Novo tokenomics pode destravar crescimento da Chainlink
Edição de fechamento semanal - 08/10/2022
A Projog agora é Viden!
Web3 é transformação, evolução e, principalmente, descentralização. Para acompanhar essa transição, a Projog se transformou e agora é Viden. Nos adequando a essa nova realidade descentralizada que está chegando, a Viden Ventures é uma empresa com duas áreas de atuação. De um lado, somos uma gestora de ativos digitais no mundo da Web3, metaverso e NFT. Como uma empresa de Venture Capital, somos orientados a teses nativas do mundo cripto. Do outro lado, atuamos como uma research focada em conteúdo de alta qualidade e profundidade voltado para clientes institucionais. Leia nosso texto do Medium com mais informações sobre nossa mudança!
Todos os sábados, logo no comecinho da manhã, um e-mail como esse estará na sua caixa de entrada. A edição de fechamento semanal irá conter um resumo dos principais eventos da semana, um tema de grande relevância que chamou nossa atenção, análises on-chain e recomendações de leituras, para que você aproveite seu fim de semana melhor informado e plenamente consciente das mudanças do mercado cripto. Aproveite!
Fechamos a primeira semana de outubro com alguns destaques importantes. O maior deles foi o hack milionário sofrido pela BNB Chain. Changpeng Zhao, fundador e CEO da Binance, informou que um exploit em uma bridge resultou na mintagem de tokens BNB extras. Isso fez com que ele pedisse que todos os validadores suspendessem temporariamente a rede BSC”. A quantia roubada foi de ao menos US$ 570 milhões, em tokens BNB. Outros destaques da semana serão mencionados a seguir.
O SWIFT, sistema de mensagens financeiras, apresentou seu plano para desenvolver uma rede global de CBDCs
A Binance inaugurou dois escritórios no Brasil, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro.
O Telegram agora permite que usuários troquem criptomoedas entre si.
O jogo Star Atlas lançou uma versão demo na Epic Games Store.
A SEGA vai lançar seu primeiro jogo com tecnologia blockchain.
A OpenSea registrou US$ 144,5 milhões em receita no terceiro trimestre de 2022.
A Optimism teve um crescimento de 500% em usuários ativos desde o mês de julho.
Títulos do Tesouro dos EUA agora representam mais da metade das reservas da stablecoin USDT, da Tether.
O McDonald's começou a aceitar Bitcoin e Tether na cidade suíça de Lugano.
A Mastercard lançou uma nova ferramenta de proteção contra fraudes criptográficas.
A Hugo Boss anunciou uma nova linha de NFTs.
O Banco central da Namíbia disse que Bitcoin pode ser aceito como pagamento.
O CryptoPunk da Three Arrows Capital deve ser liquidado.
Durante os dias 28 e 29 de setembro, tivemos em Nova York a SmartCon 2022, uma das conferências mais importantes do ano. Realizada pela equipe da Chainlink Labs, nela ocorreram vários anúncios importantes para o futuro do projeto, como o anúncio da prova de conceito da Chainlink CCIP (uma espécie de camada de interoperabilidade entre diferentes blockchains), o Fair Sequencing Services (que tem o objetivo de mitigar a prática de MEV, ou Maximal Extractable Value) e o anúncio do seu tokenomics 2.0. Este último é o que discutiremos com maior profundidade durante esta edição, visto que pode impactar diretamente no valor do token do protocolo. Além disso, representa mudanças para novas aplicações e ecossistemas que queiram utilizar os serviços da empresa.
A Chainlink é de longe o protocolo mais integrado entre diferentes ecossistemas e aplicações do mercado, sendo classificado como um protocolo agnóstico. Isso traz a grande vantagem de não depender do sucesso de um ecossistema ou aplicação em específico para se desenvolver. Essa preferência quase que unânime dos protocolos pelos serviços da Chainlink no setor de oráculos descentralizados a classifica, assim como o Bitcoin no setor de meios de pagamentos e diferente da Ethereum no setor de contratos inteligentes, como um "winner takes all". Ou seja, tudo indica que ela será a solução vencedora que dominará o setor. Isso se confirma quando vemos protocolos apresentando a utilização dos serviços da Chainlink como um selo de qualidade. Isso é uma grande vantagem competitiva em relação a seus concorrentes atuais, além de que quanto mais o protocolo for expandindo seus serviços e ficando mais robusto, mais difícil será para algum concorrente tomar seu posto.
Isso passa pela equipe, composta por diversos nomes do setor de criptoativos e também por executivos do mercado tradicional. Seu cofundador e CEO, Sergey Nazarov tem um currículo com formação e experiência prévia no setor. Além de Nazarov, uma das principais contratações para o time foi a de Eric Schmidt, ex CEO do Google, como technical advisor.
A equipe também possui outros nomes conhecidos, como o cientista chefe Ari Juels, professor com longa experiência em criptografia, o CTO Steve Ellis e o vice-presidente de engenharia Benedict Chan.
Além disso, conta a favor a busca de uma aproximação com os reguladores, investidores institucionais e empresas do mercado tradicional, como Google Cloud e Amazon AWS. Isso contribui para facilitar a adoção do protocolo.
Sua ideia inicial era fornecer informações do mundo real que não estão disponíveis em blockchain, com o serviço de "price feeds", ou seja, um serviço de oráculo de cotação de ativos em tempo real para os protocolos DeFi (como, por exemplo, a cotação do Ether em dólar).
Com o tempo, ela foi expandindo progressivamente suas funções. Implementou o conceito de random numbers, utilizado constantemente para mintar NFTs de forma aleatória, a automação de transações descentralizadas por desenvolvedores de contratos inteligentes e agora está desenvolvendo o sistema de interoperabilidade multi-chain, como uma solução de camada zero, a partir do Chainlink CCIP e do setor de MEV com o Fair Sequencing Services.
Apesar disso, um dos pontos fracos do projeto é seu tokenomics. Até agora, ele não conseguia gerar o valor devido ao token holder. Além disso, a oferta circulante de tokens é de apenas 49% da oferta total. Os outros 51% estão concentrados na mão de poucas wallets, que são controladas pelo time. Isso indica que deve ocorrer um despejo de tokens no mercado com o intuito de financiar as operações do protocolo, assim como já vem acontecendo desde o final de 2020. Esse problema vem da distribuição dos tokens feita inicialmente, onde 35% da oferta total foi posto em circulação, 30% foram alocados em uma empresa ligada a Chainlink, chamada SmartContract e os outros 35% foram reservados para pagar recompensas para os nodes da rede. Ou seja, 65% de toda a oferta total estava inicialmente sob responsabilidade da equipe da Chainlink Labs. Isso também tem um lado positivo, visto que há maior segurança de que a Chainlink conseguirá se manter capitalizada por um bom tempo.
O principal pilar do novo tokenomics, anunciado na conferência, é o modelo de staking. Sua versão v0.1 entrou em operação no dia 03 de outubro e nos próximos meses deve ocorrer a implementação da versão v1.
Essa versão inicial é restrita a algumas wallets mais ativas dentro da comunidade. É importante observar que as atribuições do staking de tokens Link evoluirá com o tempo. A ideia é que inicialmente sua implementação seja focada na criação de uma base simples e segura, por meio da qual o feedback pode ser coletado antes de expandir o escopo e de uma maior complexidade ser adicionada. Após essa fase, suas funções devem ser expandidas e naturalmente uma maior quantidade em taxas devem ser disponibilizadas aos stake holders.
Fonte: Chainlink
O investidor de varejo que quiser fazer o staking dos seus tokens deverá esperar a versão v1 ser lançada. Ela irá expandir as funções da v0.1 para pontos importantes, como a mecânica de slashing e a função de "node delegation" - que permitirá a delegação do staking para players especializados. Isso contribuirá para o crescimento de soluções como a Linkpool e trará maior acessibilidade a opção de staking aos investidores varejo, de forma semelhante a qual a Lido Finance faz na rede Ethereum. Um ponto que ainda não está claro é qual será a porcentagem de rentabilidade ganha ao se fazer o staking.
No quesito segurança, o novo modelo de staking - chamado super-linear staking - foi projetado com base em um mecanismo de incentivo e penalidade, de tal forma que para comprometer a segurança da rede de oráculos será necessário uma quantidade imensa de recursos financeiros.
O propósito é tornar o custo necessário para um agente mal intencionado subornar os validadores de informação extremamente alto. Inclusive, maior que os valores que os nodes fornecem através do staking somados. Isso foi pensado de forma que os próprios nodes da rede possam ajudar na função de proteção através da emissão de um alerta caso acreditem que existam informações que não procedem sendo fornecidas, independente se elas venham da maioria dos nodes ou não.
Como funciona o novo modelo de super-linear staking:
O novo modelo de staking da Chainlink funciona de forma que nodes são divididos em dois grupos: o primeiro composto por nodes comuns, que são baratos e simples; e o segundo, composto por nodes com alta reputação na rede da Chainlink, os quais consequentemente recebem maiores taxas e lucros. Uma forma de exemplificar é supor que existem 10 nodes no primeiro grupo, em uma certa rede de oráculos fornecendo informação em tempo real. Eles possuem uma quantidade em staking, dando garantia de que suas informações procedem. Se um deles fornecer a informação errada, perderá parte ou totalmente o valor do staking, o que o desincentiva a continuar na rede.
Porém, caso uma porcentagem maior do total dos nodes fornecer uma informação equivocada em uma tentativa de suborno, como por exemplo 80% do total, não necessariamente essa informação irá passar. Nesse caso, um dos outros nodes presentes tem a capacidade de emitir um alerta. Quando isso ocorre, o segundo grupo composto por nodes de alta reputação é acionado.
Se for comprovado que o node que emitiu o alerta o fez de forma infundada, ele perde todo o staking, sofrendo o que chamamos de slashing. Ou seja, há um incentivo para que os nodes emitam alertas apenas quando realmente existe algo errado.
Porém, se o alerta for realmente fundamentado, o segundo grupo de nodes com alta reputação irá confirmar isso e quem sofrerá o slashing são os nodes que forneceram a informação errada, de forma que todo o staking deles irá para o node que emitiu o alerta. Isso acabará criando um incentivo para o node não cair no suborno, pois quanto mais nodes estiverem tentando burlar a rede e fornecerem informação errada, maior será a recompensa do node legítimo ao emitir o alerta. O gráfico e a imagem abaixo confirmam a necessidade de uma quantia bem maior de recursos financeiros necessários para burlar a segurança do sistema do que a colocada conjuntamente em staking pelos nodes da rede.
Em relação às recompensas ganhas com a prática de staking, a ideia é que à medida que a adoção da rede aumente e o modelo de staking se expanda a mais serviços, mais taxas de protocolo sejam geradas e uma parcela cada vez maior das recompensas de staking possa ser obtida de fontes não baseadas em "emissões" de novos tokens a mercado. Essas devem funcionar apenas para criar um nível base inicial de recompensas com o objetivo de diminuir ao longo do tempo, à medida que outras fontes de recompensas crescem. Quanto mais aplicações pagam para utilizar os serviços de oráculos da Chainlink, maior a quantidade de taxas que serão geradas para recompensar os stake holders que ajudam a garantir esses serviços.
Além do super-linear staking, o tokenomics 2.0 da Chainlink engloba um roadmap de expansão do seu ecossistema. Os principais pontos são o Bild program (um programa que fornece acesso a projetos em early stage aos serviços da Chainlink e ao Scale program (um programa com foco em conectar a Chainlink em novos protocolos de primeira e segunda camada de forma mais barata). Se o modelo de staking por si só já gera valor ao token Link, a combinação desses 3 anúncios que englobam o tokenomics 2.0 podem potencializar isso ainda mais. Isso confirma a visão de longo prazo do protocolo, que busca gerar um ciclo virtuoso de adoção para seus clientes e captura de valor para seus investidores.
Além de seu tokenomics 2.0, foi anunciado na conferência uma grande parceria entre Chainlink e o sistema SWIFT. O diretor de estratégia da SWIFT, Jonathan Ehrenfeld Solé, e o CEO da Chainlink, Sergey Nazarov, anunciaram que o sistema internacional de pagamentos está usando o Cross-Chain Interoperability Protocol (CCIP) em uma prova inicial de conceito (Proof of Concept). O CCIP permitirá que as mensagens do sistema SWIFT instruam transferências de tokens on-chain, ajudando a rede SWIFT a se tornar interoperável em quase todos os ecossistemas blockchain existentes. Na edição de 23 de setembro da Morning Jog falamos sobre as novas soluções de interoperabilidade cross-chain que estão sendo desenvolvidas, entre elas a Chainlink CCIP. Para conferir a edição completa, basta clicar aqui.
Além disso, também foi dado mais detalhes sobre o funcionamento do Fair Sequencing Services, uma solução focada em DEXes. Seu propósito é mitigar a prática do MEV, evitando principalmente a função de sandwich attacks. Também falamos sobre MEV e sobre a função de sandwich attacks na edição de 1º de outubro da Morning Jog, a qual pode ser acessada clicando aqui.
Por fim, com base em todos esses anúncios, a Chainlink aumenta sua utilidade a longo prazo e em consequência, sua proposta de valor. Isso somado a outros fatores como sua dominância em TVS (Total Value Secured) no setor de oráculos e o potencial crescimento do mercado DeFi, o ativo tende a capturar mais valor a partir de agora.
Em contrapartida, não podemos esquecer como será o futuro despejo de tokens ainda travados a mercado, visto que não há uma previsibilidade em relação a isso. A curto prazo, o projeto está crescendo bastante com um maior desenvolvimento em infraestrutura, tecnologia e contratação de pessoal, porém esses precisarão ser financiados de alguma forma.
Novas máximas de Hashrate do bitcoin
O destaque on-chain da semana foi o nível de hashrate do bitcoin, que atingiu sua máxima histórica. Apesar do cenário macro não favorável, isso não impediu a alta do poder de processamento dos mineradores, que chegou a 242 Exahash por segundo. Para se ter uma ordem de grandeza de quanto isso representa, segundo a Glassnode o valor corresponde a todas as 7,753 bilhões de pessoas na Terra, cada uma completando um cálculo de hash SHA-256 aproximadamente 30 bilhões de vezes por segundo. Estes são números extraordinariamente grandes.
É interessante notar que o cenário atual ainda não mostrou uma retomada dos preços, sinalizando que o aumento da hashrate se deve aos hardwares de mineração mais eficientes que estão online e/ou mineradores com saldos superiores tendo uma participação maior de hashpower.
Outra ferramenta interessante para monitorar a atividade dos mineradores é o Mining Pulse. Ela mede o intervalo médio de blocos em relação ao alvo de 600 segundos.
Valores baixos indicam que a produção de blocos está ocorrendo em menos de 600 segundos (10 minutos), sinalizando que o hashrate está crescendo mais rápido do que o ajuste de dificuldade pode acompanhar.
Valores altos indicam que a produção de blocos está ocorrendo em mais de 600 segundos (10 minutos), sinalizando que o hashrate está diminuindo, geralmente em resposta a choques do setor, como eventos de capitulação.
No gráfico a seguir, podemos analisar o comportamento do ciclo de capitulação atual em comparação com os anteriores. Nos picos anteriores, circulados em rosa, podemos observar que a intensidade da diminuição do hashsrate foi bem maior em comparação a queda na capitulação do ciclo atual, em azul. Agora, devemos ficar atentos se isso indica apenas o início em caso de uma queda mais acentuada do mercado ou se reflete uma nova dinâmica à medida que mais poder de hash é detido por empresas de mineração de capital aberto mais bem capitalizadas.
Recomendações de estudos:
“Projog agora é Viden” - Viden Ventures
“Tenha uma visão clara do mercado utilizando o Dune Analytics” - Viden Ventures
“O problema com a capitalização de mercado das criptomoedas” - Blockworks
“Como determinar se um projeto tem um tokenomics bom?” - Crypto Sorted
“Chainlink 2.0 Super-Linear Staking: An Overview” - Chainlink
“Unlocking Cross-Chain Smart Contract Innovation With CCIP” - Chainlink
“Resumo da SmartCon 2022" - Chainlink
“Hashrate Alcança Novas Máximas” - Glassnode
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 19.454,00 / 7D %: -0,21%
ETH - US$ 1.327,00 / 7D %: -0,80%
USD - 5,21 BRL / 7D %: -3,55%