Pectra: a atualização que pode redefinir o valor da Ethereum ou selar a sua estagnação
Edição #862 - Dia 29 de março de 2025
Ethereum, a blockchain que moldou as finanças descentralizadas, os tokens não fungíveis e toda uma nova arquitetura da internet, chegou em 2025 diante de uma encruzilhada histórica. Com a aguardada atualização Pectra batendo à porta, investidores, desenvolvedores e usuários se perguntam: essa nova fase será suficiente para valorizar o ETH e revitalizar sua comunidade ou será apenas mais um passo tímido em meio a um cenário cada vez mais competitivo?
A resposta, como tudo no mundo cripto, é multifacetada. Mas uma coisa é certa: A Pectra é a atualização mais importante desde o “The Merge”. E é sobre ela que nos debruçaremos nesta edição semanal da Morning Jog.
Ethereum em 2024: bons fundamentos, mas dúvidas crescentes
O ano de 2024 foi de reconstrução silenciosa para o Ethereum. Embora ofuscado pelo desempenho do Bitcoin e pelo marketing agressivo de redes como Solana e Avalanche, a segunda maior blockchain do mundo apresentou uma performance sólida em seus fundamentos. Em 2024, a rede viu um crescimento substancial de métricas fundamentais, como:
TVL (Total Value Locked) na rede principal subiu 121,6% ano a ano, saltando de US$ 29,9 bilhões para US$ 66,3 bilhões;
Os ETFs de ETH ganharam tração: participações subiram 63,6% no último trimestre, chegando a 3,6 milhões de ETH sob gestão (US$ 11,9 bilhões);
Stablecoins baseadas na rede Ethereum cresceram 65,6%, representando mais da metade do suprimento global (US$ 110 bilhões de US$ 210,5 bilhões);
O volume de negociações em exchanges descentralizadas (DEXs) saltou 126,6% no trimestre, com Uniswap mantendo 80% de market share na rede.
Em um primeiro olhar, esses números sinalizam força. Ainda assim, o token ETH valorizou "apenas" 41,9% em 2024, enquanto o Bitcoin disparou 119,7% no mesmo período. Isso levantou um questionamento crucial dos investidores: por que o ativo que carrega o ecossistema mais vibrante e diversificado do mundo cripto performa tão abaixo do benchmark do setor?
O que está em jogo na atualização Pectra
O hard fork Pectra é a fusão das atualizações Prague (camada de execução) e Electra (camada de consenso). Essa atualização traz um pacote de 11 Propostas de Melhoria da rede Ethereum (EIPs) que atacam diretamente pontos estruturais da rede: escalabilidade, eficiência no staking, simplificação para validadores e a usabilidade para o usuário final.
Os destaques incluem:
- EIP-7702: Abstração de conta para transformar carteiras comuns em "contas inteligentes" durante transações;
- EIP-7691: Dobra a capacidade de blobs por bloco, reduzindo custos para Layer-2s;
- EIP-7251: Aumenta o limite de staking por validador de 32 ETH para 2.048 ETH;
- EIP-7002: Permite saques de staking pela camada de execução, o que gera maior controle ao usuário;
- EIP-2935: Expande o histórico de blocos on-chain de 256 para 8.192 blocos para facilitar as verificações e as aplicações complexas.
Essas mudanças não são cosméticas: elas endereçam gargalos técnicos, aumentam a flexibilidade para stakers institucionais, e pavimentam o caminho para uma Ethereum mais barata, escalável e segura.
Mesmo assim, se você leu até aqui e está pensando "ótimo, mas como isso aumenta o preço do ETH?", vamos conectar os pontos. A atualização Pectra tem potencial para afetar positivamente a dinâmica de oferta e demanda do ETH. Isso pode ocorrer a partir de alguns pontos:
Eficiência e retenção no staking: a expansão do staking institucional é uma dos maiores gatilhos para a valorização. ETFs que incluem staking ainda não estão aprovados, mas estão no radar da SEC e a atualização Pectra pode ser a chave para destravar isso. Com o EIP-7251 e o EIP-7002, o staking se torna: 1) mais simples para instituições operarem validadores em grande escala;2) mais seguro e flexível para investidores delegarem seus ativos sem depender cegamente de operadores. Com 28,4% do ETH em staking no fim de 2024, há espaço para crescimento. Imagine se o ETH atingir os 70% de staking que o token ADA possui atualmente. O choque de oferta pode elevar brutalmente o preço do token.
Custos mais baixos atraem mais usuários para dApps: ao dobrar os blobs (EIP-7691), a atualização Pectra irá reduzir a concorrência por espaço de dados na blockchain, o que irá derrubar as taxas nas redes de segunda camada, como Base, Arbitrum, Blast, entre tantas outras. Redes de segunda camada mais baratas significam mais uso. Mais uso significa mais ETH queimado em transações (graças ao EIP-1559). Mais queima de tokens, deve gerar menos oferta, o que pode acarretar em um preço mais alto.
Wallet abstraction (contas inteligentes) simplificam a experiência do usuário: a EIP-7702 é o empurrão que o mainstream precisava. Imagine poder pagar taxas de gas (necessárias para o uso da rede) em USDC, fazer swap e aprovar tokens em uma única ação e usar subchaves para limites de gastos. Isso traz segurança e conveniência para o usuário não técnico, ampliando a base de adoção.
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Mas a atualização Pectra cria valor para a comunidade?
Além do impacto no preço, a atualização Pectra pode fortalecer a base comunitária do Ethereum, oferecendo melhorias em diversas frentes, se aproximando, cada vez mais, de um sistema operacional financeiro público e aberto.
Desenvolvedores: com histórico estendido de blocos, novos padrões de comunicação entre camadas e mais previsibilidade, será possível construir dApps mais potentes e seguras;
Pequenos stakers: com saques controláveis diretamente da camada de execução, a confiança no staking líquido aumenta;
Pools e DAOs: ganham mais mecanismos de governança e defesa contra operadores maliciosos;
Usuários: experiências mais seguras, baratas e rápidas.
Os riscos e limitações da atualização Pectra
Mas nem tudo são flores. A atualização não é mágica e enfrenta limitações sérias. A maior decepção foi o adiamento do EIP-7594 (PeerDAS), mecanismo revolucionário que permitiria que os nós verificassem a disponibilidade de dados de blobs sem baixá-los por completo — uma espécie de “BitTorrent para Ethereum”. Sem o PeerDAS, a capacidade de blobs dobra, mas continua limitada. Em momentos de pico, as taxas nas L2s ainda podem explodir.
A atualização PeerDAS adiada

Um deles é os problemas vistos com as testnets da rede Ethereum, que passaram a apresentar bugs após ter a versão Pectra implementada no sistema da blockchain. A Holesky travou e a Sepolia teve problemas. Isso mostrou que a atualização Pectra ainda não provou estar pronto para a mainnet.
Além disso, há uma concorrência feroz com as outras blockchains. Solana, Avalanche e Sui estão entregando velocidades muito maiores, com custos muito menores. Isso fez com que a lentidão da Ethereum se tornasse um meme. Se a atualização Pectra for apenas mais uma atualização incremental, corremos o risco de a Ethereum se tornar o Windows XP das blockchains, ou seja, confiável, mas ultrapassado.
Outro ponto relevante é que a crítica vem se intensificando dentro da própria comunidade. Jesse Pollak (Base) e Dankrad Feist (pesquisador de ETH) expressaram publicamente que o roadmap é “pouco ambicioso”. Isso levanta uma dúvida: a estratégia metódica do Ethereum ainda é adequada para o ritmo atual da inovação?
A narrativa: o valor que precede o valor
No mundo cripto, a narrativa constrói o valor antes da tecnologia. E hoje, a Ethereum sofre de uma crise de narrativa. Podemos falar que o Bitcoin é o ouro digital, que a Solana é a blockchain usada pelo trader veloz, enquanto a Avalanche é feita para instituições e a Base serve como um onboarding para novos usuários, uma espécie de Web 2.5. Nessa lógica, a Ethereum é o quê?
Nesse contexto, a atualização Pectra oferece uma chance de reposicionar a Ethereum como o sistema operacional descentralizado da nova internet. Mas isso exige não apenas atualizações técnicas, mas sim de branding.
O preço do Ethereum ao longo do tempo

Pectra pode ser o começo de uma nova era ou o fim da relevância crescente
Se executada com sucesso, a nova atualização dpode atrair capital institucional via staking, pode aumentar a retenção de usuários com uma UX melhorada, pode reduzir os custos e expandir o uso de dApps, pode abrir espaço para a inovação em rollups e para aplicações em redes de segunda camada, além de reforçar a narrativa de que a Ethereum continua sendo a base segura e flexível da web3.
A pergunta, portanto, não é só se o token ETH vai subir com o Pectra, mas se a blockchain ainda irá continuar liderando a revolução descentralizada que ela mesmo iniciou. Para quem acredita que o futuro é construído com segurança, abstração inteligente e coordenação global, a atualização Pectra pode ser uma peça fundamental.
Para quem busca velocidade, User Experience (UX) instantânea, taxas irrisórias, talvez a resposta esteja em outro lugar. O futuro da Ethereum será decidido não apenas pelo código, mas por sua capacidade de inspirar. E o tempo para reconquistar esse espírito é agora.
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