Conheça projetos de infraestrutura fora do radar
Edição #338 - Fechamento semanal - 22 de julho de 2023
Todo ciclo cripto, novos tokens e novas narrativas surgem. A tecnologia se desenvolve e novas oportunidades para investidores são apresentadas. Investidores, sejam institucionais ou de varejo, sempre precisam ficar atentos a como o mercado se comporta e para qual direção ele vai. Mas são muitas oportunidades e inúmeros novos protocolos surgindo todos os dias. Por isso, resolvemos dedicar algum tempo estudando novos protocolos e apresentando alguns que ainda estão fora do radar de muitos no mercado.
A depender do setor que ele está alocado e das tendências de mercado que ele pode se beneficiar, podemos encontrar novos protocolos potencialmente interessantes. Dessa forma, traremos em algumas edições de fechamento semanal projetos que realizamos estudos iniciais e que nos chamaram atenção tanto de forma positiva quanto negativa.
Nesta primeira edição, escolhemos três projetos do setor de infra, mais especificamente blockchains de primeira camada alternativas. A popularização da narrativa de um ecossistema cada vez mais multi-chain e modular, somado aos recentes lançamentos de grandes projetos bem capitalizados como Sui e Aptos, reacendeu o ecossistema de blockchains de primeira camada para desta vez, ao invés ter como proposta "matar a Ethereum", de dividir mercado com ela.
Kaspa Network
A Kaspa Network é um projeto que vem chamando a atenção por ter valorizado mais de 14x desde seu lançamento, que ocorreu há pouco mais de um ano, em pleno bear market. Mas quais são as razões que fizeram o protocolo ter aderência do público até agora?
Ela é uma rede de primeira camada que não se intitula como uma blockchain e sim como uma BlockDAG - uma estrutura que permite o processamento de novos blocos de transação em paralelo. Aqui você pode visualizar os blocos de uma BlockDAG se formando.
*Tanto uma blockchain quanto uma DAG são DLTs (distributed ledger technology, ou seja, tecnologias de registro distribuído).
Os primeiros estudos sobre BlockDAGs remetem a 2013 com o protocolo GHOST, que foi elaborado pelos mesmos fundadores da Kaspa Network e até foi mencionado no whitepaper da Ethereum em 2014.
Já em muitos aspectos a Kaspa se assemelha ao próprio Bitcoin: é uma rede Proof-of-Work, não houve tokens pré minerados ou pré-vendas, possui supply máximo e uma política de halving e é 100% controlado pela sua comunidade. Até por isso, sua narrativa pode ganhar força daqui pra frente por conta do gradual processo de institucionalização do Bitcoin e o enfraquecimento da filosofia do mesmo funcionar como algo "contra o sistema".
A rede que existe hoje é uma implementação do GHOSTDAG protocol, que apesar de difícil de implementar, oferece uma solução simples para o problema de escalabilidade do Bitcoin. Seu processo de mineração também é mais eficiente em termos energéticos.
Sua estrutura é mais complexa, mas acaba viabilizando o processamento e a confirmação das ordens de transação em um ritmo mais acelerado, em teoria, sem comprometer a segurança e a descentralização da rede. Por conta disso, eles dizem ter resolvido o problema do trilema das blockchains (ideia de que uma blockchain não consegue atingir, ao mesmo tempo, bons níveis de segurança, descentralização e escalabilidade).
Por ter sido lançada recentemente (em 2021), seu nível de desenvolvimento ainda é incipiente. Ela ainda não é compatível com contratos inteligentes e não viabiliza a construção de soluções de segunda camada ou outras aplicações e tokens. Isso só deve se tornar viável após a atualização de sua linguagem de programação de Go (golang) para Rust (a mesma da Solana), que deve ser concluída em breve. Além disso, a reescrita do código, segundo o site oficial do projeto, permitirá que a capacidade atual de um bloco por segundo aumente substancialmente.
Com o forte movimento de alta, o token KAS atingiu uma capitalização de mercado de mais de US$ 680 milhões, com 19,7 dos 28,7 bilhões de tokens KAS em circulação. Apesar de ainda existir 31% de seu supply total a ser minerado, eles serão fornecidos como recompensa aos mineradores em um cronograma que cai pela metade uma vez por ano, através de pequenos cortes mensais. Além disso, ele ainda é negociado em poucas exchanges e sua listagem nas maiores corretoras do mercado também pode ser um catalisador de sua adoção. Confira a seguir alguns dos atributos destacados no site do projeto.
Já como principal contraponto ao case, temos justamente um dos motivos que também o faz ter valor: o fato de não ter existido uma distribuição inicial de tokens e nem um tesouro do ecossistema.
De forma pragmática, isso é uma barreira para o desenvolvimento do projeto, já que o mesmo precisa ser financiado de alguma forma. Essa é uma grande desvantagem competitiva em relação aos outros cases de primeira e segunda camada do mercado, que levantaram milhões de dólares com pré-vendas e rodadas de financiamento de seus tokens. Em seu caso, as iniciativas de financiamento devem partir de sua própria comunidade, de forma voluntária (o que também pode ser bom a longo prazo).
Além disso, existe muita competitividade no setor de soluções de primeira camada. Fora as que já existem, novas soluções ainda devem ser lançadas, algumas que captaram milhões em investimentos. Também é válido mencionar que a competitividade não envolve só ter o melhor produto tecnológico. Fatores como timing de mercado e aceitação dos usuários também influenciam seu nível de adoção.
Ficha:
Nome: Kaspa Network
Token: KAS
Market Cap: US$ 665 milhões
Fully Market Cap: US$ 966 milhões
KAS Supply atual: 19,7 bilhões
Supply total: 19,7 bilhões
Supply máximo: 28,7 bilhões
Preço (21 jul): US$ 0,033
Aleph Zero
Aleph Zero é uma layer 1 proof-of-stake escalável, que funciona a base da tecnologia zk e foi construída com a estrutura de Substrate da Polkadot. O novo projeto, lançado no final de 2021, utiliza uma DAG como estrutura intermediária no processamento de transações, mas isso não torna a Aleph Zero uma DAG em si.
Seu principal diferencial pretende ser a privacidade. Segundo a equipe, a Aleph Zero possuirá uma segunda camada privada e compatível com outros ecossistemas, chamada Liminal. Ela consegue atingir seu objetivo de entregar privacidade e segurança por meio de uma combinação de provas zk (ZK-SNARKs) e Secure Multiparty Computation (sMPC).
Ou seja, além do fato de que a Liminal deve ser implementada em breve na Polkadot, Ethereum, Cosmos e outros ecossistemas, as transações e os contratos inteligentes dela possuirão a opcionalidade de serem privados ao mesmo tempo que mantém uma conformidade com os termos regulatórios. Segundo a equipe, essas conformidades são interessantes para atrair soluções corporativas e fornecer casos de uso como para sistemas bancários e serviços de saúde.
Já existem aplicações rodando na rede e diversas outras em desenvolvimento, ponto que foi viabilizado pelo lançamento dos contratos inteligentes ink! 4.0 ocorrido em março deste ano, somado ao lançamento de seu fundo de US$ 50 milhões voltado ao desenvolvimento de seu ecossistema. Mais especificamente, um programa de financiamento de ecossistemas que atua de forma semelhante a uma incubadora de startups também foi criado.
Atualmente, a rede possui apenas 125 validadores, o que a torna relativamente centralizada. Outro ponto importante é um dos benefícios trazidos pela infraestrutura DAG utilizada: a eficiência energética. Eles dizem não se contentar em ser apenas carbono neutro e visam se tornarem carbono negativo no futuro, através da soma de validadores energeticamente eficientes com iniciativas ambientais.
O projeto já levantou mais de US$ 16 milhões com investidores em 3 rodadas de captação, fora seu ICO em 2021. A seguir, podemos observar sua distribuição inicial.
O token AZERO possui uma capitalização de mercado de aproximadamente US$ 216 milhões. Ele não possui um supply máximo definido e dos 336 milhões de tokens AZERO existentes, 234 milhões deles estão em circulação (69,6%). Sua inflação anual é de 30 milhões de tokens AZERO, o equivalente a mais de 12% do supply em circulação.
Já as utilidades do token incluem pagamentos em taxas de transação, serviço de staking, servir como colateral para ativos wrapped e participar da governança do protocolo.
Assim como a Kaspa Network, o token da Aleph Zero ainda é negociado em poucas exchanges e sua listagem nas maiores pode ser um catalisador de sua adoção.
Ficha:
Nome: Aleph Zero
Token: AZERO
Market Cap: US$ 241 milhões
Fully Market Cap: US$ 303 milhões
AZERO Supply atual: 266 milhões
Supply total: 336 milhões
Supply máximo: -
Preço (21 jul): US$ 0,90
Injective
Injective é uma blockchain de primeira camada focada em DeFi, construída com a estrutura Cosmos SDK e conhecida por ser a primeira rede dentro do ecossistema da Cosmos a oferecer suporte nativo aos ativos da Ethereum.
Ela fornece uma infraestrutura plug and play de DEX, bridge e oráculo para aplicações que queiram se desenvolver lá dentro. Alguns dos atributos fornecidos incluem um mecanismo de order book totalmente on-chain para mercados spot, perpétuos, futuros e de opções, além de resistência à prática de MEV (arbitragem em blockchain). Ela também possui uma alta capacidade de execução, podendo alcançar até 10 mil TPS.
Por possuir compatibilidade com outros ecossistemas de primeira camada como Ethereum, outras blockchains do IBC (ecossistema da Cosmos) e redes não EVM, como Solana, além de permitir a implementação de contratos inteligentes de forma automatizada (uma característica única sua), a Injective possibilita que os desenvolvedores construam novas aplicações DeFi interoperáveis e com uma grande frequência de transações. Além disso, a liquidez para diversas modalidades como contratos perpétuos, futuros, opções e mercado de previsões é compartilhada de forma cross-chain com outras redes.
Seu ecossistema possui mais de 100 aplicações e um TVL de pouco mais de US$ 15 milhões. Investidores como Binance, Pantera Capital, Jump Crypto e Mark Cuban fizeram parte de rodadas de captação anteriores, que somaram US$ 56,7 milhões investidos.
Já seu token nativo, INJ, foi lançado inicialmente como um token ERC-20 e depois migrou para sua própria rede. Ele é utilizado para governança, staking, taxas de transações e pagamento de incentivos aos desenvolvedores de aplicações. Cerca de 80% de seu supply total está em circulação e sua inflação anual se iniciou em 7% e vem diminuindo ao longo do tempo até atingir 2%.
Apesar da taxa inflacionária do token, a rede possui uma política de queima de 60% de todas as taxas coletadas, que são leiloadas por meio de um mecanismo de recompra e queima, permitindo que seu fornecimento circulante diminua conforme haja um aumento na demanda pela sua utilização. Aqui você pode conferir como foi a distribuição inicial dos tokens e o período de vesting de cada categoria.
Ficha:
Nome: Injective
Token: INJ
Market Cap: US$ 731 milhões
Fully Market Cap: US$ 914 milhões
INJ Supply atual: 80 milhões
Supply total: 100 milhões
Supply máximo: 100 milhões
Preço (21 jul): US$ 9,14
As dez notícias mais importantes da semana:
A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) reconheceu oficialmente os pedidos de ETF spot de bitcoin de gestoras, incluindo BlackRock e a Bitwise;
O Governo Federal anunciou que a nova versão do RG usará blockchain e todos os brasileiros terão um token de identificação;
A stablecoin GHO, da Aave, foi lançada na Ethereum Mainnet;
O Lens Protocol anunciou o lançamento de sua v2;
A Mantle Network anunciou sua mainnet alpha no EthCC em Paris;
A Starknet anunciou o lançamento do kit de desenvolvimento para suas app-chains;
A Polygon Labs anunciou a quarta atualização que seu ecossistema deve passar, agora voltada à governança;
A Celo, blockchain de primeira camada, discute a ideia de se integrar ao ecossistema Ethereum através do OP Stack, da rede Optimism.
Sentimento neutro dos Investidores
O indicador Fear & Greed index, que mensura o sentimento de mercado em relação ao momento atual, está em 50 pontos, representando um sentimento neutro. O indicador teve uma melhora no último mês, antes de voltar a cair nos últimos dias. Ele segue estabilizado na faixa entre 65 e 50 pontos.
Os bots do Telegram vieram pra ficar?
No último mês começou a se popularizar bastante alguns bots de telegram voltados a investidores do mercado cripto. Eles permitem ações interessantes e acabam simplificando o processo de interação do usuário com a blockchain e o processo de acompanhamento de outras carteiras.
Com o Unibot, por exemplo, o usuário recebe 3 novas wallets que são ligadas a sua conta do Telegram. Com essas contas, após a transferência de uma quantia de ETH para pagamento de taxas, podem ser controladas pelo usuário através do próprio aplicativo de mensagens, fazendo swaps, transferências e o que achei mais legal: Mirror Snipers.
De forma simples, você consegue enviar um comando para o bot copiar todas as transações realizadas por outra carteira, e inclusive até fazer front running nelas (uma técnica de arbitragem para uma transação se registrar na blockchain antes da outra). Isso sem precisar fornecer quaisquer informações pessoais para utilizar.
Segundo o dashboard da @tk-research no Dune Analytics, esses protocolos já ultrapassaram em termos de market cap diluído mais de US$ 120 milhões, valor que foi mais que triplicado no último mês. Isso mostra que esse nicho tem potencial para que seus produtos se desenvolvam mais e sua adoção se torna mais ampla.
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Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 30.027,00 / 7D %: -0,57%
ETH - US$ 1.902,00 / 7D %: -0,99%
USD - 4,77 BRL / 7D %: -2,17%
Cotação atualizada em: 21/07/2023 as 15:45
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