Fan tokens: Conheça um modelo de negócio promissor
Edição de fechamento semanal - 05/11/2022
A Morning Jog possui uma novidade exclusiva para seus assinantes. Todos os sábados, logo no comecinho da manhã, um e-mail como esse estará na sua caixa de entrada. A edição irá conter um resumo dos principais eventos da semana, um tema de grande relevância que chamou nossa atenção, análises on-chain e recomendações de leituras, para que você aproveite seu fim de semana melhor informado e plenamente consciente das mudanças do mercado cripto. Aproveite!
Em uma semana agitada, o Instagram anunciou que permitirá que os usuários criem e vendam NFTs diretamente na sua plataforma. Outros destaques da semana foram:
O banco JP Morgan executou com sucesso sua primeira transação internacional em uma blockchain pública;
O Reino Unido anunciou que pretende ser o centro global de criptomoedas e ativos digitais;
A plataforma de análise de blockchain Chainalysis se integrou a ABCripto;
A GameStop adicionou suporte para NFTs mintados através da Immutable X;
A BNB Chain demonstrou maior vulnerabilidade para golpes, segundo pesquisa;
A comunidade da Cosmos iniciou a votação para aprovar novas funcionalidades para o Hub da rede;
Visa, PayPal e Western Union se destacaram pelo registro de marcas envolvendo produtos e serviços relacionados a Web3;
Os NFTs do Reddit geraram mais de US $2,5 milhões no primeiro dia;
O CEO da Binance investiu US$ 500 milhões no Twitter, em conjunto com Elon Musk;
A Coinbase expandiu seu grupo de combate à lavagem de dinheiro para a Europa;
A Visa anunciou uma coleção própria de NFTs exclusivos ligados à Copa do Mundo;
O volume de negociações do OpenSea atingiu seu menor nível desde junho de 2021;
A Solend sofreu um exploit de US$ 1,26 milhão;
A Lightning Network lançou uma atualização de emergência após um bug crítico nos nodes;
A Mastercard adicionou 7 startups de blockchain ao seu programa de acelerador;
O Santander impôs limites às transações de criptomoedas no Reino Unido.
Quando o futebol se mistura com o mundo das criptomoedas. Podemos falar que é disso que os fan tokens tratam. Mesmo diante de um bear market, esses tokens de utilidade que focam em representar um clube, notadamente de futebol, vem apresentando em média, uma performance superior ao de grandes protocolos, já consolidados no mercado. Mas isso é uma moda passageira ou uma tendência futura?
Trataremos aqui sobre os principais conceitos que norteiam esta categoria de tokens, como é o mercado em que esse ativo atua, suas principais definições e os players. Além de investigar seus casos de uso corrente e explorar suas potencialidades futuras.
Os fan tokens querem gerar utilidade para o clube e para o torcedor
Os fan tokens receberam essa definição por serem critpoativos ligados a clubes esportivos que buscam ampliar as formas de integração com seus torcedores. Geralmente, oferecem aos proprietários do token acesso a ingressos antecipados, produtos exclusivos, bem como o direito de participar de algumas decisões do clube, embora não se limitem apenas a isso, como veremos a seguir. A moda já chegou no Brasil, onde times desenvolveram tokens através de parcerias com a “Socios.com”, criadora do token Chiliz ($CHZ).
Chiliz é a referência para quem investe em esportes no mercado cripto
A companhia Chiliz e Sócios (C&S) é criadora da blockchain Chiliz, uma sidechain da rede Ethereum. Ela é responsável pelo token CHZ, pelo aplicativo da socios.com e pela gestão de vários tokens de times nacionais e internacionais. Seu objetivo visa a integração entre as indústrias de esportes e entretenimento à Web3.
Para se consolidar como principal ferramenta de esportes na blockchain, em 2018, a Chiliz levantou US $66 milhões em uma oferta privada e teve como principal investidor a Binance Labs. Atualmente, conta com 188 colaboradores em escritórios espalhados pelo mundo, que visam capturar clubes esportivos, de países como: França, Brasil, Espanha, Itália, Japão Suíça, Japão, Estados Unidos e Reino Unido.
Uma tecnologia desenvolvida na Ethereum que pretende ir além
A blockchain da Chiliz é denominada de Chiliz Chain 1.0 (CC1). Ela é uma sidechain da Ethereum que executa um mecanismo de Prova de Autoridade (PoA). Trata-se de um mecanismo de consenso seguro, computacionalmente menos intensivo e previsível. Isso permite validadores confiáveis que verificam e aprovam transações.
Embora o CC1 seja amplamente utilizado pela Chiliz e por clubes parceiros, existem limitações técnicas que prejudicam o desenvolvimento de um ecossistema de DApps. Dessa forma, a Chiliz incluiu em seu roadmap o planejamento da sua primeira camada, a Chain 2.0 (CC2).
No primeiro trimestre de 2022, a Chiliz lançou a Scoville Testnet, programada para entrar em operação como rede principal no quarto trimestre de 2022. Essa nova rede atenderá à visão da Chiliz & Sócios de criar um ecossistema de aplicativos de esportes e entretenimento maior, aberto e descentralizado.
Essa nova blockchain será acompanhada por um fundo (Chiliz Labs) de US $50 milhões, que será utilizado para incentivar desenvolvedores a produzirem NFTs, games, marketplaces, entre outros serviços em seu ecossistema.
O tokenomics da Chiliz depende de engajamento de torcedores
O token CHZ é um ERC-20 e será o token nativo da Chiliz Chain. A oferta total é de 8,8 bilhões de tokens, dos quais 5,4 bilhões já estão em circulação, representando 61% do supply total. Além disso, a Chiliz é detentora de 32% dos tokens e ainda não apresentou um cronograma que define quando isso será colocado em circulação.
A utilidade do token está definida na sua utilização para adquirir fans tokens que estão disponíveis em seu aplicativo (Sócios). Porém, com o lançamento da CC2, o CHZ também será utilizado para pagar as taxas de gas da rede.
É importante destacar ainda que o dApp Sócios é um aplicativo de engajamento de fãs, baseado em blockchain com foco no consumidor. Seu objetivo é permitir que torcedores passivos, muitas vezes morando longe da cidade dos seus clubes, se tornem torcedores ativos que podem se envolver nas decisões do clube.
Nove times brasileiros fizeram parceria com a Chiliz e Sócios
Desde do segundo semestre de 2021, os movimentos da socios.com no Brasil despertaram parcerias com os principais clubes nacionais. Nasceram tokens como: MENGO (Flamengo), SCCP (Corinthians), SPFC (São Paulo), VERDAO (Palmeiras), GALO (Atlético Mineiro), VASCO (Vasco), FLU (Fluminense), BAHIA (Bahia) e SACI (Internacional).
De forma geral, os tokens permitem que os torcedores participem mais ativamente das decisões do clube. Assim, podem participar de enquetes para escolher frases divulgadas nos estádios, ídolos que serão eternizados e modelos de camisas de time. Cada time define suas interações, assim como também beneficiam os torcedores com prioridade na compra de ingressos.
Além disso, alguns clubes apresentaram inovações no sistema, introduzindo outros mecanismos de participação e recompensas. No caso do Vasco, o clube fez uma parceria com a MB Digital Assets (MBDA) para implementar a tokenização dos direitos de crédito sobre transações futuras de 12 jogadores da base. Assim, os detentores do token que será lançado, receberão parte de eventuais transferências do grupo de jogadores selecionados.
É importante destacar que esse movimento não se limita ao território brasileiro, times como Barcelona, Roma, Atlético de Madrid, Milan, Arsenal, Juventus e PSG também fizeram parceria com a Chiliz para criação de seus fan tokens.
Lançamento que ocorreram em diferentes plataformas
A categoria de fan tokens não se resume a Chiliz e Sócios. No Brasil, encontramos times que fizeram parceria com diferentes plataformas. É o caso do Santos, que realizou um lançamento apoiado pela Binance através da Pancake Swap (corretora descentralizada) e do Cruzeiro, que estabeleceu parceria com a Lunes Blockchain.
A utilidade ainda não surpreende
Embora os fan tokens nacionais e internacionais estejam em pleno crescimento, a sua narrativa ainda parte de questões simples, como a participação de enquetes sobre temas pouco significativos. O segmento ainda está longe de capturar todo o valor potencial da tokenização de ativos. Afinal, todas essas questões apresentam um problema em comum: a escalabilidade.
Os clubes podem utilizar os fan tokens e sua integração com a blockchain para conseguir alcançar o efeito rede. Nesse contexto, nascem novas oportunidades e, consequentemente, novas camadas de receitas, tais como:
Conexão direta entre fãs e marcas: O interesse do público (fãs) e a capacidade de capturar a sua atenção é o maior ativo monetizável da indústria do esporte. Tradicionalmente essa monetização sempre ocorreu através de intermediários (redes de tv, rádio, stream), os quais são responsáveis por absorver boa parte do valor agregado. Dessa forma, as plataformas de fan token nascem para mudar isso, conectando as marcas diretamente ao seu público. Além de viabilizar a introdução de mecanismos que reconhecem a importância do fã detentor do token e da marca interessada em utilizar a atenção do público. Como por exemplo, o clube pode introduzir ferramentas com o apoio de patrocinadores que queimam tokens quando um time vence partidas, vinculando o fornecimento dos tokens ao desempenho do time.
Alternativa para as apostas esportivas: Um dos setores que mais cresceram recentemente foi o de apostas esportivas e os fan Token podem pegar carona nessa fatia do mercado. Assim, eles podem ser utilizados como um tipo alternativo de “bilhete de apostas” que são mais casuais, mais acessíveis e menos estigmatizados. Além disso, os tokens, por estarem na blockchain, geram mais liquidez aos mercados de apostas e expandem globalmente seu alcance. Para isso, obviamente deverão ser monitorados obstáculos regulatórios, afinal a linha entre apostas e resultados é tênue.
Criação de experiências interativas de entretenimento esportivo: Apesar de menos escalável, já que depende de interações com a vida real, a criação de novas experiências para o público permite um novo tipo de valor agregado ao entretenimento esportivo. Dessa maneira, ao gameficar a participação do público e permitir que os detentores de tokens participem ativamente de decisões, gera captura de atenção e amplia a capacidade de monetização.
Os tokens tem um caminho promissor, mas dependem de execução
Apesar do crescimento da adoção de fan tokens pelos principais clubes, sua utilidade ainda está distante do potencial discutido no texto. Nessa linha, o movimento dos clubes pode ser entendido como um primeiro passo que antecede a possibilidade de capturar valor através da eliminação de intermediários de publicidade, criação de novas experiências interativas que captam a atenção dos usuários e geração de valor aos detentores dos tokens.
Portanto, ainda que existam dúvidas associadas à atual falta de utilidade. Trata-se de um mercado promissor que está em plena transformação. Sendo importante porém, monitorar os riscos regulatórios e a execução dos clubes. Afinal, a execução determinará o quanto do potencial disruptivo do token será realizado.
Índice do medo e da ganância
O sentimento do mercado em relação ao momento atual manteve o patamar do índice de medo e de ganância em 30, o que indica que o mercado ainda está com“medo”. O índice segue em consolidação na região de 20 a 30 pontos.
Embora os patamares atuais mostrem medo, o indicador apresentou grande alívio quando comparado ao mês de outubro, que sinalizava “extremo medo”. Essa mudança de humor reflete a percepção dos investidores frente ao mercado de ativos tradicional, que demonstra melhora dos indicadores de liquidez e maior apetite ao risco.
Análise de dados on-chain
Dados da Glassnode sugerem que o Bitcoin pode estar próximo do fim da tempestade, apresentando baixa volatilidade e altas perdas financeiras. O indicador “Seller Exhaustion Constant" foi criado pela ARK Invest e é calculado através da associação entre volatilidade contínua de um mês e lucratividade on-chain, demonstrando que o mercado pode estar próximo de um fundo.
Segundo os dados apresentados, a constante de exaustão de vendedores de Bitcoin registraram a mínima desde novembro de 2018.
Gráfico 1: Exaustão de vendedores - Bitcoin
Fonte: Glassnode
Além disso, a quantidade de reservas das corretoras continua diminuindo, se mantendo próximo aos níveis observados em 2018. Vale lembrar que esse movimento de retirada é característico de momentos de baixa do mercado e indica a vontade dos investidores em segurarem seus ativos a longo prazo.
No entanto, ainda existem indicadores que refutam o fundo, como os dados de saídas de transações não gastas (UTXOs). Eles mostram que os níveis atuais de Bitcoin com prejuízo não correspondem aos fundos históricos do mercado em baixa.
Gráfico 2: Porcentagem em Lucro/Perda - Bitcoin UTXOs
Fonte: Glassnode
Portanto, os dados ainda não sugerem um viés direcional claro. Mas sinalizaram a proximidade de um fundo ainda não confirmado.
Recomendações de leituras:
“Crypto Policy & Regulatory” - A16z
“The Crypto Story” - Bloomberg
“Blockchain Music Creation” - VeradiVerdict
“Value Flows in the MEV Ecosystem” - Multicoin Capital
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 21.222,00 / 7D %: +4,34%
ETH - US$ 1.652,00 / 7D %: +8,81%
USD - 5,05 BRL / 7D %: -4,5%