As ideias revolucionárias de Vitalik Buterin: Como ele vem mudando o futuro da internet
Edição #224 - Fechamento semanal - 11 de março de 2023
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A segunda semana de março chegou ao fim e o destaque foi o banco Silvergate, que por conta do aumento das pressões regulatórias anunciou sua "liquidação voluntária” e o encerramento de suas operações. Ele é um dos principais parceiros de muitas empresas de criptomoedas no mundo que precisam converter entre moeda fiduciária e cripto. Já em território brasileiro, o destaque também foi em prol da regulação do setor. O Banco Central (BC) definiu a Hyperledger Besu para o piloto do real digital, uma plataforma de criação de blockchains privadas compatível com EVM. Por sua vez, a CVM sinalizou que não pretende regular serviços de staking e renda passiva com criptomoedas em território nacional. Outros destaques da semana foram:
A Amazon deve lançar marketplace de NFTs em abril;
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) anunciou a criação de um curso de blockchain com foco em DeFi;
O primeiro rollup do Bitcoin foi desenvolvido através do protocolo Ordinals;
A Binance US foi autorizada pelo juiz a adquirir os ativos da Voyager Digital em um negócio de mais de US$ 1,3 bilhão;
A Uniswap anunciou seu aplicativo mobile;
A agência de viagens Decolar passou a aceitar pagamentos em criptomoedas em parceria com a Binance;
A Magalu vai oferecer bitcoin e outras criptomoedas em parceria com o Mercado Bitcoin;
O sistema SWIFT comunicou que seus primeiros testes com CBDCs foram bem-sucedidos;
A Alemanha definiu que NFTs não são securities;
O Banco Central dos Estados Unidos (FED) anunciou que está reunindo uma “equipe de especialistas” para ajudá-lo a supervisionar o setor cripto;
A Binance tentou contratar Gary Gensler como consultor antes de ele se tornar presidente da SEC;
A Tailândia anunciou que oferecerá incentivos fiscais para empresas que emitirem tokens no país;
A capitalização de mercado da Tether (USDT) atingiu seu nível mais alto desde novembro de 2021;
Snoop Dogg foi revelado como um dos co-fundadores do Shiller;
Vitalik Buterin é uma das figuras mais admiradas e queridas no universo cripto, graças a seu nível técnico, sua personalidade amigável e seu entusiasmo contagiante por produtos inovadores que podem mudar o mundo. Ele co-fundou a Ethereum, a blockchain programável mais robusta da atualidade, que vem revolucionando diversos conceitos nos setores de finanças, governança, jogos, arte digital entre outros. A criptomoeda nativa da rede Ethereum, o Ether (ETH), também vem deixando sua marca, sendo a segunda mais valiosa em termos de capitalização de mercado.
Nesta edição, lançamos o Morning Jog entrevista, uma seção especial da nossa newsletter que entrevistamos as principais mentes da Web3. Vitalik, aqui, conta sobre como foi o início de tudo, os impactos sociais da tecnologia, os ciclos do mercado cripto, o setor DeFi, seus planos futuros e muito mais. Então, sem mais delongas, vamos mergulhar no fascinante mundo cripto com Vitalik Buterin.
Vitalik, você pode falar um pouco sobre como foi o começo de tudo isso? Como você se envolveu com o bitcoin e com a tecnologia blockchain?
Vitalik Buterin:
A primeira vez que eu ouvi sobre bitcoin foi pelo meu pai, em 2011. Ele me contou sobre essa moeda totalmente descentralizada que não é apoiada por um governo ou controlada por alguém. Inicialmente, eu a rejeitei. Não consegui entender como algo que não tem nenhum respaldo no mundo real pode ter algum valor. Então, cerca de um mês depois, acabei ouvindo falar novamente dela pela internet. Dessa vez, fiz um esforço a mais. Comecei a ler fóruns de bitcoin e materiais técnicos, procurando entender como aquilo funcionava e com o que a comunidade se preocupava.
Após isso, eu me dei a tarefa de ganhar alguns bitcoins. Eu não tinha o tipo de hardware necessário para minera-los, nem meu próprio dinheiro para comprá-los. Dessa forma, fiz a única coisa que pude: comecei a procurar serviços de pessoas que estavam dispostas a pagar em bitcoins e acabei encontrando um curador de um blog de bitcoin, que me ofereceu 5 BTC por artigo, que valiam US$ 4 na época. E foi assim que eu inventei um modelo de negócio. Eu publicava apenas o primeiro parágrafo de um artigo no fórum, e caso a comunidade fizesse um crowdfunding de 2,5 BTC e meio me enviassem, eu liberava o restante. Realmente funcionou! Foi nessa época que um cara da Romênia me procurou e me ofereceu o cargo de redator-chefe de sua revista, a Bitcoin Magazine, a qual eu acabei me tornando co-fundador. (Tank Magazine; Wired)
E como foi o momento em que você decidiu desenvolver a Ethereum?
Buterin:
Depois de alguns saltos, acabei em Israel. Uma das vantagens de ser um escritor é que a maioria das pessoas no espaço bitcoin já sabia quem eu era. Eu comecei a trabalhar para um projeto chamado Mastercoin, que estava desenvolvendo cinco tipos diferentes de contratos. A minha vontade lá era pegar outros recursos existentes e torná-los mais aplicáveis, em vez de apenas registrar a diferença entre o tipo de contrato financeiro em questão. Pensei em incluir um argumento e uma fórmula, que representaria o contrato entre duas pessoas.
Mas em algum momento, percebi que isso estava muito além de apenas um contrato entre duas pessoas. Comecei a pensar em contratos entre duas pessoas não apenas como um relacionamento entre elas, mas como objetos, como coisas que têm vida própria.
Escrevi a primeira versão do Whitepaper da Ethereum por volta de novembro de 2013. Ela foi, na verdade, uma proposta para o projeto que eu fazia parte em Israel. Argumentei que o protocolo poderia fazer 50 vezes mais se adicionássemos recursos extras que usam fórmulas matemáticas em vez de recursos que apenas registram a natureza da transação. Enviei este documento diretamente ao fundador da Mastercoin. Ele me agradeceu e disse que minha ideia era interessante, mas que suspeitava que levaria muito tempo até que pudesse realmente chegar lá. Eu disse: “Foda-se, eu posso fazer isso sozinho”. Duas semanas depois, comecei a enviá-lo para amigos. Eles enviaram para seus amigos. Foi assim que os desenvolvedores começaram a entrar. (Tank Magazine)
Você pode nos falar mais sobre qual é a relação do jogo World of Warcraft com a Ethereum?
Buterin:
Eu joguei World of Warcraft entre 2007 e 2010, mas decidi parar depois que a fabricante do jogo, a Blizzard, nerfou os atributos do meu personagem favorito. Eu chorei até dormir. Naquele dia, eu percebi os horrores que os serviços centralizados podem trazer. Esse personagem pelo qual trabalhei tanto não era mais capaz de fazer o que eu estava tão animado por ele ser capaz de fazer. Isso definitivamente me levou a focar na programação.
Acho que não estava pensando nisso em particular quando comecei a desenvolver a Ethereum. Mas estou apenas começando a ter consciência da influência que World of Warcraft pode ter tido em mim muitos anos depois. (Markets Insider; Time)
Ainda sobre os primeiros anos da Ethereum, como foi para você lidar com os diferentes pontos de vista durante seu desenvolvimento?
Buterin:
Eu definitivamente projetei muitos dos meus valores em outras pessoas do espaço cripto porque elas disseram coisas semelhantes às coisas que eu acreditava. Mas não percebi até que ponto as pessoas podem dizer coisas que vibram totalmente com você em uma área, e ter pensamentos completamente diferentes de você em outras.
Eu acreditava profundamente na descentralização como uma espécie de visão holística, querendo que a Ethereum Foundation fosse mais descentralizada possível. O Charles Hoskinson (Co-fundador da Ethereum e atualmente fundador da Cardano), por outro lado, acredita que as empresas devem seguir modelos mais convencionais. E muitas outras pessoas também pensam assim. Elas acabaram seguindo em frente e fundando seus próprios projetos e você pode ver como esses projetos são diferentes da Ethereum de uma forma que reflete seus próprios valores.
Eu definitivamente tenho desejado desde o início que a Ethereum se tornasse algo onde minha influência pudesse diminuir e outras vozes incríveis começaram a crescer e se expressar. E eu realmente acho que nos últimos três anos isso tem acontecido! Em 2015, eu estava basicamente fazendo 80% da "pesquisa" e até mesmo fazendo uma grande parte da codificação Python. Em 2017, eu já estava fazendo muito menos. Em 2020, eu estava fazendo talvez apenas um terço da pesquisa e muito pouca codificação. Mas eu ainda estava fazendo a maior parte da "teorização de alto nível". E nos últimos anos, até mesmo a teorização de alto nível é algo que, lenta mas seguramente, está escapando de mim. Temos muitos outros grandes nomes que têm feito muita liderança de pensamento em relação à escalabilidade das layers 2, MEV e da tecnologia zk, por exemplo.
E tudo isso é uma grande coisa! Não acho que o público tenha percebido isso ainda, mas espero que com o tempo isso aconteça. (Time; Noahpinion)
Gostaríamos de saber sobre como você pensa na questão da desigualdade no mundo e se a Ethereum tem algum papel em combatê-la. Pode nos falar um pouco sobre isso?
Buterin:
Esse é um problema interessante. Eu tenho algumas respostas.
Um dos fatos sobre os quais as pessoas não falam tanto é que dois terços da desigualdade global não está em um país, mas entre países. Se você construir sistemas onde qualquer pessoa, não importa onde esteja no mundo, possa chegar mais perto de ter os mesmos privilégios, o mesmo nível de capacidade de interagir dentro de uma sociedade global, isso já oferece uma maneira de resolver problemas.
No que diz respeito à extração financeira, a coisa importante que nossa comunidade pode fazer é dar às pessoas oportunidades de construir infraestrutura na qual as pessoas possam fornecer alternativas. E construir infraestruturas nas quais as pessoas possam fornecer alternativas de diferentes maneiras. (Tank Magazine)
Atualmente, o mercado DeFi é um dos casos de uso mais dominantes da Ethereum. Você pode nos falar um pouco sobre suas expectativas para esse setor nos próximos anos?
Buterin:
O DeFi está oferecendo algumas alternativas para, agora, não tudo o que Wall Street faz, mas definitivamente para algumas coisas que Wall Street faz. Há a questão de quão sustentável seria se muito mais pessoas começassem a usar o DeFi. Por exemplo, uma das coisas que as pessoas gostam de anunciar são as taxas de juros altas em stablecoins. Se você pegar uma moeda do dólar americano (USDC) e colocá-la em uma dessas plataformas, você pode obter taxas de retorno não só mais altas do que os títulos do governo, como também mais altas do que as obrigações de empresas de grande capitalização ou até mesmo de média capitalização. Esse é um argumento de venda poderoso.
Um ponto que eu acho que o DeFi pode realmente ajudar é voltado à inclusão financeira internacional. E nem sempre estamos falando somente de países pobres, às vezes estamos falando apenas de envios de remessas ou mesmo de pagar funcionários que se mudam dos Estados Unidos para a Ásia ou algo assim. Em geral, a diferença entre finanças e comunicação online é que o e-mail já é incrivelmente global e incrivelmente fácil de usar globalmente. Estou em Cingapura, você está nos Estados Unidos e mesmo que eu estivesse no Quirguistão e você na Guatemala e eu lhe enviasse um e-mail, você receberia esse e-mail em um segundo. Talvez a Agência de Segurança Nacional (NSA) também receba esse e-mail em um segundo, mas para a pessoa comum, o mais importante é que você receba o e-mail em um segundo.
Para finanças, dentro de um país, muitas vezes você tem sistemas muito eficientes, mas internacionalmente, muitas vezes é ineficiente: você tem que lidar com todos esses detalhes bancários personalizados, leva dias e é irritante.
Uma das grandes fraquezas da criptomoeda é a volatilidade de preço. Imagine que você é meu empregado e eu estou te pagando alguns milhares de dólares por mês. Se entre quando eu envio e você recebe ocorrer algum grande ruído do mercado cripto, como um tweet do Elon Musk ou uma proibição da China, os preços podem cair 15%, como também podem subir 15%. Muitas pessoas não querem correr esse risco.
Mas se você pagar às pessoas com stablecoins, esse problema desaparece completamente. Stablecoins são possivelmente a forma mais simples e importante de DeFi. Se você está na Venezuela, Líbano ou em qualquer lugar que esteja sofrendo de hiperinflação agora, então você pode mover seu dinheiro para bitcoin ou éter. Isso seria bom e definitivamente seria menos arriscado do que sua moeda nacional local. Mas você também pode simplesmente movê-lo para uma dessas stablecoins conectadas a dólares americanos.
O melhor de tudo é que além das stablecoins, você pode ter derivativos que espelham praticamente qualquer coisa. Você pode espelhar o S&P 500, pode espelhar ações da Tesla, pode espelhar praticamente qualquer índice que desejar. Se as pessoas quiserem ter acesso a portfólios de investimentos equivalentes ao Primeiro Mundo, essa também é uma opção que existe. Esses são alguns outros exemplos de onde acho que o DeFi pode ser realmente útil. (Harvard)
Quais seus pensamentos a respeito de possíveis “perigos distópicos” das criptos. Você concorda que eles são um risco real?
Buterin:
Eu acho que esses problemas são reais com ou sem cripto. A maneira como eu descreveria a distopia é permitir que governos e corporações sejam autoritários e preguiçosos ao mesmo tempo. No passado, a preguiça era um freio ao autoritarismo. Há uma frase chinesa: "tian gao, Huangdi yuan", que significa "o céu está alto e o imperador está longe".
O potencial da tecnologia digital centralizada para desligar grupos de pessoas que você considera irritantes é definitivamente muito real. Eu acho que as criptomoedas têm um papel muito importante em sua capacidade de ser um sistema sem intermediários. E estar sem intermediários torna mais difícil calar as pessoas silenciosamente.
Mas, ao mesmo tempo, a própria criptografia tem muito potencial distópico se implementada de maneira errada. Um dos grandes riscos é a falta de privacidade, se chegarmos por exemplo a um ponto em que uma pessoa que usa criptomoedas como forma de preservar sua privacidade se torna automaticamente suspeita.
Há obviamente alguns outros riscos. "E se DAOs começarem revoluções políticas?" é uma ideia que algumas pessoas trazem. Uma vez que coisas assim acontecem, definitivamente pode ficar muito arriscado. E também coisas muito mais chatas e comuns: golpes, hacks e ransomware. Estamos definitivamente preocupados com esse tipo de coisa. Minha opinião geral é que podemos fazer muito para reduzir o que é ruim e ampliar o que é bom. Às vezes, amplificar o que é bom pode até expulsar o que é ruim.
Em geral, minha opinião é que as novas tecnologias sempre introduzem a possibilidade de as pessoas fazerem coisas boas e ruins. Às vezes, você só precisa criar novas tecnologias para compensar outras tecnologias existentes. Se a descentralização e a criptografia não existissem, o único tipo de tecnologia que evoluiria no século 21 seria a tecnologia de vigilância centralizada. Isso realmente criaria um mundo muito, muito desequilibrado em uma direção específica. (Harvard)
Analisando os ciclos do mercado cripto, podemos observar que a cada novo ciclo de alta o boom de crescimento é proporcionalmente menor em relação ao anterior. Isso parece ter relação com a curva de adoção: à medida que mais pessoas possuem criptomoedas, os ganhos financeiros com a integração de novos usuários ficam cada vez menos intensos. Você acredita que no momento que essa curva de adoção ficar mais saturada, os níveis de retorno dos ciclos seguintes podem cair para algo parecido com o mercado de ações ou do ouro, por exemplo?
Buterin:
Eu definitivamente acho que no médio prazo as criptomoedas se estabilizarão e serão tão voláteis quanto o ouro ou o mercado de ações. A questão principal é exatamente em que nível os preços se estabelecerão. Na minha opinião, muito da volatilidade no início tinha a ver com a incerteza existencial: em 2011, quando o Bitcoin caiu de US$ 31 para US$ 2 em seis meses, as pessoas realmente não sabiam se o Bitcoin era ou não apenas uma moda passageira que entraria em colapso. Em 2014, essa incerteza era menor do que antes, mas ainda existia. Em 2017, a incerteza mudou para saber se ele ganharia ou não os níveis de legitimidade mainstream necessários para suportar um nível de preço mais alto, que ainda é aproximadamente onde estamos agora. Com o tempo, essas questões existenciais vão se tornando cada vez mais resolvidas. Se, em 2040, as criptomoedas abrirem caminho de forma robusta em alguns nichos, como substituir o componente de reserva de valor do ouro, tornar-se uma espécie de "Linux das finanças", ou uma camada financeira alternativa sempre disponível que acaba sendo o back-end mas não substituem o mainstream, então a chance de desaparecer ou dominar o mundo completamente em 2042 será muito menor e eventos individuais terão muito menos influência sobre essa possibilidade.
A maneira matemática nerd de colocar isso seria: o preço da criptomoeda está preso em uma faixa limitada (entre zero e toda a riqueza do mundo) e a criptografia só pode permanecer altamente volátil dentro dessa faixa por tanto tempo até comprar repetidamente na alta e vender na baixa torna-se uma estratégia de arbitragem vencedora matematicamente quase garantida. (Noahpinion)
Agora vamos falar um pouco sobre o cenário atual. Estamos em um período de baixa, com quedas de preços significativas desde as máximas históricas no final de 2021. Qual sua visão sobre isso? Todos esses casos recentes que ocorreram no mercado, terão algum efeito no ecossistema cripto/blockchain a longo prazo?
Buterin:
Na verdade, fiquei surpreso que a queda não tenha vindo antes. Normalmente, as bolhas cripto duram cerca de 6 a 9 meses após ultrapassar o topo do ciclo anterior, sucedidas por uma rápida queda. Desta vez, o mercado de alta durou quase um ano e meio. As pessoas pareciam ter se ajustado à mentalidade de que os preços inflados eram o novo normal. O tempo todo eu sabia que eventualmente teríamos uma queda, mas eu simplesmente não sabia quando. Hoje, parece que as pessoas estão lendo demais sobre o que é, em última análise, a dinâmica cíclica que o mercado cripto sempre teve e provavelmente continuará a ter por muito tempo. Quando os preços estão subindo, muitas pessoas dizem que é o novo paradigma e o futuro, e quando os preços estão caindo, as pessoas dizem que está condenado e fundamentalmente falho. A realidade é sempre uma imagem mais complicada em algum lugar entre os dois extremos.
Eu acho que as quedas de preços são boas para revelar os problemas que sempre existiram desde o início. Modelos de negócios insustentáveis tendem a ter sucesso durante os booms, porque tudo está subindo, então o dinheiro que as pessoas têm à sua disposição está subindo e as coisas podem ser sustentadas temporariamente por um influxo constante de novos dólares. Durante as falhas, como vimos com o ecossistema Terra LUNA, esse modelo não funciona mais. Isso é mais verdadeiro em situações extremas como alta alavancagem e ponzis, mas também é verdade em casos mais sutis, como por exemplo sustentar o desenvolvimento de um protocolo durante o mercado de alta, mas quando o mercado cai, as equipes recém-expandidas têm dificuldade de se manter financeiramente. Não pretendo ter uma cura para essas dinâmicas, exceto meu conselho usual de que as pessoas devem se lembrar da história e ter uma visão de longo prazo das coisas. (Noahpinion)
E por fim, gostaríamos de saber de você: O que pretende fazer depois que todas as etapas do roadmap da Ethereum forem finalizadas e você julgar sua estrutura como completa?
Buterin:
Nesse cenário, ainda haverá a necessidade de manutenção em alguns pontos. Mas além disso, há projetos nos quais eu estaria interessado em trabalhar. Há problemas interessantes que eu gostaria de atacar, por exemplo, existe o fenômeno que considero ser a guerra de informação moderna. Se você apenas olhar para o que aconteceu no último turno das eleições, verá atores muito poderosos, engajados nessas guerras de propaganda nas redes sociais. Muitas vezes nem parece, mas são atores com muito dinheiro manipulando todos por toda parte.
Dependemos da mídia por vários motivos. Uma é nos dizer quais são os fatos e a outra é nos dizer como nos sentirmos sobre quais são os fatos. A menos que você tenha ideias preconcebidas muito fortes sobre quais princípios são mais importantes, há uma chance de você se inclinar a apoiar aquilo que parece mais socialmente dominante. Se parece que os comentários de um lado são cinco vezes mais fortes e estão recebendo todos os votos positivos, e todos os comentários do outro lado recebem respostas como: “Como você pôde? Você é tão mau por acreditar nisso”. Você estará inclinado a apoiar comentários que são mais dominantes.
O problema é que a percepção não é a realidade. Todos esses sistemas de crenças estão sendo manipulados por muitas pessoas que têm muito, muito dinheiro. Na minha opinião, esta é potencialmente a próxima fronteira para a guerra. Não há muito sentido em oprimir as pessoas com armas, porque é mais barato apenas enganá-las.
O outro problema é que é impossível criar normas ou tratados contra isso, justamente por ser invisível. Eu ou pessoas no tipo de espaço em que estou envolvido, podemos fazer algo sobre isso. Esse problema pede soluções que vêm do campo do pensamento criptoeconômico. Esta é a diferença entre pessoas como eu e Mark Zuckerberg. Vivo em um mundo onde presumo que posso ser um adversário em potencial do sistema. (Tank Magazine)
Fear & Greed index
O indicador Fear & Greed index, que mensura o sentimento de mercado em relação ao momento atual, está em 34 pontos, representado pelo sentimento de “medo”. O indicador apresentou uma piora nos últimos dias com a queda de preços. Em fevereiro, ele chegou a atingir os 62 pontos, nível mais alto desde novembro de 2021.
O aperto regulatório e a BUSD
O aumento das pressões regulatórias pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) vem causando diversos impactos no setor cripto. Cabe destacar o setor de stablecoins e o caso da BUSD, stablecoin da Binance/Paxos. Houve um impedimento partindo do órgão regulador em relação a novas emissões da moeda, que ocasionou um forte impacto em sua dominância perante o setor. O marketshare do ativo, que chegou a representar 16,3% de todas as stablecoins no último mês de dezembro, agora corresponde a cerca de apenas 6,55%.
Fonte: Defillama
Silvergate e a queda do mercado
Como resposta ao caso Silvergate que veio à tona nesta semana, o preço do bitcoin caiu aproximadamente 10%. Esse efeito implicou no maior nível de liquidações forçadas de Long (posição que aposta em uma subida do mercado) desde novembro do ano passado, momentos após o colapso da FTX.
Fonte: Glassnode
O movimento acabou implicando em uma diminuição do nível de alavancagem dos investidores para os menores níveis no último ano, se levarmos em conta os dados das principais corretoras do mundo.
Fonte: Coinglass
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“O que falta para a Web3 ganhar o primeiro bilhão de usuários?” - Next Web
“Composability is Innovation” - a16z
“7 Essential Ingredients of a Metaverse” - a16z
“Alerta Silvergate” - @castacrypto
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 19.934,00 / 7D %: -10,79%
ETH - US$ 1.409,00 / 7D %: -9,80%
USD - 5,21 BRL / 7D %: +0,22%
Cotação atualizada em: 10/03/2023 as 15:45
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