O protocolo que descobriu como fazer bancos pagarem pela própria transformação
Edição #978 - Dia 16 de agosto de 2025
Três movimentos em uma semana. Nenhum deles particularmente chamativo. Nenhum pump de 50% ou uma parceria com uma celebridade. Apenas infraestrutura sendo construída, contratos sendo assinados, receita sendo convertida em tokens. A Chainlink está fazendo algo que o mercado cripto ainda não tinha visto: construindo um negócio que parece... um negócio.
Enquanto o bitcoin testava os US$ 121 mil e o mercado debatia se era hora de realizar lucros, a Chainlink executava uma sequência calculada. Primeiro, expandiu o Data Streams para incluir ações e ETFs americanos, tendo agora a Apple (AAPL), Nvidia (NVDA), SPY (um ETF que replica o índice S&P 500) e QQQ (um ETF que replica o índice S&P 100) disponíveis em 37 blockchains. Depois, anunciou a Chainlink Reserve, um mecanismo que converte toda receita corporativa em LINK e trava indefinidamente. Por fim, a Intercontinental Exchange, dona da bolsa de valores de Nova York (NYSE), integrou seus dados de forex e metais preciosos à infraestrutura do protocolo.
Cada anúncio reforçou a mesma tese: enquanto discutimos se blockchain vai substituir bancos, a Chainlink está ocupada cobrando desses mesmos bancos para construir as pontes que eles precisam. E cobrando bem.
A máquina de converter clientes corporativos em holders involuntários
A lista de clientes da Chainlink poderia ser confundida com o índice S&P 500 do sistema financeiro: Swift, Euroclear, JPMorgan, Mastercard, UBS, BNP Paribas, ANZ, Fidelity, Banco Central do Brasil. Cada um pagando para testar como tokenizar ativos, liquidar transações, conectar sistemas tradicionais a blockchain.
O piloto com Swift e UBS no Project Guardian de Singapura demonstrou algo notável: fundos tokenizados liquidando através das mesmas estruturas que movem US$ 150 trilhões anuais hoje. A Chainlink não está substituindo o Swift. Está tornando-o compatível com o futuro. Se isso é revolução ou evolução, talvez seja questão de semântica.
A parceria com Mastercard permite que 3 bilhões de portadores de cartão comprem cripto diretamente em DEXs. Sem wallets complicadas, sem tutoriais no YouTube. A Mastercard processa US$ 8 trilhões anuais. Se uma fração microscópica fluir através da Chainlink, os números ficam interessantes rapidamente.
Mas o desenvolvimento mais intrigante é a Chainlink Reserve. O mecanismo funciona da seguinte maneira: toda receita, seja de Mastercard pagando por interoperabilidade ou JPMorgan por oráculos, é automaticamente convertida para LINK e depositada numa reserva que não prevê saques "por múltiplos anos".
Com receita anual já nas centenas de milhões e supply circulante de 680 milhões de um total de 1 bilhão, cada milhão retirado representa 0,15% do supply. Não é burning porque os tokens ainda existem. Não é staking porque não há yield. É algo novo: acumulação corporativa perpétua.
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O dashboard público mostra tudo em tempo real. Transparência total o quanto entra, opacidade completa sobre quando (ou se) sai. JPMorgan paga por serviços, financia pressão de compra. A Mastercard compra interoperabilidade, subsidia acumulação. É um modelo interessante, mas ainda não testado em escala.
E aqui surge a questão central para o investidor de varejo: como se posicionar diante dessa dinâmica? O token LINK negocia hoje em US$ 23, ainda 56% abaixo da máxima histórica de US$ 52,99. O volume diário de US$ 1,2 bilhão indica liquidez saudável, mas também reflete a tensão entre narrativa institucional e a realidade de preço.
Para quem comprou no topo em 2021, a paciência está sendo testada. Para quem entrou recentemente, a equação é diferente: você está apostando que a adoção institucional eventualmente se traduza em valorização, mas o timing e a magnitude são incertos. Não há dividendos, a governança é limitada e a participação direta na receita é inexistente. O que existe é exposição indireta via a Reserve, mecanismo novo cujos efeitos de longo prazo ainda são teóricos. Além de mecanismos em expansão, como o staking.
A Chainlink já controla 90% do mercado de oráculos DeFi. Aave, Compound, Synthetix, todos dependem dela. Com a entrada de JPMorgan, Swift e Mastercard, a concentração de risco aumenta. Se a rede de oracles descentralizados da Chainlink falharem, o impacto seria sistêmico. Isso é poder de mercado real, mas o poder de mercado nem sempre se traduz linearmente em valorização do preço de um token.
Sergey Nazarov, o fundador que mantém um perfil baixo o suficiente para alimentar teorias de que seria Satoshi, compara a Chainlink a bens públicos, como os correios ou rodovias. A comparação é instrutiva: a infraestrutura crítica tende a ser valorizada pela estabilidade, não pelo crescimento explosivo.
2025-2030: entre adoção institucional e realidade de mercado
Nazarov tem sido consistente em sua visão. Em entrevista recente, declarou que 2025 marca "a próxima e última etapa da adoção blockchain", que seria a entrada de governos. É uma afirmação forte que merece análise cuidadosa.
O Chainlink Runtime Environment (CRE), lançado em 2024, é a infraestrutura desenhada para essa expansão. Uma plataforma modular que funciona em qualquer blockchain, com qualquer dado. A ambição é clara e os clientes institucionais parecem validá-la com contratos reais.
Analistas projetam o token LINK entre US$ 25-30 no curto prazo, com alvos de US$ 48-100 até 2030. Para horizontes mais longos, há projeções de US$ 787 para 2050. São números que devem ser lidos com contexto: refletem potencial, não garantias. O Cross-Chain Interoperability Protocol (CCIP) conecta 50 blockchains e assegura US$ 24 bilhões em ativos tokenizados. Cada nova blockchain é mais uma fonte de receita. Cada instituição que entra valida o modelo. Mas validação institucional e retorno para holders são métricas distintas que nem sempre convergem.
Nazarov fala em "Internet of Contracts", o que representaria a convergência entre DeFi e os mercados de capitais. Com isso, viriam fundos tokenizados precisando de dados NAV (Net Asset Value, que é o valor real dos ativos do fundo) e, por exemplo, CBDCs potencialmente rodando em infraestrutura Chainlink. São desenvolvimentos significativos que justificam a atenção.
Os números do mercado endereçável impressionam. Fundos mútuos equivaleme a US$ 63 trilhões globalmente. Se 5% a 10% tokenizar até 2030, o que não é impossível dado o momentum regulatório, a Chainlink estaria no centro de trilhões em valor. Cobrando basis points (unidade de medida usada no mercado financeiro para expressar variações percentuais pequenas, como taxas de administração) sobre esse volume, a receita poderia escalar dramaticamente. A questão é como isso se traduz para o token.
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Nesse caso, a Reserve cria um mecanismo interessante: a receita vira pressão constante de compra. Mas também existem contrapressões. A Pyth Network já captura 5% do mercado de oráculos. API3, Band Protocol e outros também competem. Mais importante: grandes instituições têm recursos para construir soluções próprias se os custos se justificarem.
Para o investidor de varejo, a decisão requer análise sóbria. Chainlink tem fundamentos sólidos: receita real, clientes tier-1 e posição dominante de mercado. Mas também tem desafios: token sem dividendos, competição emergente e o eterno gap entre adoção e preço que caracteriza muitos tokens de infraestrutura.
A expansão para dados de ações através da ICE (controladora da bolsa de Nova York) e o trabalho com DTCC, Fidelity e Sygnum para padronizar dados NAV são desenvolvimentos concretos. Quando trilhões dependem de um padrão, ele tende a persistir. Isso cria um moat defensivo real.
Assim, 2025 e 2026 pode ser um período decisivo, como Nazarov sugere. Se governos e bancos centrais adotarem a Chainlink para CBDCs e tokenização, o protocolo se torna efetivamente permanente. Switching costs (o custo de troca) tornam a mudança impraticável. É o tipo de lock-in que investidores de longo prazo valorizam.
Mas há nuances importantes. Utilidade crítica não garante valorização explosiva. Veja protocolos de internet: TCP/IP é essencial, mas não é negociável. A diferença é que o token LINK tem mecanismos de captura de valor, agora, principalmente através da reserva de recompra de tokens. A questão é se são suficientes.
O modelo da reserva é novo e seus efeitos de longo prazo, não testados. Em teoria, cria pressão de compra perpétua proporcional ao sucesso comercial. Na prática, os mercados são mais complexos. Liquidez, sentimento de mercado, cenário macro e competição: tudo influencia o preço independentemente de fundamentos.
Para quem considera LINK, algumas perguntas são essenciais: Você acredita que a tokenização é inevitável? Que Chainlink manterá uma posição dominante? Que a reserva criará escassez significativa? Que a regulação favorecerá as empresas já estabelecidas? Que o time da Chainlink continuará entregando soluções inovadoras? Suas respostas determinam se LINK faz sentido ou não no seu portfólio.
O cenário base parece ser: Chainlink continua dominando oráculos, expande para mercados institucionais, gera receita crescente que alimenta a reserva. Isso provavelmente suporta valorização gradual, não necessariamente explosiva. LINK como investimento sólido de infraestrutura, não como um moonshot especulativo.
Cenários alternativos existem. A competição pode intensificar. As instituições podem internalizar soluções. A regulação pode mudar. Ou, no lado positivo, a adoção pode acelerar além das expectativas, criando efeitos de rede que tornam Chainlink indispensável. É a natureza de investir em infraestrutura emergente.
A Chainlink descobriu como monetizar a ponte entre dois mundos financeiros. Se isso se traduz em retornos excepcionais para holders de LINK depende da execução, timing e um pouco de sorte. Não é aposta binária de sucesso ou fracasso, mas questão de magnitude e tempo.
Para o varejo, talvez a abordagem mais sensata seja tratar LINK como o que parece estar se tornando: infraestrutura crítica com modelo de negócio comprovado, não loteria cripto. Então, ajuste as expectativas e o tamanho da posição de forma adequada.
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