Um dos momentos mais marcantes da história do mercado cripto acabou de completar um ano: a quebra da corretora FTX e da Alameda Research, responsáveis por investir em diversos projetos cripto. Dentre os inúmeros impactos que esse evento desencadeou, um dos mais evidentes foi o estrago causado no ecossistema da Solana.
As empresas de Sam Bankman-Fried investiam pesado e possuíam certo controle do que ocorria na blockchain, motivo pelo qual a falência gerou uma quebra de confiança e fuga de capital da rede naquele momento. Nós chegamos a escrever uma edição de fechamento semanal exclusivamente sobre isso, onde mencionamos pontos como o controle e a centralização da Serum, na época o maior protocolo DeFi e o impacto que a quebra gerou nas principais métricas da rede.
Na conclusão daquela edição, mencionamos que a impressão passada após algumas semanas era que nem tudo estava perdido para a Solana. Falamos que a reconstrução do que havia sido destruído levaria algum tempo e que a resiliência dos builders de seu ecossistema era impressionante. Mesmo com o forte impacto eles continuaram buscando implementar melhorias e soluções voltadas aos usuários, pensando no longo prazo.
Desde então, o token SOL já valorizou cerca de 500% (indo de US$ 10 para US$ 50), sendo 88% apenas neste último mês. Isso pode parecer significativo, mas é apenas a ponta do iceberg. Existem diversos componentes que podemos levar em conta para dizer que o ecossistema da Solana evoluiu significativamente em relação ao final de 2022. E é justamente isso que veremos nesta edição.
1- Dapps e ecossistema
Em termos de valor travado (TVL) e volume negociado, a rede ainda não conseguiu voltar a seus níveis pré colapso da FTX, apesar da forte retomada das métricas nas últimas semanas.
Porém, isso parece ser uma questão de tempo. O TVL da rede mais que triplicou desde o início de 2023, retomando um patamar superior a US$ 1 bilhão, como podemos observar no gráfico a seguir.
TVL da Solana
Além da própria valorização do token SOL, o setor de staking líquido foi o que puxou a recente retomada de crescimento. Os cinco maiores protocolos da rede são deste setor ou ao menos integram tokens de staking líquido em seu produto ao os aceitar como colateral para tomada de empréstimos, por exemplo.
Maiores protocolos da rede
Vale mencionar que o crescimento significativo desses protocolos veio em parte pelo cenário desenfreado de caça a airdrops. Projetos como Jito e Marginfi, que cresceram respectivamente 400% e 203% nos últimos 30 dias, ainda não possuem tokens e lançaram recentemente um programas de pontos para ranquear usuários que interagem com suas aplicações.
Isso pode ser considerado como um ponto de questionamento em relação a sustentabilidade desse crescimento, mas como o setor de staking líquido gera mais eficiência de capital, está se desenvolvendo bem em outros ecossistemas e percentualmente ainda tem muita margem para se desenvolver na Solana, pode ser que esses programas estejam apenas acelerado um processo que naturalmente viria a acontecer. A Jito é um case impressionante, tendo saído praticamente do zero e em poucos meses já passou a representar 22% do TVL de toda a rede.
TVL da Jito
Outro setor interessante que vem em ascensão na Solana é o de infraestrutura física descentralizada (DePIN). Ele consiste em protocolos que incentivam usuários a oferecerem serviços de infraestrutura física, como, por exemplo, processamento de hardware, armazenamento de dados, transmissor de sinal Wi-Fi, carregamento de veículos elétricos, entre diversos outros. Os destaques do setor incluem a Helium e a Hivemapper. A Render é outro protocolo do setor que também cogita migrar para a Solana.
Somado a isso, o aquecimento do mercado pode fazer com que outros setores propícios a se desenvolverem em uma blockchain como a Solana amadureçam. Sua arquitetura de alto TPS (transações por segundo) beneficia setores como o de jogos, NFTs, soluções de pagamentos e operações de derivativos. A seguir, podemos visualizar os principais setores que compõem o ecossistema da Solana e quais as aplicações em destaque de cada um deles.
Ecossistema da Solana
2- Infraestrutura: tecnologia, aceitação e atualizações
Já em termos de infraestrutura, é onde podemos afirmar que houve o maior progresso. O ano de 2023 foi determinante para o futuro do projeto como um todo e exigiu a capacidade da Solana Foundation e da Solana Labs em resolver as adversidades.
Apesar do colapso da FTX ter sido o fundo do poço para o ativo, o mesmo já vinha sofrendo com problemas em sua infraestrutura durante todo o ano de 2022. Sua proposta ambiciosa de resolver o problema de escalabilidade entregando um produto de alta performance acabou resultando em graves e recorrentes travamentos da rede desde seu lançamento, como podemos observar no gráfico a seguir.
Série histórica de falhas na rede Solana
Também é interessante notar que o último problema ocorreu em fevereiro deste ano, tornando o momento atual o segundo maior período de tempo que a rede já ficou sem travar. Isso facilita o desenvolvimento de aplicações e a retenção dos usuários e só ocorre devido a diversas melhorias técnicas implementadas ainda no ano passado. Dentre elas, podemos mencionar a QUIC, QoS, e fee markets, voltadas a organizar melhor as transações, evitar bugs e ataques spam.
Somada a essa base, sua tecnologia também passou a ser mais aceita. O maior destaque foi a parceria feita com a Visa para a utilização da rede no processamento de pagamentos internacionais em USDC para empresas e, também, a existência de outros projetos utilizando sua máquina virtual. A Eclipse, um provedor de rollup que vai lançar sua própria rede de segunda camada na Ethereum, utilizará a Solana Virtual Machine (SVM) ao invés da Ethereum Virtual Machine (EVM).
E, por fim, a Solana nunca deixou de ser bem ativa em programas de incentivo e de desenvolvimento de sua comunidade de devs e projetos. Apenas nos últimos dois meses, a Solana anunciou sua própria incubadora de startups, organizou o hackathon Hyperdrive com US$ 1 milhão em prêmios e realizou seu evento anual, o Solana Break Point, o qual o time da viden.vc esteve presente. No evento, a Solana Foundation ainda anunciou que o Brasil receberá investimentos e que o país é um dos focos deles.
O futuro é promissor
A crise de confiança alimentada durante 2022 vem diminuindo significativamente. Apesar do ecossistema ainda não estar muito aquecido, sua evolução tanto em métricas quanto em desenvolvimento de produto em 2023 são claras.
Além disso, iniciativas como as que vêm sendo realizadas pela Solana nos levam a crer na possibilidade de que o futuro da blockchain e do seu ecossistema sejam repletos de boas soluções com diferenciais competitivos, capazes de atrair grandes quantidades de usuários, gerar receita e também de ocasionar em uma consolidação da blockchain no longo prazo.
As dez notícias mais importantes da semana
A Blackrock registrou um ETF spot de Ethereum no estado de Delaware, nos Estados Unidos. O registro não significa que o ETF já foi aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), o órgão regulador do mercado financeiro americano;
A Binance anunciou a listagem do Ordinals (ORDI) em sua corretora, projeto que permite criar NFTs na blockchain do Bitcoin;
A comunidade da Arbitrum aprovou uma votação inicial para ativar o mecanismo de staking da rede e subsidiar as recompensas através de tokens ARB do tesouro da Arbitrum DAO;
A Polygon Labs e a Near Foundation se juntaram para trazer uma solução de zero-knowledge (zk) para blockchains com a linguagem de programação WebAssembly (WASM);
A Near Foundation anunciou a Near DA, nova solução de Data Availability para rollups da Ethereum;
A Lido Finance votou pela aprovação de uma proposta para incorporar a Tecnologia de Validador Distribuído (DVT) da Rede Obol;
As coleções de NFTs da Nike RTFKT geraram quase US$ 1,4 bilhão em volume negociado e US$ 170 milhões em ganhos para a empresa desde 2021;
O episódio especial de Halloween da série "Os Simpsons", chamado "Treehouse of Horror 34",foi ao ar neste domingo e fez referências à NFTs e à tecnologia blockchain.
Retomada de otimismo dos investidores
O indicador Fear & Greed index, que mensura o sentimento de mercado em relação ao momento atual, está em 70 pontos, representando um sentimento otimista. O indicador voltou a subir no último mês após seguir estabilizado entre os 30 e 50 pontos por alguns meses. Esse é o maior valor do indicador desde o final do bull market passado, em novembro de 2021.
Investidores com cada vez mais lucro
O indicador MVRV (Market Value to Realized Value) é utilizado para visualizarmos se as carteiras dos holders de bitcoin estão com lucros ou prejuízos e em qual intensidade. Ela se recuperou bem nos últimos 12 meses, colocando o investidor de Bitcoin em média novamente em lucro não realizado.
O índice é medido pela capitalização do mercado atual dividido pelo preço médio pago pelos holders e atualmente está em 1,76, indicando um lucro médio não realizado de 76%.
MVRV do Bitcoin
Múltiplo maior que 1: Os holders estão com lucro não realizado.
Múltiplo menor que 1: Os holders estão com prejuízo não realizado.
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“Como maximizar suas chances de receber o airdrop da Scroll” - Morning Jog
“Criamos a melhor planilha do mercado cripto” - Morning Jog
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 37.149,00 / 7D %: +7,99%
ETH - US$ 2,086,00 / 7D %: +16,19%
USD - 4,92 BRL / 7D %: -2,12%
Cotação atualizada em: 10/11/2023 às 17:10
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