Os projetos mais seguros para investir
Edição #479 - Fechamento semanal - 06 de janeiro de 2023
Cripto é o setor do mercado financeiro onde mais existe assimetria de informação, de forma que não é necessário "inventar demais" para buscar valorizações expressivas.
Em momentos de maior euforia como o atual, todos querem descobrir a próxima moedinha que vai valorizar 100 vezes, mas a realidade é que a maioria dos investidores que optam por seguir essa estratégia acabam perdendo dinheiro no final das contas. Para lucrar dessa forma, é necessário uma gestão ativa de portfólio, profundo conhecimento de tendências de mercado, setores em ascensão, narrativas emergentes e um pouco de sorte, em um processo que envolve muitos fatores que fogem do controle do investidor.
Pode ser interessante reservar um percentual de seu portfólio para tentar buscá-las, mas a verdade é que você não deve contar com isso. Se você busca consistência no mercado cripto a médio e longo prazo, você precisa focar em bons ativos com alta assimetria, que com uma valorização do Bitcoin e do mercado cripto em geral, tendem a performar acima da média. Optamos por excluir o próprio Bitcoin dessa edição, visto que já é praticamente um consenso que ele é o ativo mais seguro do mercado.
Devemos focar em ativos que estão bem posicionados em setores em ascensão, que já possuem um efeito rede e devem aumentá-lo ainda mais com um crescimento do mercado como um todo.
Dessa forma, traremos nesta edição de fechamento semanal da Morning Jog, os ativos que na nossa visão possuem a melhor relação de risco-retorno do mercado cripto. Como sempre, vale ressaltar que nada do que contém aqui deve ser considerado como uma recomendação de investimento, sempre faça sua própria pesquisa (DYOR).
Lido (LDO)
A Lido é um dos protocolos mais robustos do mercado cripto e líder em seu setor (staking). Possui atualmente US$ 22 bilhões de valor travado (TVL) e uma receita média mensal de US$ 4,66 milhões.
Seu crescimento nos últimos dois anos foi exponencial e ainda há margem para mais. Foi pioneira em fornecer liquidez para tokens ilíquidos em staking, uma dor do mercado que foi criada, no ecossistema da Ethereum, com o início da implementação da Beacon Chain para a transição para o algoritmo de consenso proof-of-stake. Por sair na frente de outros protocolos do setor, o stETH, token sintético da Lido, representa atualmente a esmagadora maioria da liquidez do setor de staking líquido da Ethereum.
Desde a atualização Shapella, em abril de 2023, que liberou os saques dos ETH travados e gerou mais confiança dos investidores em realizar o processo de staking, a quantidade total travada de tokens passou de 15% para 24% do supply total da rede. Naturalmente, a Lido capturou boa parte desse crescimento tanto em termos de TVL quanto de receita gerada.
Essa receita, que ainda não é utilizada e só vai se acumulando ao longo do tempo, permite que no futuro o time possa criar dinâmicas de incentivos, como recompensas extras por fazer o staking, recompras e queimas de tokens, parcerias com outros protocolos e até lobby para melhorar sua questão regulatória, consolidando ainda mais seu produto.
Uma grande validação de seu modelo de negócios foi inclusive o surgimento de uma nova onda de protocolos que usufruem dos tokens sintéticos da Lido para estruturar a base de suas soluções, como por exemplo os protocolos Pendle e Lybra Finance.
Grande parte de seu sucesso é devido ao timing de mercado. O protocolo se posicionou no setor de staking em um momento ainda bem incipiente, quando não existiam concorrentes diretos fortes.
Isso proporcionou inclusive a possibilidade de que o protocolo da Lido represente um risco à segurança da própria rede Ethereum, devido à concentração percentual total de capital em staking e de validadores da rede sob seu guarda-chuva. Atualmente oscilando entre 31% e 33% de todo o staking de ETH, a Lido controla uma quantia bem próxima dos 1/3 necessários para poder interferir na finalização dos blocos produzidos.
O cenário atual é de aumento da competitividade do setor. Soluções voltadas a investidores institucionais como Figment e Coinbase devem ganhar mais protagonismo com o processo de institucionalização do mercado, assim como também novos protocolos descentralizados como Swell, Ankr e StakeWise, que serão cada vez mais incentivados por desenvolvedores e usuários da rede por conta de uma questão ideológica de necessidade de descentralização dos validadores.
Mas mesmo que a Lido perca marketshare daqui em diante, é muito difícil que ela perca sua dominância de mercado. Somente o fato do setor de staking continuar crescendo deve fazer com que o protocolo se consolide como a maior solução do segmento e propicie uma valorização significativa do ativo, em troca de um risco relativamente controlado.
Chainlink (LINK)
A Chainlink é o protocolo mais integrado entre diferentes ecossistemas e aplicações do mercado, não dependendo diretamente do sucesso de um ecossistema ou outro.
Ela foi concebida como uma solução de oráculos de preços descentralizados, porém expandiu suas atividades para muito além disso. Isso se deve muito ao fato de o projeto possuir um dos times mais bem qualificados do mercado cripto, com grande conhecimento técnico, visão de mercado e capacidade de realizar parcerias.
Atualmente a Chainlink também pode ser considerada como parte dos segmentos de interoperabilidade cross-chain e de integração de ativos do mundo real com a blockchain (RWA), através de seu produto chamado Chainlink CCIP. Seu diferencial é claro em relação a outras soluções do mercado, uma vez que é moldado para se relacionar também com integrantes do sistema financeiro tradicional, sendo o mais marcante deles, o sistema SWIFT (sistema global de comunicação bancária que permite transferências financeiras transfronteiriças)
Além do CCIP e da função de oráculos de preços (data streams e data feeds), outros serviços desenvolvidos pela Chainlink incluem o Chainlink Functions (plataforma que puxa dados de APIs), o Chainlink VRF (garante aleatoriedade para sorteios ou mint de NFTs em blockchains), serviços de automação de contratos inteligentes e de informe de provas de reservas de empresas centralizadas. Por fim, seu programa de incubação de projetos em estágio inicial garante suporte tecnológico através de seus serviços em troca de tokens ou futuros tokens dos projetos em questão.
Atualmente a Chainlink vem passando por mudanças estruturais em seu tokenomics, com destaque para seu novo modelo de staking, para garantir uma maior sustentabilidade de seu token no longo prazo.
Sua demanda é crescente, sua dominância de mercado é ampla, é um protocolo agnóstico que permeia todas as blockchains e o crescimento do mercado cripto como um todo também deve garantir uma valorização significativa do ativo, em troca de um risco relativamente controlado.
Polygon (MATIC > POL)
Consideramos a Polygon como o projeto mais promissor do setor de escalabilidade da Ethereum, mesmo com uma grande mudança de cenário do setor no último ano. Apesar de seu market share ter diminuído significativamente com o crescimento de outras grandes soluções concorrentes como Arbitrum e Optimism, a Polygon é a solução que oferece a gama mais completa de produtos para escalar a Ethereum e ainda trabalha com a melhor tecnologia que existe no momento, a tecnologia de zero-knowledge ou zk.
O projeto vem passando por uma mudança estrutural em seu tokenomics, intitulada de Polygon 2.0, que deve impactar significativamente seu ecossistema de soluções e ampliar a utilidade de seu token.
O produto mais utilizado da Polygon hoje, sua sidechain proof-of-stake, deve se tornar um zk validium, garantindo uma alternativa mais barata ao seu futuro principal produto, a Polygon zkEVM. Além disso, seu ecossistema contém as soluções Polygon Miden, Polygon ID e Polygon CDK. Este último visa proporcionar acessibilidade à tecnologia mais avançada do momento, a zkEVM, a projetos que buscam desenvolver suas próprias blockchains. O principal projeto que já adotou é a rede voltada ao setor de games, Immutable X, e a também parachain da Polkadot, Astar Network.
Aqui vale ressaltar que a assimetria é um pouco menor que os dois ativos anteriores em nossa visão, muito pela dinâmica competitiva do setor. O setor de segundas camadas está sendo cada vez mais diluído, com diversas novas blockchains surgindo que devem lançar seus tokens em 2024. Sua capitalização de mercado também está relativamente esticada em comparação a seus principais concorrentes. Porém, se for para escolher apenas um ativo para se expor ao setor pensando no longo prazo, ainda escolheríamos a Polygon. Outras alternativas a ela seriam os tokens de Arbitrum e Optimism, além de fazer interações regulares nas redes que não possuem tokens lançados, como zkSync e Scroll, em busca de conseguir se classificar para um futuro airdrop de tokens.
Ethereum (ETH)
O token ETH não poderia ficar de fora dessa lista. Os três projetos mencionados acima fazem parte do ecossistema Ethereum, de forma que seus respectivos crescimentos acabam por fortalecê-la. Possuindo ETH, é uma forma de se expor ao crescimento de todas elas ao mesmo tempo, além de muitos outros projetos promissores.
Existem diversos motivos que nos fazem crer que ETH represente atualmente a maior assimetria de risco retorno do mercado cripto. São eles:
Política monetária sustentável: o token ETH possui uma demanda real de utilização, captura o crescimento da rede, é deflacionário em momentos de alto nível de atividade e tem um mercado de staking em ascensão com cada vez mais tokens travados;
Se beneficia do crescimento de setores internos de seu ecossistema, como o crescimento das L2: um aumento de demanda real dessas novas redes elevam a camada principal da Ethereum e o token ETH para outro nível, abrangendo públicos não alcançados anteriormente. Além disso, a mesma tende a se beneficiar da próxima onda de airdrops dessas soluções e com a próxima atualização da rede, Decun Fork, que deve tornar as taxas das segundas camadas ainda mais acessíveis e ampliar sua relevância perante o ecossistema da Ethereum.
ETFs de Ethereum não estão tão distantes quanto podem parecer: com a discussão sobre a aprovação de pedidos de abertura de ETFs spot de Bitcoin pela SEC esquentando, podemos projetar uma aprovação em um futuro próximo. O próximo passo dessa jornada será o segundo maior e mais consolidado ativo do mercado, o próprio ETH. Já existem pedidos de abertura de ETFs spot de Éther e a discussão deve aquecer cada vez mais após a aprovação dos pedidos relacionados ao BTC. Com isso, teremos um forte influxo de capital institucional no ativo, visto que esse processo trará muito mais acessibilidade de investimento para players regulados.
Investidores otimistas
O indicador Fear & Greed index, que mensura o sentimento dos investidores em relação ao momento atual, está marcando 72 pontos, representando um sentimento de otimismo. O indicador segue estabilizado na faixa de 60 a 74 desde o final de outubro.
A era dos airdrops está apenas começando, mas já entregou bilhões
Uma das melhores formas para alavancar seus retornos no mercado cripto, principalmente se sua carteira ainda não representa um grande valor absoluto, é através da caça de airdrops no mercado. O ano de 2024 será marcado pelos airdrops de grandes projetos, mas essa prática já rendeu muitos resultados aos investidores nos anos anteriores. Como podemos observar na imagem a seguir, os dez maiores airdrops da história "imprimiram" quase US$ 22 bilhões no mercado, levando em conta a cotação dos ativos distribuídos em suas respectivas máximas históricas.
Os dez maiores airdrops da história
Outro ponto interessante é que apenas no ano de 2023, US$ 4,6 bilhões foram "impressos" no mercado. Apesar da grande quantidade de capital, a expectativa é que 2024 seja o maior ano em termos de recompensas distribuídas.
Os maiores airdrops de 2023
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Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 43.801,00 / 7D %: +2,40%
ETH - US$ 2.236,00 / 7D %: -5,12%
USD - 4,87 BRL / 7D %: -2,13%
Cotação atualizada em: 05/01/2024 às 12:30
Sobre o Morning Jog
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