Retrospectiva cripto: Os dez fatos mais relevantes de 2022
Edição de fechamento semanal - 23/12/2022
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Nota da edição: Especialmente neste final de ano, antecipamos nossa edição de fechamento semanal para sexta-feira. Voltaremos com as notícias diárias na terça-feira, dia 27/12.
Desejamos a todos um Feliz Natal !
A semana teve como principal destaque o agravamento da crise de confiança no mercado após auditores anunciarem a interrupção de parcerias com corretoras de criptoativos. No período, a Mazars, auditora da Binance, excluiu os relatórios de validação das provas de reserva da corretora, a Armanino anunciou o encerramento de serviços de auditoria de cripto e as auditorias Deloitte, EY, KPMG e PwC (conhecidas como Big Four) se recusaram a auditar a Binance. Outros destaques da semana foram:
A Visa propôs um sistema de pagamentos automáticos na rede Ethereum;
A Mineradora de bitcoin Core Scientific declarou falência;
Fundos de investimentos aumentaram suas apostas contra ações de mineradoras;
A Raydium, corretora descentralizada (DEX) da rede Solana, sofreu um hack;
O Ren Protocol anunciou que pode encerrar as atividades a qualquer momento;
A Yuga Lab anunciou Daniel Alegre, o ex-presidente da Activision Blizzard, como novo CEO;
Baleias da rede Ethereum movimentaram US$ 30 milhões em ETH após 5 anos de inatividade;
A Polygon fez uma parceria com o Neo Banking Hi para lançar cartões de débito;
As ações da Coinbase atingiram nova mínima e agora acumulam 87% de queda desde o início de 2022.
O ano de 2022 certamente foi um dos mais duros para os investidores de criptoativos. O hype das possibilidades tecnológicas destravadas pela blockchain no ano anterior foi substituído por hacks, bloqueios de patrimônio, descontinuidade de projetos, pressões governamentais, falências, demissões em massa, desconfiança generalizada em stablecoins e corretoras e, sobretudo, pela desvalorização patrimonial. O mercado que era avaliado em US$ 2,185 trilhões em dezembro de 2021, chega ao final deste ano apresentando o valor de US$ 750 bilhões.
No entanto, apesar de um cenário pessimista, acompanhamos a construção e o desenvolvimento dos alicerces para a expansão da Web3 e sua conexão ao dia a dia do usuário. Neste mesmo período, vimos o Merge da rede Ethereum, o crescimento do envolvimento de grandes empresas tradicionais no setor, o desenvolvimento de ferramentas para trazer mais segurança ao investidor e o nascimento de novas camadas de PIB através da tokenização de ativos. Dessa forma, este texto apresentará um panorama sobre os 10 principais destaques do ano, sejam positivos ou negativos, avaliando as principais consequências desses eventos. Vamos a eles!
1. O Colapso da Terra
A rede Terra (LUNA), seu CEO, Do Kwon, e o Protocolo Anchor ganharam destaque no mundo das criptomoedas ao longo de quatro anos, mas tudo terminou em tragédia. A Terra que por muito tempo fomentou uma pirâmide financeira, popularizando um rendimento de 20% aos detentores de seus tokens, entrou em colapso no que pode ser considerado o maior crash financeiro cripto de todos os tempos. A perda estimada é de US$ 60 bilhões, abalando o mercado global e trazendo consequências até os dias correntes.
Existem duas protagonistas neste enredo, o token LUNA e a stablecoin UST. A LUNA custava cerca de US$ 116 em abril e acabou caindo para uma fração de centavos antes de deixar de ser negociada em corretoras. Já a stablecoin perdeu a paridade em relação ao dólar e deixou de ter alguma função existencial. Isso levou Kwon de herói a vilão.
Do Kwon até compartilhou um plano de recuperação para o token e as coisas pareciam promissoras por um breve período de tempo. Mas o token finalmente despencou e foi prontamente abandonado. A TerraLabs acabou lançando uma nova moeda, a Luna 2.0 que também não obteve êxito.
Depois do colapso, houve uma crise de liquidez total no espaço de criptoativos, o que causou uma perda de valor ainda mais catastrófica. A comunidade cripto ainda não se recuperou e Kwon desapareceu do mapa para não ser preso por crimes financeiros.
2. O Merge da rede Ethereum
Em setembro de 2022, presenciamos uma das principais atualizações da história do mercado de criptomoedas, o Merge da rede Ethereum.
Sua finalidade foi mudar o consenso de validação dos blocos da rede Ethereum, do antigo Proof-of-Work para o Proof-of-Stake. Isso acabou com a mineração de Ethers e introduziu oficialmente o modelo de staking para os validadores da rede. O staking funciona como forma de garantia de que os mesmos estão validando corretamente as transações, sob risco de sofrer "slashing", que significa a perda parcial ou total de seus tokens ETH.
Os impactos da atualização já começaram a surgir, reduzindo a emissão de tokens em cerca de 90%, aumentando as recompensas para usuários que participam ativamente do ecossistema, proporcionando mais segurança e reduzindo o custo energético para a manutenção da rede. Apesar disso, a continuidade da situação deflacionária dependerá do nível de atividade da rede e não necessariamente deve se manter assim no curto prazo.
As atualizações ainda alimentam as expectativas para 2023, já que o Merge era peça crucial para o desenrolar dos próximos eventos da rede, sendo eles:
Shangai Upgrade: Previsto para o início de 2023, pretende habilitar os saques dos stake holders da beacon chain, travados desde antes do Merge.
The Surge: Também previsto para o início de 2023, o Surge é a próxima grande etapa no conjunto de atualizações propostas pelos desenvolvedores da rede Ethereum. O objetivo dela é aumentar a escalabilidade da rede e consequentemente diminuir as altas taxas de transação existentes. A ideia é implementar um modelo de shardings através do Danksharding e transformar a estrutura de sua blockchain de monolítica para modular. Isso fará com que a Ethereum atue como uma "settlement layer", na qual as soluções de segunda camada submetam suas provas.
Apesar das recentes desvalorizações, a rede continua, portanto, demonstrando intenso desenvolvimento e entregando uma infraestrutura importante para a expansão da Web3 num futuro próximo.
3. A primeira onda - Voyager, Blockfi, Celsius e 3AC
A redução de liquidez imposta pelos bancos centrais, os efeitos da guerra e o colapso da TerraLabs, aceleraram uma crise de solvência no mercado de criptoativo, iniciando uma primeira grande onda de falências no setor.
Em junho de 2022, o Bitcoin lutava para se manter em US$ 20 mil e Sam Bankman-Fried (SBF), então CEO da FTX, aparecia na imprensa como herói. O agora ex-CEO da FTX começou uma série de iniciativas para resgatar empresas que estavam afundando, se propondo a salvar a Blockfi e a Voyager, além de se tornar o principal pregador da regulamentação dos criptoativos.
Enquanto SBF utilizava a Blockfi e a Voyager para marketing, as empresas penalizavam seus usuários com o bloqueio integral de patrimônio. A Voyager, corretora de criptoativos, fechou as portas com US$ 350 milhões de seus clientes congelados. Já a Blockfi, uma das maiores empresas do segmento de empréstimos cripto, devia entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões.
Nesse mesmo contexto, a Celsius, outra empresa de empréstimos cripto, anunciou falência, revelando um déficit de US$ 1,2 bilhão em seu balanço. A empresa, que se apresentava como uma espécie de banco para usuários cripto, na verdade operava como um fundo de investimentos. Para fornecer os retornos prometidos, a Celsius teve que negociar agressivamente em pools de liquidez repletas de alavancagem e riscos colaterais. Seus rendimentos obscenos alimentaram um suposto esquema de pirâmide que atraiu cada vez mais investidores.
A outra grande história da primeira onda foi a falência de um dos mais conhecidos fundos de cripto: Three Arrows Capital (3AC). Uma vez, queridinho da indústria, descobriu-se que o 3AC tinha os dedos em todos os mercados de empréstimos de criptomoedas. Eles consumiram tanto crédito e alavancagem que se tornaram uma bomba na iminência de explodir.
O 3AC entrou em liquidação em 27 de junho. E segundo a Nansen, empresa de análise, o fundo detinha US$ 10 bilhões em ativos em março, mas aparentemente o valor desapareceu.
4. O Colapso da FTX e da Alameda Research
O impacto de Sam Bankman-Fried (SBF) no universo de criptoativos foi muito além da FTX. Os efeitos de contágio foram desencadeados em protocolos, fundos de investimentos, órgãos reguladores, usuários e, principalmente, em corretoras centralizadas (CEXs).
O estopim da desconfiança começou quando a Coindesk publicou em 02 de novembro uma reportagem detalhando o balanço financeiro da Alameda Research. Segundo a reportagem, o patrimônio da Alameda era de US$ 14,6 bilhões, mas existiam US$ 8 bilhões em dívidas, composta majoritariamente por empréstimos pegos com outras empresas e protocolos do mercado. Dessa forma, em uma eventual necessidade de liquidação dos colaterais para pagar os empréstimos feitos (principalmente de tokens FTT, sua maior posição), a pressão de venda enorme faria o preço de seu token despencar.
O cenário nos dias posteriores, porém, se mostrou ainda mais grave, resultando numa mistura inesperada entre os fundos de clientes depositados na FTX e as dívidas da Alameda, o que impossibilitou que os clientes recuperassem seu dinheiro. Com isso, dia 11 de novembro, foi iniciado o pedido de falência.
As consequências desse evento se estenderam para o mercado de criptoativos de forma geral, mas afetaram especialmente os protocolos em que a FTX e a Alameda detinham investimentos ativos (Solana, Near, Serum, Voyager, Immutable X, Aptos, etc), bem como corretoras atuantes no mercado, tais como: Binance, Crypto.com, Coinbase e Kraken.
No caso das corretoras, estes problemas trouxeram questionamentos sobre sua capacidade de garantir os saques de seus usuários, fomentando discussões sobre provas de reservas e auditorias sobre as mesmas. Dessa forma, em meio a insegurança, empresas como Crypto.com, Binance e Coinbase têm sofrido um processo de intenso saque à medida que usuários ficaram mais propensos a procurar mecanismos de auto-custódia.
5. Grayscale
A Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) - maior fundo de Bitcoin do mundo- virou pauta do mercado depois que a empresa parceira, Genesis Global Capital, afirmou que interromperia os saques de seus clientes como resultado do colapso do império de Sam Bankman-Fried (SBF).
Em meio às incertezas quanto à custódia dos ativos da Grayscale, representantes do fundo afirmaram que sua estrutura fiduciária do GBTC protegia seus detentores e permanecia protegida contra falhas dentro de outras entidades e, portanto, mesmo que a Genesis fosse a falência, os credores não teriam direito sobre os ativos do GBTC. Além disso, divulgaram um relatório detalhando que 635 mil Bitcoins, aproximadamente US$ 10 bilhões, eram mantidos sob custódia da Coinbase. A divulgação, no entanto, não impediu o desconto do Bitcoin do GBTC que atingiu 45,8% em relação ao Bitcoin.
Este no entanto, não foi o único problema do fundo neste ano, a gestora está avaliando opções para recomprar uma parte das ações de seu principal produto (GBTC), caso a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) recuse novamente a aprovação de seu fundo de Bitcoin ser negociado no mercado à vista (ETF).
6. Hacks: a atividade mais rentável de 2022
As perdas financeiras não se limitaram à desvalorização e às ondas de falências em 2022. Talvez os únicos ganhadores do ano foram os hackers, já que os investidores perderam mais de US$ 3 bilhões distribuídos entre ataques de vulnerabilidades, tais como:
Wormhole Bridge: Um hacker roubou cerca de US$ 320 milhões em wETH (Ethereum embrulhado) em 2 de fevereiro. Esse protocolo era responsável pela interoperabilidade entre Solana, Ethereum e Avalanche. Uma vulnerabilidade permitiu que o invasor criasse 120 mil wETH sem nenhum Ethereum subjacente.
Ronin Network: Em março, mais de US$ 620 milhões em ETH e USDC foram roubados da Ronin, uma sidechain da Ethereum construída para o jogo Axie Infinity (AXS). No período, os hackers obtiveram as chaves privadas de quatro endereços controlados pela Sky Mavis, controladora do jogo e fizeram duas transações para extrair 173,6 mil ETHs e 25,5 milhões de USDC.
Horizon e Harmony: Cerca de US$ 100 milhões foram roubados em 23 de junho. A plataforma de interoperabilidade Horizon que conecta as redes blockchain Harmony, Binance Smart Chain e Ethereum foi atacada, perdendo fundos de mais de 50 mil usuários.
Nomad: Em 2 de agosto, hackers invadiram a Nomad, um protocolo que permite operações entre blockchains (cross-chain), roubando cerca de US$ 190 milhões em Bitcoin. O hack foi associado a mudança no código do smart contract da Nomad, que permitiu que usuários mal-intencionados sacassem mais dinheiro do que realmente depositaram.
Binance: Foram roubados US$ 100 milhões em criptomoedas através de um ataque a uma bridge da BNB Chain. Depois de detectar a vulnerabilidade, a blockchain deu um passo incomum e interrompeu transações e transferências de fundos na rede. No entanto, na ocasião, nenhum dinheiro do usuário foi afetado.
Esses eventos não foram isolados e acompanharam um crescente movimento de phishing que afetou diretamente os usuários. Portanto, mantenha seus criptoativos bem protegidos e tome cuidado ao usar bridges. A melhor escolha sempre será manter seus criptoativos na blockchain nativa de seus smart contracts.
7. Metaverso e Nfts
O Metaverso começou o ano em meio ao hype tecnológico. As lands (terrenos digitais) e artes comercializadas através de NFTs vinham de preços insanos, estimulando o nascimento de mais desenvolvimento e o interesse de mais investidores.
No período, várias pessoas relevantes para a cultura pop utilizaram NFTs como avatar de seus principais canais de comunicação, tais como Tom Brady, Madonna, Justin Bieber e Neymar. A maior presença dos NFTs nesses canais de comunicação ajudou o segmento a crescer, chegando em pessoas que potencialmente não tinham contato nenhum com cripto.
Os NFTs também passaram por uma transformação. Exemplos, Punks, Bored Apes e Topshots se tornaram dispositivos de armazenamento de criptoativos.
E, apesar do volume de negociações da OpenSea, principal plataforma de comercialização de NFTs, reduzir em meio a fuga de capital, surgiu um movimento de expansão de grandes marcas para o cenário, tais como Gucci, Dolce & Gabbana, Tiffany & Co e Moncler.
E indo além da arte e dos colecionáveis, os NFTs têm um grande número de casos de uso em potencial a serem explorados. Os casos de uso estão sendo imaginados e explorados durante a crise, além de que as infraestruturas para isso estão cada vez mais robustas.
8. Mudanças nas políticas monetárias globais
Um dos protagonistas da desvalorização dos mercados gerais e, especialmente, dos criptoativos foi o aperto monetário iniciado pelos principais bancos centrais do mundo. A inflação prevista desde o início das políticas econômicas expansionistas que ajudaram os países a enfrentar o COVID finalmente chegou. Assim, o Fed (Federal Reserve) e todos os outros bancos centrais foram forçados a agir. A inflação passou de transitória, para pauta urgente dos governos. Iniciando uma política retracionista sustentada no aumento da taxa de juros, colocando em movimento uma bomba-relógio de recessão que poderia explodir a qualquer momento.
Essa empreitada de aumento dos juros como arma de combate à inflação, não foi percebida imediatamente pela maioria dos investidores. Nos primeiros dias, após a divulgação da primeira ata do Fed (FOMC), o Bitcoin, bússola do mercado cripto, caiu US$ 5 mil e foi negociado por US$ 42 mil. Nesse período, começava a se discutir o início da capitulação dos mercados, narrativa que se estendeu até os dias de hoje. Afinal será que finalmente estamos no fundo ?
O contexto pessimista para os ativos de riscos combinado com cadeias de suprimentos instáveis (efeito colateral do covid) se misturaram à guerra entre Rússia e Ucrânia e às políticas energéticas restritivas.
No dia 23 de fevereiro, o Bitcoin alcançou o patamar de US$ 33 mil, logo após a Rússia autorizar a invasão na Ucrânia. O estopim da guerra gerou uma série de efeitos adjacentes na economia. O conflito expôs a dependência da Europa da energia russa, algo de que os alemães riram apenas alguns anos antes. Além disso, as sanções utilizadas como manobras comerciais para punir a Rússia aumentaram as instabilidades da cadeia de suprimentos, gerando vieses de alta para várias commodities importantes, contribuindo para uma maior dificuldade de combate à inflação.
E assim, seguimos num ano em que três perguntas fizeram parte do vocabulário do investidor: “A inflação chegou ao pico?" “O Fed fará o pivot dos juros?” “A capitulação começou?”
9. Movimento de adoção de grandes instituições
O interesse corporativo em blockchain aumentou em 2022 à medida que as aplicações da tecnologia em outras áreas além da criptomoeda se tornaram mais aparentes. Por exemplo, acompanhamos a utilização da blockchain para melhorar a transparência de cadeias de suprimentos, para criar programas de fidelidade e tokenizar negócios, introduzindo novas fontes de receitas para as empresas. Assim, além da participação mais ativa de bancos e instituições financeiras, tivemos também inúmeras empresas de outros setores explorando a Web3.
Segundo uma pesquisa realizada pela BlockData, das 100 principais empresas do mundo, 44 apresentaram alguma forma de interação com a blockchain no ano de 2022, tais como:
Empresas de Varejo: L’Oreal, Alibaba, Wallmart, McDonalds, Tesla, Disney e Pepsico.
Empresas de serviços financeiros: Bank of America, China Construction Bank, Wells Fargo, JP Morgan, Paypal e Visa.
Saúde: Roche.
Tecnologia: Adobe, Alphabet, Oracle, Intel e Nvidia.
Energia: Shell e Saudi Aramco.
Essas empresas têm demonstrado um direcionamento interno para aproveitar conscientemente o potencial do blockchain ao implementar novas estratégias através da tecnologia.
A blockchain já está influenciando muitos setores e, muito em breve, poderá estar envolvida em todos os mercados. As empresas hoje estão numa corrida para conquistar vantagens competitivas associadas ao pioneirismo.
10. Reconhecimento regulatório
Durante o ano, acompanhamos países como Estados Unidos, China, Índia, Singapura, Canadá, Portugal, França, Espanha, Alemanha e Brasil discutindo aspectos referentes à "regulamentação dos criptoativos”.
E por pior que sejam as pautas de algumas discussões, as tentativas de regulação fomentam o reconhecimento dos governos globais de que o mercado criptoativos existe e cresce. Além disso, a possibilidade de leis no setor podem incentivar o interesse de novos investidores e acelerar a adoção cripto por instituições que buscam mais segurança.
No nosso país, tivemos o desenrolar da "Lei das Criptomoedas". No dia 29 de Novembro, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do projeto de lei (PL) 4.401/2021. Essa lei trouxe regras, como a obrigatoriedade de CNPJ para determinar obrigações tanto para a prestação de serviços relacionados a ativos virtuais quanto para o funcionamento das corretoras de cripto no Brasil.
Dessa forma, acompanhamos o nascimento de uma proposta que pretende promover mais transparência e segurança, mas que ainda não apresenta meios para isso. A lei, ainda gera dúvidas referentes ao escopo do projeto, já que traz um texto genérico que apresenta mais função simbólica do que coberturas suficientes para sanar os anseios de investidores e empresas.
A regulamentação, porém, ainda poderá auxiliar a indústria a se desenvolver e fazer com que haja uma maior adoção por parte dos consumidores. Mas ao mesmo tempo, precisará manter as rodas de discussões ativas para que as características que tornam o mercado de Web3 tão potente e disruptivo, como a descentralização, continuem ativos.
Um ano de muitos aprendizados e construção
O ano de 2022, portanto, foi tudo menos monótono. Houve explosões espetaculares, perdas dolorosas e lições de vida. Aprendemos muito sobre o que funciona e o que não funciona.
E, no meio disso tudo, a construção contínua. Grande parte da infraestrutura baseada em princípios descentralizados continua a funcionar ininterruptamente e as pessoas, governos e empresas terão cada vez mais contato com o setor.
Dança dos criptoativos: dos especuladores para os holders
O indicador Fear & Greed index, que mensura o sentimento de mercado em relação ao momento atual, está em 28 pontos, representado pelo sentimento de “medo”. O indicador apresentou uma leve acentuação desde a semana anterior, quando apresentava 31 pontos.
Neste contexto, os mineradores de bitcoin (BTC) continuam em uma situação delicada, em dezembro uma das maiores mineradoras de bitcoin do mundo, a Core Scientifc, declarou falência. No entanto, agora é possível observar que, durante os últimos 30 dias, as suas participações de BTC estão se recuperando à medida que o interesse de venda do mercado geral esfria, conforme pode ser visto no gráfico abaixo:
Gráfico 1: Bitcoin - Mudança nas posições líquidas de mineradores
Fonte: Glassnode
É importante observar que a capitulação do mercado cripto geralmente remove os vendedores de curto prazo (especuladores) e gradualmente muda o momento para players com uma perspectiva positiva de longo prazo (holders), já que quase todos que iriam vender já o fizeram. Isso normalmente se reflete em um aumento consistente do fornecimento de Bitcoin mantido por endereços por mais de seis meses, apelidadas de "moedas antigas", o que pode ser conferido no abaixo:
Gráfico 2: Bitcoin - Moedas antigas
Fonte: Glassnode
O gráfico mostra que a desvalorização do preço do BTC está sendo acompanhada pelo aumento de alocação de investidores de longo prazo. Essas alocações são menos propensas a serem gastas em um determinado dia e segundo a Glassnode, empresa de análise on-chain, “as moedas antigas normalmente aumentam de volume durante as tendências de baixa do mercado, refletindo uma transferência líquida de riqueza em cripto de novos investidores e especuladores, de volta para investidores pacientes de longo prazo".
Por fim, cronometrar um fundo de mercado durante um evento de capitulação é extremamente difícil, esse processo pode levar meses, se não vários anos, como aconteceu com o Bitcoin entre 2014 e 2016, mas fato é que diferentes indicadores on-chain começam a ficar cada vez mais atrativos. Sendo, porém, importante ficar atento aos fatores off-chain, como aspectos macroeconômicos (inflação, juros, mercado de empregos e incertezas geopolíticas) que podem continuar coordenando e catalisando os movimentos do mercado.
Recomendações de leituras:
“Crypto Project of the Year: Polygon” - Decrypt
“A Graduate Course in Applied Cryptography” - Dan Boneh
“The Man from the Future: The Visionary Life of John von Neumann” - Ananyo Bhattacharya
“PoS: The making of ethereum and the philosophy of blockchains” - Vitalik Buterin
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 16.804,00 / 7D %: -3,16%
ETH - US$ 1.216,00 / 7D %: -3,88%
USD - 5,17 BRL / 7D %: -2,01%
Cotação atualizada em: 22/12/2022 as 21:30
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