Da Ethereum ao Bitcoin: como os CyberKongz revolucionaram o mercado de NFTs
Edição #581 - Fechamento semanal - 04 de maio de 2024
No universo dos NFTs, o CyberKongz ressurge como um gigante adormecido. Um projeto pioneiro que moldou a dinâmica do mercado estabelecendo novos padrões de utilidade, governança e segurança para as coleções de NFTs, voltou com tudo anunciando sua coleção em Ordinals e seu token em Runes, ambos na rede do Bitcoin.
Para quem não conhece, CyberKongz foi lançado inicialmente em 2021 com sua coleção Gênesis, de 1 mil gorilas pixelados, e depois se expandiu para outras iniciativas. Coleções renomadas como Bored Ape Yacht Club se inspiraram em diversos aspectos dos gorilas, assim como parte da infraestrutura de projetos como Memeland também utilizam elementos originalmente criados por eles.
Devido a importância histórica e ao recente ressurgimento com o lançamento dos Prometheans e do token ϟDECENTRALIZED, nesta edição de fechamento semanal da Morning Jog, desvendaremos seu passado, seu impacto no mercado de NFTs e o que podemos esperar de sua nova iniciativa na maior blockchain do mercado.
O início
A coleção de NFTs do CyberKongs foi lançada em março de 2021 por Myoo, um artista até então desconhecido. Na época, começando como uma coleção PFP (utilizada para foto de perfil na internet), o projeto conseguiu surfar bem a falta de alternativa aos Cryptopunks, a primeira e maior coleção de PFPs do mercado.
Inclusive, o CyberKongs foi um projeto muito adotado por holders OG de Cryptopunks, contribuindo para que sua comunidade do Discord se tornasse cada vez mais robusta. Com isso, discussões a respeito do futuro do projeto foram se desenvolvendo cada vez mais.
Um dos primeiros resultados foi a criação do grupo de alphas do mercado de NFTs chamado Wall-Street-Kongz. O grupo surgiu quando Nate Rivers, um renomado trader de NFTs, solicitou à equipe do Kongs a criação de um canal exclusivo para que o mesmo pudesse compartilhar seus pensamentos e opiniões sobre o mercado. O canal foi a fonte primária de informação alpha no mercado quando nos referimos a estratégias degens e de trades de NFTs, tanto que o termo "Kongz are buying" era recorrente no espaço, indicando um futuro pump de determinada coleção por conta de discussões a seu respeito no Wall-Street-Kongz.
A partir dessas discussões iniciais, além do grupo alpha, nasceram algumas inovações que moldaram o setor de NFTs. Antes do CyberKongz, a possibilidade de NFTs terem utilidade a seus holders não era discutida. As coleções de NFTs focavam exclusivamente em construção de comunidade, além de ser uma arte de valor colecionável.
Se hoje os holders cobram que suas coleções possuam um roadmap detalhado, desenvolvam produtos e gerem valor aos holders, isso só virou realidade a partir dos CyberKongs. Todas as grandes coleções de sucesso que surgiram desde então seguem essa linha, como Bored Ape, Doodles, Pudgy Penguins, Azuki, entre outras.
Inovando com utilidade
A primeira inovação que o CyberKongs trouxe foi seu próprio token ERC-20. Mas mais do que simplesmente criar um token, a forma como isso foi feito teve importância. O token $BANANA, lançado em abril de 2021, era gerado a partir dos próprios gorilas da coleção genesis. Foi estabelecido que cada NFT geraria uma quantidade de 10 BANANA por dia, durante o período de 10 anos. Dessa forma, um motivo para se ter um gorila foi criado: holders receberiam uma "renda passiva" em tokens $BANANA, que são cotados em dólar e possuem liquidez no mercado secundário.
Porém, um token por si só não possui utilidade, também é necessário que ele sirva para alguma coisa. Pensando nisso, foi lançado em conjunto com o token um mecanismo de breeding, que permitia que um usuário com dois NFTs de gorilas e mais 600 tokens BANANA, gerassem um Baby CyberKongs, a segunda coleção de NFTs do projeto. Além disso, o token também possui outras funções, como de poder de voto e pagamento de customizações. Os Baby CyberKongs movimentaram um volume maior do que a coleção Genesis, com mais de 36,6 mil ETH negociados, ante 29,9 mil ETH da coleção original.
Alguns meses depois, em agosto de 2021, o próximo passo foi dado. Em um momento de grande hype com o segmento de Metaverso, a coleção dos CyberKongz VX foi criada, sendo o primeiro modelo VX não nativo para The Sandbox. No final das contas a coleção foi integrada em mais de 20 metaversos distintos e se tornou uma das mais interoperáveis que existem até os dias atuais. Seu volume negociado atual ultrapassa os 36 mil ETH.
Lembrando que todos esses movimentos ocorreram em uma janela de tempo de cinco meses. Esse era o auge do projeto e o momento em que a coleção Genesis atingiu a marca de 210 ETH de floor price e os Baby CyberKongs atingiram a marca de 18 ETH de floor price.
Por conta de razões óbvias, era muito difícil que todo esse crescimento se sustentasse no longo prazo. Os mecanismos de incentivos criados, apesar de gerarem motivos para que as pessoas se interessassem, não eram sustentáveis.
Após a narrativa esfriar, um ano após o lançamento de sua coleção gênesis de 1 mil gorilas (março de 2022), foi lançado o jogo Play & Kollect. O jogo consiste em "corridas de aventuras", onde os usuários podem enviar seus NFTs dos CyberKongz VX em missões para ganhar itens e prêmios. Cada componente do ecossistema CyberKongz possui um papel fundamental no sucesso dessas jornadas, que exige também uma estratégia por parte do jogador.
Por fim, em julho de 2023 a coleção Genkai foi lançada na rede Ronin. Uma coleção de 20 mil NFTs inspirados em estilo anime que introduziu um novo mundo, chamado Niakea, e que fornece aspectos Play-to-Earn para a comunidade.
Timeline de lançamentos do ecossistema CyberKongs
Março de 2021 – Lançamento da coleção CyberKongz Genesis;
Abril de 2021 - Surgimento do Wall-Street-Kongz, um dos primeiros grupos alfa em NFTs;
Abril de 2021 — Lançamento de $BANANA, um token ERC-20 gerado através do Genesis Kongz (10 por dia);
Abril de 2021 — Os bebês CyberKongz são apresentados por meio de uma mecânica de 'reprodução' (dois Genesis Kongz podem criar um bebê por 600 $ BANANA);
Agosto de 2021 — Lançamento do CyberKongz VX, o primeiro modelo VX não nativo para Sandbox;
Março de 2022 – Lançamento do jogo Play & Kollect;
Julho de 2023 – Lançamento da coleção Genkai.
Os impactos de CyberKongs no mercado de NFTs
Os gorilas alteraram o paradigma ao reimaginar o que poderia ser feito a partir de um projeto NFT. O Bored Ape é o maior exemplo das possibilidades que foram criadas a partir daí, com a criação de diversas coleções secundárias como os Mutant Apes e os Kodas, seu próprio metaverso chamado Otherside e as lands em forma de NFTs, o token de governança APE e mais recentemente a intenção da criação da Apechain, sua própria rede de segunda camada da Ethereum. Na última semana, os Moonbirds (que agora também pertencem à mesma empresa dos Bored Apes, a Yuga Labs), anunciou o desenvolvimento de seu próprio metaverso.
Guardian Contract e seu papel para a segurança do mercado
Além do desenvolvimento de coleções de NFTs e tokens, a equipe do CyberKongs também desenvolveu uma ferramenta com o objetivo de melhorar a experiência dos holders, mas que posteriormente foi expandida e utilizada por outros grandes projetos do setor, como o Memeland, ecossistema criado pela 9GAG.
O Guardian Contract foi desenvolvido como produto após um holder da coleção ter sofrido um hack que drenou sua carteira e uma função de staking do jogo Play & Kollect ter impedido o mesmo de perder mais de US$ 20 mil.
Ele pode ser entendido como uma autenticação on-chain de dois fatores (2FA) para NFTs. O usuário delega o poder de "guardião" para outro endereço, que tem o poder de bloquear, desbloquear e desbloquear + transferir ativos. Na prática, permite que o usuário possa aproveitar a conveniência de uma hot wallet, ao mesmo tempo que adiciona a segurança de uma cold wallet, fazendo com que mesmo que sua chave privada vaze, seus NFTs ainda estejam seguros.
A expansão para o Bitcoin
Após toda essa trajetória, o time dos Kongs surfou no hype construído em torno de Ordinals e Runes na rede do Bitcoin. O airdrop gratuito dos Prometheans, uma coleção "Pré-Runes" em Ordinals, recompensou não somente holders do seu ecossistema mas também usuários fiéis de outras coleções em Ordinals. Ao todo, 21 mil Prometheans foram distribuídos gratuitamente com base em um critério probabilístico, que dava mais peso à carteiras que seguravam NFTs das comunidades selecionadas por mais tempo na carteira.
Com o objetivo de ser o ativo principal dos CyberKongs no Bitcoin, tal como a coleção Genesis foi na Ethereum, sua utilidade se limitou inicialmente a garantir um percentual de seu futuro token, após o lançamento do protocolo Runes (que ocorreu no momento do Halving). Os Prometheans atingiram um floor price de 0.07 BTC (US$ 5,8 mil) uma semana após seu lançamento, e geraram uma alocação de 910 mil tokens ϟDECENTRALIZED, cotados atualmente a US$ 2,7 mil.
O token ϟDECENTRALIZED foi bem visto aos olhos da comunidade por ter conseguido a inscrição de número 2 no protocolo, na frente até mesmo da memecoin DOG, distribuída aos holders da Runestones. Especula-se que futuramente uma boa colocação de inscrição seja uma característica que aumente significativamente a perspectiva de valor do ativo.
As dez primeiras inscrições em Runes
Tanto a utilidade dos Prometheans pós lançamento dos tokens ϟDECENTRALIZED quanto dos próprios tokens criados, ainda não está clara. O fato é que os CyberKongs conseguiram se posicionar antecipadamente em um ecossistema bastante promissor, que é capaz de alterar os paradigmas e a perspectiva de valor da maior blockchain do mercado. Isso somado ao histórico e a experiência da coleção, pode fazer com que eles se perdurem como um dos principais cases de sucesso a serem estudados quando falamos de comunidades e coleções de NFTs.
Nós, da viden.vc, estamos devidamente expostos a essa narrativa por acreditar que existe uma grande assimetria e potencial de valorização, apesar de entendermos que grande parte pode ser devolvida ao mercado em um segundo momento devido a seus ciclos e as ondas especulativas. Para entender melhor sobre o que vem acontecendo no Bitcoin, continue nos acompanhando por aqui.
As dez notícias mais importantes da semana
A sétima edição do estudo “Raio X do Investidor Brasileiro”, feito pela Anbima em conjunto com o instituto Datafolha, apontou que 4% dos brasileiros investem em moedas digitais, ante 3% no ano anterior;
O volume transacionado das stablecoins USDC, USDT e DAI ultrapassou a média mensal processada pela Visa em 2023, segundo dados da Nansen;
A MicroStrategy, maior detentora institucional de bitcoin, anunciou que pretende lançar uma solução de identidade descentralizada através do protocolo Ordinals;
O protocolo Runes gerou mais de US$ 135 milhões em taxas aos mineradores do Bitcoin em sua primeira semana;
A Offchain Labs, organização por trás do desenvolvimento da Arbitrum, descobriu vários problemas de segurança em uma testnet da Optimism;
A Eigen Labs, empresa por trás do protocolo de restaking EigenLayer, divulgou no github o whitepaper de seu token de governança, EIGEN, juntamente com o anúncio de seu airdrop;
O fundador e ex-CEO da Binance, Changpeng Zhao (CZ), foi condenado a quatro meses de prisão;
A Coleção de NFT Moonbirds, recentemente adquirida pela Yuga labs, não será mais CC0, código de direitos autorais que significa que a arte faz parte de domínio público e pode ser comercializada livremente sem o consentimento do dono.
Links recomendados
“How CyberKongz shaped the NFT space to what it is today” - enzoblue
“Navegue pelo universo dos tokens na rede Bitcoin” - Morning Jog
“Runes: uma nova era para o Bitcoin” - Morning Jog
“Como se expor ao airdrop da BOB, uma L2 do Bitcoin” - Morning Jog
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 61.882,00 / 7D %: -3,39%
ETH - US$ 3.069,00 / 7D %: +2,53%
USD - 5,07 BRL / 7D %: +2,07%
Cotação atualizada em: 03/05/2024 às 16:00
Sobre o Morning Jog
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