Investimos na Liquidium, a Aave do Bitcoin
Edição #647 - Fechamento semanal - 20 de julho de 2024
A rede Bitcoin foi por muito tempo um ambiente pouco dinâmico e inovador, ponto que vem mudando significativamente nos últimos meses. As inscriptions, técnica de registro de informações em satoshis específicos, destravou o bilionário mercado de BRC-20, Ordinals e Runes. Esses são os principais catalisadores internos de crescimento desse ecossistema, que até o início de 2023, contava apenas com o próprio BTC como ativo.
Mas diferentemente da Ethereum e de outras plataformas de contratos inteligentes, a rede do Bitcoin ainda possui limitações significativas no que tange a utilização desses novos ativos no mercado DeFi. Por conta desses ativos não terem utilidade on-chain sem uma camada de programabilidade por cima, os usuários não conseguem tornar seu capital mais eficiente.
A Liquidium é uma solução que resolve essa dor dos usuários, permitindo a tomada de empréstimos em bitcoin utilizando inscriptions como colateral e, por outro lado, permite que investidores rentabilizem seus bitcoins parados emprestando-os contra uma garantia em inscriptions.
Conheça nesta edição especial da Morning Jog a Liquidium, o mais novo investimento da viden.vc. Iremos explicar na prática como seu mecanismo funciona, seu estágio atual de desenvolvimento e os motivos pelos quais investimos nele.
Destravando empréstimos P2P no Bitcoin
Como dito anteriormente, a Liquidium é um protocolo de empréstimos que roda na camada base do Bitcoin. Mas diferentemente de protocolos de empréstimos de outros ecossistemas como a Aave, os empréstimos realizados na Liquidium são peer-to-peer (P2P) e não através de pools de risco compartilhados entre todos os participantes.
Em outras palavras, se eu quero pegar um empréstimo de 0.1 BTC é necessário ter algum outro usuário em específico disposto a emprestar essa quantia, em troca da garantia que eu estou disposto a dar. A seguir, vamos entender como funciona na prática esse mecanismo sob a ótica dos dois agentes envolvidos na negociação, ou seja, o que pega BTC emprestado e o que empresta BTC.
Pegando BTC emprestado:
Para pegar um empréstimo em BTC, o primeiro passo é definir a garantia que está disposto a fornecer. No momento atual, garantias em Ordinals estão habilitadas abertamente e em Runes estão funcionando em fase beta, enquanto tokens BRC-20 devem ser integrados em um futuro próximo. Caso o empréstimo não seja pago até a data estabelecida, a garantia é transferida para o credor.
É possível visualizar na aba "Borrow" da Liquidium as ofertas em aberto dos usuários dispostos a emprestar BTC contra um colateral em inscription.
Tomando um empréstimo utilizando Ordinals como garantia
Fonte: Liquidium
Offer é a quantia que eu recebo em BTC caso aceite o empréstimo oferecido;
Interest é a taxa de juros nominal que precisarei pagar ao final do empréstimo tomado;
Term é a data de expiração do empréstimo em dias restantes. Caso seja aceito, precisará repagar a "Offer" + o "Interest" antes do tempo expirar para não ser liquidado.
LTV é a métrica de quanto essa quantia recebida vale, percentualmente, em relação ao floor price da coleção em Ordinal, categoria de inscription usada como colateral neste exemplo;
Floor é o preço mínimo (floor price) da coleção em questão.
Exemplo: Vamos supor que eu tenho um Honey Badgers, coleção NFT em Ordinals criada por brasileiros. Como evidenciado na imagem acima, podemos ver as especificações da oferta do usuário que aceita pagar mais BTC em troca do Badger como colateral, no caso 0,0058 BTC ou 81% dos 0,0071 BTC do floor price da coleção. A totalidade das ofertas em aberto podem ser visualizadas clicando no botão "Offers", logo abaixo do nome de cada coleção disponível.
Dessa forma, consigo manter a exposição ao meu Honey Badger e ainda ter liquidez em BTC para realizar outras atividades, como comprar outros Ordinals ou Runes, realizar uma bridge para outras redes ou convertê-los para dólares sacá-los no mundo real.
Outra estratégia interessante nesse caso é a de hedge. Se quero me proteger de uma queda significativa do preço do Honey Badger ao mesmo tempo que tenho exposição a uma potencial valorização, solicitando um empréstimo em BTC, posso limitar a perda máxima em -19% caso o preço do Badger colapse, que é a diferença entre o LTV da operação e o floor price da coleção. Caso o item caia mais que 19%, o empréstimo é liquidado, o Badger é transferido para o credor e eu fico com a quantia de BTC recebida no empréstimo. Por outro lado, se o Honey Badger se valorizar, continuo mantendo exposição a esse movimento por completo.
Emprestando BTC:
O usuário que opta por emprestar BTC pode se beneficiar de duas formas: recebendo as taxas de juros pelo empréstimo fornecido ou, em caso de não pagamento do inquilino até a data de expiração do empréstimo, recebendo o colateral em questão por um valor abaixo ao de mercado.
Ainda seguindo o exemplo trazido na seção acima, o usuário que emprestou os 0,0058 BTC em troca de uma garantia em Honey Badger (que vale 0,0071 BTC) receberá 250% de APY (2,43% em valores nominais) ou em caso de não pagamento do empréstimo, um Honey Badger com 19% de desconto em relação ao floor price da coleção, assumindo que não ocorra variação de preço do Honey Badger durante o tempo de empréstimo.
Emprestando BTC com garantia em ordinals
Fonte: Liquidium
Quando falamos em tokens Runes, a lógica é exatamente a mesma. Aqui, cabe destacar a recente parceria realizada com a Hermetica, empresa por trás da stablecoin USDh. Essa stablecoin foi emitida como um token Runes e possui seu lastro em BTC, se comportando de forma parecida com a USDe da Ethena Labs, que tem lastro em ETH. Como trouxemos nesta última quinta-feira na Morning jog, o USDh foi integrado na plataforma da Liquidium e já pode ser utilizado como colateral para as operações.
Como isso é possível na camada base do Bitcoin?
Sabemos que a programabilidade na camada base do Bitcoin é bem limitada, motivo pelo qual diversas redes de escalabilidade estão sendo desenvolvidas atualmente, como Bitlayer, BOB e Merlin. Porém, apesar de ser limitada, a existência de operações condicionais é possível a partir de alguns componentes criados ao longo de seu desenvolvimento:
Partially Signed Bitcoin Transactions (PSBTs): um padrão que facilita a portabilidade de transações não assinadas. Ele foi projetado para melhorar a interoperabilidade entre diferentes carteiras, facilitando a realização de transações complexas que exigem múltiplas assinaturas.
Discreet Log Contracts (DLCs): contratos inteligentes para a rede Bitcoin que permitem a execução sem necessitar da criação de novas transações para cada etapa do contrato. Envolve além dos participantes, um oráculo externo que viabiliza esse processo.
As inscriptions utilizadas como garantia nas operações da Liquidium ficam bloqueadas com segurança em um Discreet Log Contract (DLC) até a conclusão do empréstimo.
Estágio atual de desenvolvimento e principais métricas
Apesar de ser um protocolo novo, a Liquidium já possui uma tração inicial relevante. Com mais de 90 BTC em empréstimos ativos e um volume acumulado de mais de 2 mil BTC, o projeto se enquadra como líder do seu segmento.
Desde o seu lançamento, suas principais métricas vem crescendo consistentemente, mesmo com o desaquecimento do mercado como um todo nos últimos meses.
Empréstimos efetivados na Liquidium
Fonte: Geniidata
Seu crescimento também reflete no aumento de usuários ativos, que chegou a bater 400 em um único dia durante o mês de julho.
Usuários diários da Liquidium
Fonte: Geniidata
Por fim, os dados também indicam que há uma diversificação de colaterais ofertados nos empréstimos realizados, tanto de Ordinals quanto de Runes, evidenciando que a demanda pelo produto não depende de uma coleção ou de um token em específico.
Volume por coleção/token
Fonte: Geniidata
Atualmente, a Liquidium está com uma campanha de pontos ativa para estimular o seu crescimento. Os usuários podem acumular pontos e subir no ranking geral para serem recompensados em seu futuro airdrop, que contará com uma distribuição de 10% do seu supply total. Além disso, outros 20% do supply serão destinados a incentivos de ecossistema.
Seu token próprio criado em Runes, chamado LIQUIDIUM•TOKEN, já foi emitido mas ainda não está em circulação. O mesmo terá a função de governança e outras possíveis utilidades determinadas com base no direcionamento futuro do protocolo.
Dessa forma, entendemos que a Liquidium é uma excelente forma de exposição ao promissor ecossistema de Ordinal e Runes na rede do Bitcoin. Ele representa uma das infraestruturas essenciais do mercado DeFi na camada base da rede e ataca uma demanda clara do mercado, trazendo a possibilidade de rendimento em BTC e eficiência de capital aos investidores de Ordinals e Runes.
Pelo fato do protocolo já estar no ar, gerar receita a ponto de sustentar suas operações e possuir founders capazes de inovar e bem relacionados no ecossistema Bitcoin, nós da viden.vc, vemos o Liquidium como um dos players mais bem posicionados para capturar o crescimento do setor como um todo. Ainda estamos bem no início, mas o futuro é promissor.
As notícias mais importantes da semana
A viden.vc investiu no protocolo de empréstimos peer-to-peer Liquidium;
A Hermetica anunciou o desenvolvimento da stablecoin USDh como um token do padrão Runes na rede do Bitcoin;
A StarkWare, empresa desenvolvedora da Starknet, anunciou ter verificado a primeira prova zk na rede de teste Signet do Bitcoin;
A The Open Network (TON), rede integrada ao aplicativo de mensagens Telegram, anunciou o lançamento da TON Teleport BTC, uma bridge entre seu ecossistema e a rede do Bitcoin;
Os desenvolvedores da Polygon agendaram para 4 de setembro o início da migração do token MATIC para POL;
A Fileverse lançou o ddocs, uma alternativa descentralizada ao Google Docs, que inclui recursos de privacidade;
Os credores da corretora Mt. Gox, hackeada em 2014, poderão receber seus pagamentos já na próxima semana;
A Partior, uma blockchain dos bancos JPMorgan e Standard Chartered, concluiu uma rodada de investimento Series B, arrecadando US$ 60 milhões;
Links recomendados
“Half-Year Report 2024” - Binance Research
“Magisat e a nova infraestrutura do ecossistema do Bitcoin” - Morning jog
“Conheça o Panoptic e os motivos pelos quais a viden.vc investiu nele” - Morning Jog
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 66.608,00 / 7D %: + 14,96%
ETH - US$ 3.492,00 / 7D %: + 11,30%
USD - 5,60 BRL / 7D %: + 3,19%
Cotação atualizada em: 19/07/2024 às 18:15
Sobre o Morning Jog
De segunda à sexta, somos sua curadoria sobre tudo que acontece no mercado cripto e Web3. Aos sábados, você receberá relatórios e análises de conteúdos relevantes feito pelo nosso time de especialistas. A Morning Jog é um produto da viden.vc, um ecossistema de investimentos e negócios voltados para pessoas, ideias e projetos mais promissores da Web3.