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Nota da edição: Especialmente neste final de ano, antecipamos nossa edição de fechamento semanal para sexta-feira. Voltaremos com as notícias diárias na terça-feira, dia 03/01.
Desejamos a todos um Feliz 2023!
A última semana do ano contou com alguns destaques em território nacional. A "Lei das Criptomoedas" foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro e a Binance anunciou o sobrinho de Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda, como diretor-geral da corretora no Brasil. Entre os outros destaques da semana estão:
As Coleções DeGods e Y00ts anunciaram saída da Solana para Ethereum e Polygon respectivamente;
A Alameda Research liquidou suas posições em diversos tokens e os converteu para Bitcoin;
O índice de volatilidade do bitcoin atingiu sua mínima histórica de acordo com dados do Tradingview.
A Kraken anunciou que encerrará suas operações no Japão;
O ano de 2022 não ocorreu da forma como era previsto há 365 dias. Naquela época, estávamos nos momentos finais de um bull market e desde então presenciamos mais momentos negativos do que positivos no mercado cripto.
Mesmo assim, muita coisa foi construída. Empresas gigantes passaram a olhar a Web3 com outros olhos, reguladores se aproximaram e muitos especuladores e gurus com falsas promessas caíram fora. Para 2023, apesar de o cenário macroeconômico não indicar uma melhora, acreditamos que existem alguns setores do mercado que irão se sobressair e se desenvolver bastante. Nessa última edição da Morning Jog de 2022, traremos cinco das principais tendências que enxergamos no mercado cripto para o ano que se inicia semana que vem.
1 - Soluções de segunda camada serão mais importantes
O setor de escalabilidade da Ethereum se desenvolveu bastante em 2021, porém suas soluções ainda são bastante limitadas. Existem três pontos principais que nos fazem crer que esse setor vai se consolidar em 2023.
The Surge: Após passarmos com sucesso em setembro deste ano pelo The Merge, a próxima etapa do conjunto de atualizações da Ethereum se chama The Surge e está prevista para o primeiro trimestre de 2023. Ela deve implementar o Proto-Danksharding, que tem como foco escalar a Ethereum, transformando sua estrutura de monolítica para modular. Isso na prática vai priorizar soluções de segunda camada, seguindo seu modelo de "rollup-centric roadmap". Basicamente a camada principal da rede funcionará como uma camada de consenso entre os diferentes rollups, os quais cuidarão da execução das transações em si. Ou seja, se o papel dos rollups hoje é importante, após a nova atualização eles serão fundamentais.
Já escrevemos uma edição da Morning Jog sobre os próximos passos pós The Merge, a qual pode ser conferida aqui.
Tecnologia Zero-knowledge: Atualmente as principais soluções de segunda camada da Ethereum são classificadas como Optimistic Rollups, a exemplo de Arbitrum e Optimism. Apesar disso, há um consenso entre os principais desenvolvedores da Ethereum que a tecnologia que vai dominar o futuro das soluções de escalabilidade será os zero-knowledge rollups. Segundo Vitalik Buterin, a tecnologia zk proof (em específico as zk SNARKs) será tão reconhecida e importante quanto a própria tecnologia da blockchain nos próximos dez anos, porém, até o momento, essa tecnologia foi aplicada em apenas alguns casos de uso como para enviar tokens ou negociar NFTs. Sua atuação é limitada pois ainda existe um problema de compatibilidade, com sua implementação em contratos inteligentes sendo mais complexa do que nos optimistic rollups. Este ponto deve ser resolvido pelas soluções de zkEVMs.
As zkEVMs devem expandir a usabilidade das soluções de zk rollups, dando suporte para qualquer contrato inteligente compatível com a Ethereum. No segundo semestre de 2022, três empresas anunciaram suas soluções de zkEVM: Matter Labs (zkSync), Scroll e Polygon, as quais devem ganhar tração em 2023. Além delas, ainda temos a StarkWare, que não se autodenomina uma zkEVM mas tem uma solução parecida com as mencionadas acima também com tecnologia zero-knowledge. Vale ressaltar que a Polygon também está desenvolvendo o Polygon ID, uma solução de privacidade que também utiliza a mesma tecnologia.
Com o desenvolvimento e o aumento de adoção dos usuários por essas soluções, a tecnologia de zero-knowledge tende a crescer significativamente e ganhar market share perante ao setor de soluções de escalabilidade da Ethereum em 2023.
Já escrevemos uma edição da Morning Jog sobre o valor das Zero-knowledge proofs e outra sobre as novas soluções de zkEVM.
Airdrops de grandes projetos: Uma das melhores formas de atrair novos usuários e aumentar o nível de atividade de uma rede é recompensar quem contribui para o ecossistema com tokens do próprio projeto através de airdrops. Assim como existe muita especulação que consequentemente atrai capital mercenário para essas soluções, isso também é uma forma de atrair usuários que pretendem agregar valor a longo prazo. Para 2023, devemos ver airdrops de alguns dos projetos com mais potencial do setor, entre eles, zkSync, Starknet e Arbitrum. Isso deve ajudar na adoção dessas soluções pelos usuários.
2 - Maior interoperabilidade em diferentes ecossistemas
Atualmente, uma das maiores dores do mercado é justamente a falta de interoperabilidade entre as diferentes redes. Tanto que as soluções de bridges (forma encontrada para resolver essa dor a curto prazo) sofreram demais com hacks milionários durante este ano de 2022, a exemplo da Ronin Bridge, a Wormhole Bridge e a Nomad Bridge, a qual fizemos uma edição sobre. Porém, a perspectiva para 2023 é melhor. Existem algumas soluções próximas de entrarem em operação que devem permitir essa integração de forma muito mais segura, como a Chainlink CCIP, a Polygon Avail e a LayerZero. Essas novas soluções que pertencem ao setor de Layer 0 podem ser classificadas como Omnichains. Sua definição é uma plataforma totalmente interoperável que oferece uma infraestrutura comum onde todas as blockchains possam interagir umas com as outras de forma segura, permitindo a transferência de dados sem atrito, com propósito semelhante ao que propõe os sistemas XCM da Polkadot e IBC da Cosmos.
Isso se conecta diretamente com o mercado DeFi, que será o principal beneficiado dessa evolução. Através desses protocolos que estão em fase final de desenvolvimento, as principais aplicações DeFi que já são multi-chain como Uniswap e Aave poderão propor propostas de governança que sejam válidas para suas versões em todas as chains compatíveis e até compartilhar a liquidez de seus contratos em diferentes ecossistemas.
Já escrevemos uma edição da Morning Jog sobre as principais soluções de interoperabilidade cross-chain em desenvolvimento, que pode ser conferida aqui.
3 - Mais usabilidades reais para os NFTs
Vimos em 2022 grandes empresas do mercado tradicional lançando suas próprias coleções de NFTs. Entre alguns exemplos temos o Reddit, a Lacoste e a Havaianas. Porém, para 2023, acreditamos que veremos mais casos de usos além de NFTs servindo como fotos de perfil e permitindo acesso a comunidades. As empresas estão começando a perceber que não devem se limitar ao lançamento de coleções e sim também precisam prestar atenção a outros casos de usos em que o NFT é o "meio" e não o "fim". Um dos setores que mais pode se beneficiar com isso é o de entretenimento, principalmente no que envolve a produção e distribuição de ingressos para jogos, eventos e shows. Com isso, é possível trazer muito mais transparência às vendas, visto que é possível provar a autenticidade de um ingresso (identificar o agente emissor e a data de emissão), além da rastreabilidade (por quais pessoas ele passou e quanto elas pagaram no ingresso), além de permitir uma programabilidade (possibilidade do emissor receber royalties por cada revenda feita, por exemplo). Tudo isso em um marketplace integrado. Já existem alguns exemplos da utilização de NFTs para venda de ingressos, como no evento musical Tomorrowland e nos jogos como mandante do clube de futebol italiano Lazio. Clubes nacionais como o Atlético Mineiro, Flamengo e Vasco da Gama também ensaiam um movimento em relação à adoção de ingressos digitais. Um ponto a se mencionar é que o termo NFT pode acabar caindo cada vez mais em desuso, visto que ele representa a tecnologia por baixo dos panos, além de acabar muitas vezes passando uma imagem negativa na cabeça de uma pessoa leiga com a tecnologia. A exemplo do Reddit que lançou sua própria coleção mencionando o termo "colecionáveis digitais" ao invés de NFTs. Provavelmente, a maioria das pessoas nem vai perceber que seu ingresso ou qualquer outra coisa é um NFT, pois sua experiência de uso pouco vai mudar da forma atual.
4 - Avanço na tokenização de ativos reais
A tokenização de ativos do mundo real vem ganhando força nos últimos meses e tem tudo para se desenvolver ainda mais em 2023. Esse conceito pode ser aplicado a inúmeros setores da economia, como tokenização de commodities, títulos públicos, mercado imobiliário e agronegócio. Isso pode gerar grandes benefícios a essas categorias de ativos, aos emissores e aos investidores.
Dentre os principais estão o aumento da liquidez e da capitalização do mercado em questão, fruto da maior acessibilidade e democratização dos investimentos. A fracionalização de ativos ilíquidos e a possibilidade de os utilizar como colateral no mercado DeFi para pegar empréstimos são apenas alguns dos exemplos que a tokenização de ativos reais permite. Um dos principais insights que tivemos durante o Blockchain Rio, um dos maiores eventos voltados à tecnologia blockchain do Brasil, foi justamente essa aproximação de cripto com ativos do mundo real através da tokenização. Lá, pudemos ver na prática diversas empresas brasileiras falando sobre o potencial do setor nos próximos anos e trabalhando em soluções que resolvem problemas reais da sociedade através da tokenização de ativos e de como isso pode ser feito com respaldo legal. O que deve determinar a intensidade com que essa transformação vai ocorrer são os governos e como se encaminhará o processo regulatório.
5 - Crescimento das Finanças Descentralizadas (DeFi)
Após os recentes acontecimentos envolvendo a quebra da segunda maior corretora de criptomoedas do mundo, a FTX, muitos pensaram que a reputação e a narrativa das criptomoedas foram por água abaixo. Obviamente que isso prejudicou o mercado como um todo, principalmente no processo de adoção da tecnologia e de inserção de novos usuários e investidores, tanto do mercado varejo quanto institucionais, porém, esse caso em específico reforça a tese de que a tecnologia blockchain como uma base transparente e universal de dados e valores monetários é fundamental para o futuro do mercado financeiro e das relações humanas.
A queda da FTX só ocorreu pois ela foi gerenciada de forma centralizada e nada transparente. Não existia prestação de contas quanto aos fundos dos clientes, os investimentos feitos e nem sobre as negociações mais simples como o registro de um swap de ativos além de em seu livro de ordens interno. Isso abriu margem para uma agressiva alavancagem da corretora com os recursos dos clientes, de forma parecida ao que fazem diversos bancos e corretoras do mercado financeiro tradicional. A diferença é que a FTX não tinha nenhum Banco Central para salvá-la quando deu problema.
Em uma corretora descentralizada como a Uniswap, isso jamais aconteceria. Nela, todas as ordens são executadas através de um código aberto de programação, além de que os usuários não precisam delegar a custódia de seus ativos a terceiros e todas as transações ficam registradas em blockchain. Não existe a possibilidade de manipulações, omissões ou alavancagem com recursos alheios.
Os principais protocolos DeFi do mercado saíram fortalecidos desse evento e de 2022 como um todo. Foi um grande teste de stress, sendo fundamental para sua consolidação, visto que seus modelos de operação não foram minimamente afetados e cumpriram exatamente o que era esperado. Isso é importante em um setor que possui apenas poucos anos de existência, ou seja, ainda não passou pelo teste do tempo.
Além disso, três outras tendências apontadas acima complementam a nossa crença no crescimento e fortalecimento das finanças descentralizadas. A primeira é que vimos em 2022 a expansão dos principais protocolos DeFi em blockchains diferentes da Ethereum. Soluções de escalabilidade como Arbitrum e Polygon se desenvolveram, movimento que deve se estender para 2023 para soluções do setor de zk rollups como zkSync, StarkNet, Polygon zkEVM. Dessa forma, o acesso às finanças descentralizadas se torna mais democrático. A segunda é que o desenvolvimento de protocolos de interoperabilidade multi-chain ainda devem proporcionar o compartilhamento de liquidez de diferentes blockchains e permitir, por exemplo, que alguém pegue um empréstimo na Aave da rede Avalanche e coloque como garantia Ethers na Aave da rede Ethereum. Por fim, com a tokenização de ativos do mundo real, o ecossistema DeFi tende a se expandir para além dos ativos criptográficos nativos, como criptomoedas e NFTs.
Depois de um 2022 turbulento, temos um 2023 com cenário macroeconômico incerto devido a uma possível recessão americana, a falta de indícios de que a guerra entre Russia e Ucrânia está próxima e de possíveis danos regulatórios ao mercado cripto por conta da FTX. Independente de tudo isso, o mercado vai continuar focado em construir infraestrutura para que as aplicações e os usuários possam surfar em um próximo ciclo de crescimento, dessa vez trazendo aplicações reais para a sociedade.
Os danos nas Corretoras Centralizadas (CEXs)
O indicador Fear & Greed index, que mensura o sentimento de mercado em relação ao momento atual, está em 27 pontos, representado pelo sentimento de “medo”. O indicador se estabilizou entre 25 e 31 pontos em dezembro, depois de uma queda acentuada no início de novembro, quando estava em 40 pontos e caiu para os 20 pontos.
Os últimos dois meses foram brutais para as corretoras centralizadas. Houve um grande fluxo de saída de criptos das CEXs em uma tentativa de auto custódia dos usuários. Com isso, a quantidade de BTC e ETH nas corretoras bateu seu menor nível em quase cinco anos. Atualmente existem depósitos em contas de corretoras de cerca de 2,2 milhões de BTC ou 11,5% do supply total do ativo e de 19,2 milhões de ETH ou 15,8% do supply total do ativo. A efeito de comparação, essa quantidade de BTC é 31,2% menor do que maior quantidade retida da história, que ocorreu em março deste ano e 41,8% menor do que maior quantidade de ETH retida da história, que ocorreu em agosto deste ano. Isso evidencia a perda de confiança dos usuários em delegar a custódia de seus ativos para terceiros.
Saldo de Bitcoins nas corretoras
Saldo de Ethers nas corretoras
Outra métrica que reforça o dano causado nas corretoras centralizadas são suas provas de reservas. A Binance, maior corretora do mundo, perdeu no último mês mais de 218 mil BTC, o equivalente a mais de US$ 3 bilhões.
Quantidade de BTC com a Binance
Recomendações de leituras:
“Crypto Theses for 2023” - Messari
“2023 Digital Assets Outlook” - The Block
“A few of the things we’re excited about in crypto” - a16z
“Decrypt’s 2022 Crypto Project of the Year: Polygon” - Decrypt
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 16.606,00 / 7D %: -1,35%
ETH - US$ 1.198,00 / 7D %: -1,50%
USD - 5,23 BRL / 7D %: +0,21%
Cotação atualizada em: 29/12/2022 as 10:00
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