O futuro financeiro brasileiro: explorando as possibilidades do Drex
Edição #539 - Fechamento semanal - 16 de março de 2024
O Brasil é um país propenso à inovação no setor financeiro. Esse é um movimento que pudemos observar recentemente com melhorias práticas aos cidadãos, como o open finance, o PIX e agora em desenvolvimento, o Drex.
O Drex é a versão digital da nossa moeda corrente, o real, e está sendo construído em cima de uma infraestrutura blockchain privada, a Hyperledger Besu. Ele tem como objetivo ampliar os casos de uso do Pix e tornar o sistema financeiro nacional mais programável e eficiente, através dos contratos inteligentes que já conhecemos na rede Ethereum.
Com isso, negociações condicionadas, como comprar um carro usado ou alugar uma casa, serão mais simples e seguras, de forma que não haja a necessidade de confiança na contraparte da negociação para que ela ocorra.
O Drex está atualmente no seu projeto-piloto, sendo um dos projetos de CBDC (moeda digital emitida por um banco central) mais avançados do mundo. Diversas iniciativas estão sendo experimentadas em seu ambiente de testes, envolvendo players como Microsoft, AWS, Banco do Brasil, Bradesco, Itau, Nubank, BTG Pactual, B3, Aave, entre muitos outros. Apesar disso, seu desenvolvimento deve atrasar e não tem mais uma data concreta para ser lançado.
Dessa forma, nesta edição de fechamento semanal da Morning Jog, mostraremos alguns casos de uso práticos de como o Drex pode aprimorar o sistema financeiro nacional e as negociações feitas entre pessoas.
Lembrando que todos os exemplos a seguir só são viáveis graças a programabilidade do sistema, trazida pelos contratos inteligentes. Os contratos inteligentes são equivalentes aos contratos tradicionais, sendo pré-programados para atender as necessidades das contrapartes e garantir que tudo ocorra como acordado. Esse recurso foi implementado pela primeira vez em uma estrutura de blockchain na Ethereum, em 2015, e serviu de inspiração para o Banco Central desenvolver seu sistema próprio, que inclusive roda uma cópia da máquina virtual da Ethereum (EVM). Vamos aos exemplos:
Tomada de empréstimos
Obter um empréstimo no banco será mais simples e ocorrerá de uma forma mais eficiente. Com o Drex, será possível contornar a necessidade de avaliação de crédito utilizando como garantia investimentos em renda fixa ou mesmo investimentos do mercado de ações.
Além disso, utilizando por exemplo ações da Petrobras ou títulos do Tesouro Direto como colateral da operação, o investidor não teria a necessidade de vender esses investimentos para conseguir liquidez. Ao mesmo tempo em que o cidadão consegue acesso ao crédito, seus investimentos continuam rendendo durante esse tempo todo. Esse mecanismo também abre margem para a realização de alavancagem.
O sistema de contratos inteligentes permite que as partes envolvidas (banco e cliente) definam as condições do empréstimo, como prazos e juros. Uma vez acordado os valores, se o credor não cumprir as condições previamente definidas, o colateral travado como garantia pode ser automaticamente liquidado à mercado e o recurso usado para quitação da dívida. Isso garante acesso ao crédito com menos burocracia e riscos para ambas as partes.
Esse é um mecanismo já existente em cripto através de protocolos de empréstimos como a Aave, que possui US$ 12 bilhões de valor travado (TVL). A Aave, inclusive, faz parte do ambiente de testes do Banco Central.
Aluguel de imóveis
O processo de aluguel de imóveis no Brasil pode ser simplificado e automatizado através do Drex. Inquilinos e fiadores poderão configurar contratos de aluguel completos, incluindo os pagamentos mensais e a devolução do caução, tudo executado de forma automática na data acordada previamente.
Isso elimina a necessidade de intervenção manual e reduz significativamente os riscos de atrasos ou inadimplência, melhorando a experiência para ambas as partes envolvidas.
Com menos disputas sobre pagamentos e termos contratuais, a automatização desse processo protege tanto inquilinos quanto proprietários e pode estimular mais pessoas a disponibilizarem seus imóveis para aluguel, expandindo o mercado e oferecendo maior variedade de opções para os consumidores.
Negociação de carros usados
O Drex promove uma maior confiança entre os compradores e os vendedores, facilitando as transações de carros usados e evitando conflitos. O medo de pagar e não receber a transferência do veículo é eliminado.
Devido a condicionalidade propiciada pelos contratos inteligentes, o dinheiro só é debitado da conta do comprador do veículo quando o vendedor enviar o Documento Único de Transferência (DUT). Da mesma forma, o DUT só é enviado para o comprador do veículo quando o mesmo tiver enviado o pagamento. Dessa forma, ninguém precisa fazer primeiro o movimento e confiar que o outro irá cumprir com sua contraparte da negociação. Se surgir algum problema em qualquer etapa da operação, o negócio simplesmente não se concretiza.
Esses são apenas alguns dos casos práticos que o Drex pode proporcionar aos cidadãos brasileiros. Os casos de usos serão cada vez mais ampliados conforme os componentes de nossa economia, incluindo escrituras de casas, documentos de carros, ações, títulos públicos, derivativos, entre outros, forem sendo tokenizados, estando assim aptos a interagirem com os contratos inteligentes do Drex e com a moeda corrente nacional em transações condicionadas.
As notícias mais importantes da semana
O Decun Fork atualização da rede ETH,, programado para esta última quarta-feira, foi implementado sem maiores problemas;
A Receita Federal publicou uma nova Instrução Normativa sobre a lei das offshores que criou um imposto de 15% sobre os lucros para Bitcoin e criptomoedas mantidas no exterior, o que inclui a auto-custódia;
O governo de São Paulo lançou um serviço de transferência digital de veículos que usa blockchain e inteligência artificial para agilizar e simplificar o processo de compra e venda de automóveis no estado;
O Bitcoin atingiu seu novo topo histórico e ultrapassou a prata, segunda maior commodity do mundo, para se tornar o oitavo maior ativo em termos de capitalização de mercado;
O protocolo de staking Swell anunciou sua própria L2 da Ethereum utilizando o kit de desenvolvimento da Polygon (CDK) e os serviços da AltLayer e EigenDA;
O jogo MMORPG MapleStory será lançado no ecossistema da Avalanche;
A Solana Foundation deu início ao período de inscrições para o ‘Renaissance’, seu nono Hackathon Global;
A Optimism Foundation realizou uma venda privada de 19,5 milhões de tokens OP, o equivalente a US$ 90 milhões, para um comprador não identificado;
A Eclipse, uma nova Layer 2 da Ethereum que utiliza a linguagem de programação da Solana (SVM), anunciou uma captação de US$ 50 milhões co-liderada pela Placeholder e pela Hack VC;
Ataques de phishing drenaram US$ 105 milhões nos primeiros dois meses de 2024.
Solana atinge máxima histórica de novos endereços!
A Solana vem surpreendendo muitos desde quando ocorreu uma fuga em massa de usuários e o token SOL chegou a despencar para US$ 8.
Desde então, o ativo possui uma valorização de mais de 20 vezes, sendo cotado a aproximadamente US$ 170 atualmente. Apesar de uma parte desse movimento ser de viés especulativo e momentâneo, também podemos pontuar que houve um claro crescimento orgânico no seu ecossistema no último ano, evidenciado pela quantidade de novas carteiras criadas na rede, entre outras métricas.
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“Guia de sobrevivência do mercado cripto” - Morning Jog
“Nossas apostas para o ano que está começando” - Morning Jog
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 68.554,00 / 7D %: -0,75%
ETH - US$ 3.954,00 / 7D %: -6,80%
USD - 4,99 BRL / 7D %: +2,24%
Cotação atualizada em: 15/03/2024 às 12:25
Sobre o Morning Jog
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