Apesar da sua valorização em relação ao dólar, o ETH vem decepcionando os seus investidores quando comparado a pares como BTC e SOL, que valorizaram 120% e 550% no último ano em comparação a ele. Com isso, muitos investidores ficaram frustrados, revisaram suas estratégias e diminuíram sua exposição ao ativo.
A grande verdade é que pontos fortes desses outros ecossistemas, como o fluxo dos ETFs no caso do Bitcoin e o reaquecimento do ecossistema DeFi e das memecoins no caso da Solana, pesaram mais para esse movimento do que o surgimento de pontos negativos no ecossistema da Ethereum, uma vez que o cripto é um mercado de atenção e precifica crescimento.
No entanto, não podemos ser pessimistas quanto ao futuro da rede quando olhamos para suas métricas e seus catalisadores internos. Seu ecossistema está evoluindo de maneira consistente, seu produto final está ficando cada vez mais pronto e os problemas que existiam a alguns anos atrás estão sendo resolvidos.
Dessa forma, esta edição de fechamento semanal da Morning Jog mostrará qual é o estado atual da rede Ethereum, bem como por que não devemos desanimar com o token ETH devido a sua recente performance de preço. Com isso, mostrará porque ele continua sendo um dos melhores risco-retorno do mercado cripto.
Política monetária do ETH
Das três últimas grandes atualizações da rede, duas aprimoraram significativamente sua política monetária. A EIP-1559 implementou em 2021 o mecanismo de burn, fazendo com que parte dos ETH gastos em taxas de rede fossem queimados e o Merge em 2022 contribuiu para uma diminuição da pressão de venda por parte dos validadores, cortando a emissão de novos tokens em mais de 90%.
Esses marcos possibilitaram que a rede se tornasse deflacionária a depender do seu nível de atividade e desde que o Merge ocorreu a quantidade de ETH em circulação diminuiu, mesmo que em uma intensidade ainda pouco significativa.
Suprimento de ETH com e sem o Merge comparado ao do BTC
Fonte: Ultrasound.money
Isso se soma à mudança de consenso da rede para Proof-of-Stake (PoS) e o consequente processo de retirada de ETH de circulação para validar os novos blocos da rede. Desde que os usuários passaram a poder travar seus tokens em staking, 28,1% de todo o supply em circulação já se encontra travado. A liberação dos saques, ocorrida em abril de 2023, ainda gerou um aumento de confiança no processo e desde então tivemos um aumento de intensidade no staking de ETH.
Quantidade de ETH em staking (valores absolutos)
Fonte: @hildobby
Essa quantidade percentual deve continuar aumentando ao longo dos próximos meses e anos, ainda mais com uma possível futura inclusão do processo de staking dos tokens custodiados por ETFs. Outras redes que são PoS desde sua concepção, como Cardano, Polkadot, Solana e Avalanche possuem todas mais de 50% de seu supply em staking.
L2s mais fortes do que nunca
Se alguns anos atrás o grande volume fora da Ethereum vinha de sidechains como Polygon e BNB Chain, além de outras L1s, atualmente temos um ecossistema pujante de redes construídas em cima da infraestrutura da Ethereum. O que se iniciou com Arbitrum e Optimism, hoje representa um ecossistema de 95 redes de segunda e terceira camada, sem contar as mais de 80 blockchains que ainda estão em desenvolvimento.
O crescimento desse ecossistema de escalabilidade da Ethereum foi de mais de 100% em ETH e mais de 200% em dólar no último ano, puxado pela Base, blockchain da Coinbase que já conta com quase US$ 6 bilhões de valor travado em menos de um ano do seu lançamento.
Redes de escalabilidade da Ethereum
Fonte: L2Beat
Apesar dessa abundância de opções criar o problema de composabilidade, que representa a falta de comunicação e integração de liquidez entre elas, isso resolve o problema de congestionamento na rede principal e das altas taxas para os usuários do varejo.
A última das três grandes atualizações que ocorreram na Ethereum, a Decun Fork, contribuiu ainda mais para isso criando os "blobs", que são um espaço extra nos blocos da Ethereum exclusivo para as L2s submeterem às provas de transações realizadas fora da camada principal. O efeito prático disso foi tornar as taxas dessas L2s, que já eram bem mais baratas do que a rede principal, com um custo inferior a 1 centavo de dólar.
Apesar de a princípio essa diminuição de taxas pagas corresponder a uma menor queima de ETH, um aumento da demanda em igual ou maior proporção fará com que essa dinâmica mude, o que deve acontecer ao longo do tempo.
Atividade de desenvolvedores
Essa métrica nos mostra que apesar do nível atual de desenvolvimento relativamente avançado do ecossistema da Ethereum, novas coisas ainda estão sendo desenvolvidas. Quanto mais atividade de desenvolvimento uma rede tiver, maiores serão as chances do seu produto crescer e ser adotado cada vez mais pelos usuários.
A Ethereum segue sendo a rede com maior quantidade de contribuições de devs e o seu ecossistema de L2s também se encontra bem posicionado em relação a players como Solana e o resto do mercado cripto.
Atividade de desenvolvedores
Fonte: Sentiment
Pectra Upgrade
As principais atualizações da Ethereum já foram concluídas, o que inclui a queima de parte das taxas de transação, a transição da rede para o PoS e a adição dos blobs para as L2s submeterem seus dados. O próximo grande conjunto de atualizações, chamado de Pectra, é menos impactante mas ainda tem sua importância. Ele está previsto para o primeiro trimestre de 2025 e seu foco será em Account Abstraction ou, em outras palavras, na melhoria da experiência do usuário.
Alguns pontos que estão inclusos são a possibilidade das Externally Owned Accounts (EOAs), que nada mais são do que os endereços de carteira que utilizamos para transacionar ativos, integrarem contratos inteligentes em transações específicas, permitindo uma melhoria significativa na experiência dos usuários (EIP-7702). Algumas ações que serão possíveis com isso incluem:
Batched Transactions: Usuários podem assinar um conjunto de transações de uma única vez, como, por exemplo, o approve de interação com o contrato e a efetivação da transação em si;
Patrocínio de taxas: taxas de gás de determinada transação poderão ser pagos por outros endereços de carteira, de forma que não seja necessário possuir saldo em ETH para interagir com a rede.
Gerenciamento de endereços: criação de sub-endereços a partir do seu endereço principal para a realização de tarefas específicas, diminuindo significativamente a probabilidade de hacks;
Também existem outros pontos de melhoria que estão inclusos na Pectra, como a EIP 7251, que propõe o aumento da quantidade máxima para rodar um nó validador de 32 ETH para 2048 ETH. Esse processo deve simplificar a complexidade para rodar grandes operações de validação, além de maximizar a eficiência de pequenos operadores, que poderão rodar nós com uma quantia superior a 32 ETH e inferior a 64 ETH.
ETFs e investidores institucionais
Apesar do interesse institucional nos ETFs de ETH nos EUA ter sido menor do que o inicialmente projetado nessas primeiras semanas de negociação, o fato deles terem sido aprovados por si só já representa um forte catalisador para o ativo.
Podemos dizer que algumas das causas para esse lançamento mais tímido foram o fato do momento atual ter coincidido com uma liquidação de ações de tecnologia, mercado correlacionado com o ativo, o fluxo de liquidez interessado em cripto ter tido vazão inicialmente para o Bitcoin e o fato do mercado financeiro tradicional ainda não ter entendido muito bem a diferença entre esses dois ativos na prática, os classificando apenas como ativos voláteis do mercado de tecnologia.
Ao longo do tempo é natural que isso mude e investidores, que agora tem fácil exposição ao ativo, aumentem sua exposição a ele.
Posto todos esses pontos, podemos concluir que os fundamentos do ETH estão mais fortes do que nunca, com progressos acontecendo em sua rede, métricas positivas e catalisadores internos favoráveis para o ativo no médio e longo prazo. O fato da performance de preço no último ano não ter sido tão favorável quanto a de outros ativos, isso não quer dizer que devemos mudar nossa visão sobre ele. O mercado cripto não é uma corrida e sim uma maratona. Nele, o investidor que muda de estratégia e fica pulando de narrativa em narrativa unicamente pela performance de preços tende a ter um resultado pior ao longo do ciclo do que os que se mantêm convictos em suas teses e não deixam que fatores momentâneos os influenciem.
As notícias mais importantes da semana
O Banco Central (BC) divulgou os casos de uso para serem testados na segunda fase do projeto piloto do Drex;
A gestora Hashdex e o BTG Pactual vão lançar nesta sexta-feira, o mais novo ETF de Solana da Bolsa de Valores;
A Uniswap Labs, entidade responsável pela Uniswap, foi multada em US$ 175 mil pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC);
O protocolo Penpie, construído sobre a Pendle, sofreu um ataque que resultou na perda de aproximadamente US$ 27 milhões em criptoativos;
A blockchain Cardano ativou a atualização "Chang" neste domingo, marcando uma mudança significativa para a governança descentralizada do ecossistema;
O CEO da Ripple, Brad Garlinghouse, revelou que a empresa deve lançar sua stablecoin, chamada Ripple USD (RLUSD) nas próximas semanas;
A EigenLayer anunciou sua segunda temporada de "stakedrop", planejando distribuir 86 milhões de tokens EIGEN para usuários;
A Pump.Fun, popular plataforma de criação de memecoins na rede Solana, ultrapassou a marca de US$ 100 milhões em receita acumulada desde seu lançamento em janeiro deste ano;
O projeto DeFi da família Trump, World Liberty Financial, anunciou que pretende "assegurar o domínio do dólar americano" promovendo a adoção em massa de stablecoins lastreadas em dólares.
Links recomendados
“Decifrando os ciclos de mercado com análise on-chain” - Morning jog
“Conheça estratégias para maximizar seus ativos em hold” - Morning jog
“Polymarket: o termômetro de eventos globais” - Morning Jog
“Por dentro dos movimentos de mercado com o DeBank” - Morning Jog
Fechamento semanal do mercado:
BTC - US$ 53.532,00 / 7D %: -9,80%
ETH - US$ 2.226,00 / 7D %: -12,25%
USD - 5,59 BRL / 7D %: -1,12%
Cotação atualizada em: 06/09/2024 às 16:00
Sobre o Morning Jog
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