferramentas nos Ubers e Netflixes da indústria web3. (Chainlink Today)
MJ: O que mais te entusiasma sobre o futuro do mercado? Quais são os principais desafios da Chainlink ?
SN: O que mais me entusiasma é mudar fundamentalmente a maneira como o mundo funciona para melhorar a sociedade de duas maneiras principais.
Em primeiro lugar, os altos e baixos que vemos nos mercados financeiros são baseados em assimetrias de informação que beneficiam os poucos que podem explorá-los. Muitas vezes, o resto da sociedade é deixado para pagar a conta. Isso não está certo e tem que mudar.
Em segundo lugar, milhões de usuários em mercados emergentes ainda carecem de acordos econômicos básicos sobre contas bancárias, seguros, comércio global e muitos outros sistemas de contrato que os usuários em mercados desenvolvidos geralmente consideram como garantidos. Este é talvez o objetivo mais valioso em toda a teoria do contrato.
Além disso, imagino ver mais e mais aplicativos começando a tornar-se hiperconectado entre as cadeias, começando a se tornar composto de várias partes em diferentes cadeias, em parte com a ajuda do CCIP (Cross-Chain Interoperability Protocol).
Os desafios técnicos e econômicos únicos que a indústria da blockchain apresentou no ano passado serviram apenas para fortalecer a Chainlink. Não apenas resistimos aos vários desafios e continuamos a operar como esperado, mas reforçamos a necessidade de sua infraestrutura de confiança, com o Proof of Reserve como o novo padrão mínimo de segurança e transparência em DeFi, bem como as finanças tradicionais.
Acredito muito que a demanda por verdade criptográfica e garantias criptográficas em geral estão maiores do que nunca. O Proof of Reserve, por exemplo, será o novo padrão mínimo de segurança e transparência em DeFi como bem como as finanças tradicionais (Chainlink Today; CoinDesk)
MJ: Ainda sobre sua visão de futuro, o que você tem a dizer sobre a euforia e a sinergia entre inteligência artificial (IA) e blockchain ? A Chainlink está desenvolvendo algo neste sentido?
SN: Blockchains e IA têm muitos pontos de interseção que podem aprimorar ambas as tecnologias. Ainda é um palpite sobre a rapidez com que cada um alcançará uma adoção mais ampla e de que forma todos interagirão.
Se a demanda do mercado unir esses campos, a necessidade de oracles só aumentará. Todos esses ambientes têm recursos e requisitos muito diferentes (privacidade, taxa de transferência, dados, etc). Isso abre possibilidades interessantes de integração com os serviços da Chainlink. (@SergeyNazarov)
MJ: E pra finalizar, não poderíamos deixar de perguntar quem é Satoshi Nakamoto. Existem algumas pessoas que sugerem que essa pessoa é você. Então, é você ? (Curiosidade)
SN: Não sei quem é, mas se tivesse que adivinhar, provavelmente é um grupo de pessoas.
Esse tipo de foco em quem é ou não Satoshi não deveria, na minha opinião, importar tanto porque, independentemente de quem seja, isso não deveria ter nenhum efeito significativo ou influência sobre o funcionamento ou o valor ou o uso ou a segurança do bitcoin. (Lex Fridman)
Resumo das principais notícias da semana
Em mais uma semana de avanços do mercado brasileiro na web3, a Prefeitura de São Paulo anunciou que investirá R$ 10,1 milhões para organizar a Virada Cultural no metaverso, a blockchain foi pauta de discussão do South Summit Brasil, como uma tecnologia catalisadora dos lucros nas negociações de grãos e o clube Vasco da Gama, anunciou que irá lançar NFTs vinculados aos ingressos e camisas usadas pelos jogadores. Outros destaques da semanais foram:
A Nasdaq anunciou planos para custodiar criptoativos;
A Coinbase apresentou planos para lançar uma stablecoin indexada a inflação americana;
A Disney encerrou a área dedicada ao metaverso;
O processo da Binance nos EUA deve afetar planos no Brasil;
O banco Citi afirmou que ativos tokenizados podem atingir US$ 4 trilhões até 2030;
O Bitcoin superou a Visa, a Meta e o JPMorgan em valor de mercado após valorização;
A Rede Globo distribuirá NFTs da novela “Todas as Flores” para espectadores;
A Polygon zkEVM lançou a versão beta de sua mainnet;
A Microstrategy adicionou mais 6,5 mil BTC ao seu balanço;
A Alibaba Cloud disse que fará um laboratório de blockchain para desenvolvedores de jogos no Japão;
A justiça norte-americana suspendeu a venda da Voyager Digital para a Binance.US;
O Burger King anunciou que suas unidades em Paris vão passar a aceitar pagamentos em bitcoin.
Sentimento de escassez pode contribuir com o preço do Bitcoin
Os dados mais recentes da Glassnode sugerem que a quantidade de oferta de BTC disponível, que não sai de uma carteira há dois anos ou mais, está agora em níveis recordes.
Mais de 52,5% de todo o BTC minerado permanece inativo desde março de 2021, com os proprietários não vendendo ou transferindo durante o mercado de baixa.
Gráfico 1: BTC Percent Supply Last Active 2 + Years
Fonte: Glassnode
Os números de endereço também estão apresentando crescimento contínuo, com o número de carteiras contendo 0,1 BTC ou mais estabelecendo novos recordes .
Da mesma forma, as carteiras com saldo diferente de zero estão mais abundantes do que nunca, com 45,38 milhões nesta semana.
Gráfico 2: BTC Number of Non-Zero Addresses
Fonte: Glassnode
Estes números alimentam uma narrativa existente sobre o que acontecerá com o preço do BTC durante a próxima onda de interesse do consumidor mainstream.
Já em relação às corretoras, o saldo geral do BTC mantido pelas principais corretoras permanece próximo ao nível mais baixo em cinco anos.
Com grande parte da oferta sem movimentação, qualquer corrida pelo BTC pode desencadear a percepção de escassez.
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Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 28.340,00 / 7D %: +0,26%
ETH - US$ 1.823,00 / 7D %: +1,71%
USD - 5,07 BRL / 7D %: -2,10%
Cotação atualizada em: 31/03/2023 as 16:15
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