2025: O ano em que o cripto virou gente grande (ou quase)
Edição #1086 - Dia 20 de dezembro de 2025
Se alguém dissesse em janeiro que veríamos Bitcoin flertando com US$ 126 mil, Trump criando uma reserva estratégica de BTC e a Circle virando a queridinha de Wall Street, você provavelmente pediria para checarem a sobriedade dessa pessoa. Mas 2025 foi exatamente isso: o ano em que as criptomoedas deixaram de ser aquele primo esquisito da família financeira para sentar à mesa principal, mesmo que ainda derrubando o vinho ocasionalmente.
Depois de sobreviver ao inverno cripto de 2022 e à ressaca regulatória de 2023, o mercado entrou em 2025 com aquela energia de quem acabou de sair da academia: confiante, mas ainda com algumas dores musculares. O resultado? Doze meses que redefiniram não apenas preços, mas a própria estrutura do ecossistema. De Washington aprovando a primeira regulação federal de stablecoins até Ethereum dobrando sua capacidade de processamento, cada trimestre trouxe mudanças que, há poucos anos, pareciam ficção científica.
Claro, nem tudo foram flores. Enquanto as instituições despejavam bilhões em ETFs de Bitcoin, o mercado também assistiu a saídas recordes, condenações históricas e aquela volatilidade que faz o coração acelerar (e não necessariamente de alegria). Mas no balanço final, 2025 foi o ano em que o cripto começou a responder àquela pergunta incômoda que todo tio faz no Natal: “Mas isso serve pra quê mesmo?”
Bom, serve para bastante coisa. Vamos aos fatos.
Bitcoin: a montanha-russa dos US$100 mil
Janeiro trouxe algo que parecia inevitável mas ainda surpreendia: o Bitcoin finalmente ultrapassou a barreira psicológica dos US$ 100 mil. O ATH veio pouco depois, com o BTC alcançando impressionantes US$ 122-126 mil em outubro, impulsionado por uma combinação de demanda institucional via ETFs e otimismo político renovado. A Standard Chartered estimou que aproximadamente 3% do total de Bitcoins já minerados foram comprados por dinheiro institucional apenas em 2024, tendência que se acelerou em 2025.
Mas o que sobe também desce… e como desce. Novembro trouxe uma correção brutal, com Bitcoin despencando mais de 33% para cerca de US$ 84 mil, registrando saídas recordes de US$ 3,79 bilhões dos ETFs spot somente naquele mês. O iShares Bitcoin Trust (IBIT) da BlackRock registrou seu maior êxodo semanal desde o lançamento, perdendo US$ 2,7 bilhões em cinco semanas consecutivas.
A volatilidade não ofuscou uma verdade importante: o Bitcoin ETF da BlackRock se tornou a linha de produtos mais lucrativa da gestora, gerando US$ 245 milhões em taxas anualizadas até outubro e atingindo US$ 70,7 bilhões em ativos, um feito notável para um produto lançado apenas em janeiro de 2024. Os ETFs de Bitcoin agora controlam mais de 3% do supply total de BTC.
A Casa Branca abraçou cripto (literalmente)
Trump voltou à presidência não apenas com promessas, mas com ações concretas que transformaram o relacionamento entre Washington e as criptomoedas. Em 23 de janeiro, assinou uma ordem executiva estabelecendo a política federal de “apoiar o crescimento responsável de ativos digitais”, criando o Grupo de Trabalho Presidencial sobre Mercados de Ativos Digitais e revogando as políticas da era Biden.
A jogada mais ousada veio em 7 de março: a criação da Reserva Estratégica de Bitcoin. Capitalizada inicialmente com Bitcoins confiscados em processos criminais (estimados em 207 mil BTC, cerca de US$ 17 bilhões), a reserva posicionou os EUA como líder global em estratégia governamental de ativos digitais. O projeto de lei BITCOIN Act vai ainda mais longe, propondo a compra direta de 1 milhão de BTC para espelhar as reservas de ouro federais, aproximadamente 5% do supply total.
David Sacks, nomeado “Czar de IA e Cripto” da Casa Branca, descreveu a iniciativa como “um Fort Knox digital” para criptomoedas. Críticos como a congressista Maxine Waters chamaram a ideia de “boba”, argumentando que cripto não é “um insumo essencial que impulsiona a economia dos EUA”. Mas o mercado respondeu com entusiasmo renovado.
GENIUS Act: Stablecoins ganharam o seu passaporte
Depois de anos de zona cinzenta regulatória, o Senado aprovou o GENIUS Act em 17 de junho com 68 votos a favor, se tornando a primeira legislação federal sobre ativos digitais. A Câmara seguiu em 17 de julho, e Trump sancionou a lei em 18 de julho de 2025, estabelecendo o framework regulatório para stablecoins lastreadas em dólar.
A lei exige que emissores mantenham reservas 1:1 em ativos permitidos (moedas, depósitos bancários segurados, Treasury bills de curto prazo) e publiquem relatórios periódicos auditados. Emissores com mais de US$ 50 bilhões em circulação devem apresentar demonstrações financeiras anuais completas. O GENIUS Act também esclareceu que stablecoins de pagamento não são valores mobiliários nem commodities, removendo-os da jurisdição da SEC e CFTC.
O mercado de stablecoins, avaliado em US$ 256 bilhões em junho, já alocava aproximadamente 80% desse valor em Treasury bills e acordos de recompra, cerca de US$ 200 bilhões em demanda por dívida governamental de curto prazo. Com regulação clara, analistas esperam expansão significativa.
Circle: o IPO que deixou todo mundo de queixo caído
Em 5 de junho, a Circle Internet Financial estreou na NYSE em um dos IPOs mais explosivos da história americana. Levantando US$ 500 milhões, a empresa viu suas ações subirem até 750% no primeiro mês, tornando-se o IPO mais explosivo de qualquer empresa americana, arrecadando US$ 500 milhões ou mais desde 1980.
O timing foi perfeito: a aprovação do GENIUS Act duas semanas depois validou o modelo de negócio da Circle. Seu USDC, a segunda maior stablecoin com aproximadamente 30% de market share, beneficiou-se da clareza regulatória. BlackRock, Fidelity e diversos fundos soberanos assumiram posições, apostando no crescimento de longo prazo.
Cathie Wood da ARK Investment vendeu parte de suas participações após a valorização inicial, causando um recuo de 7,7%, mas o interesse institucional permaneceu robusto. Em 30 de junho, a Circle aplicou para obter a licença de banco fiduciário nacional, visando supervisão completa do OCC para gestão do USDC. Parcerias com Fiserv, Shopify e pilotos com Amazon e Walmart sinalizam que USDC pode se tornar infraestrutura central para pagamentos de próxima geração.
Altcoins ganham holofotes: ETFs de Solana e XRP
O sucesso dos ETFs de Bitcoin e Ethereum em 2024 pavimentou o caminho para produtos similares de outras criptomoedas. Em 15 de julho, a ProShares lançou ETFs alavancados de Solana (SLON) e XRP (UXRP), oferecendo exposição 2x usando contratos futuros regulados. A aprovação da NYSE Arca, coordenada com a SEC, marcou um avanço significativo.
Até setembro, a SEC havia aprovado padrões genéricos de listagem para ETFs cripto, acelerando o processo de lançamento. O ETF de Solana acumulou US$ 230 milhões em ativos, enquanto o ETF de XRP atingiu US$ 200 milhões. Analistas da Bloomberg elevaram as probabilidades de aprovação de ETFs spot para 95% para Litecoin, Solana e XRP, com 90% para Dogecoin, Cardano, Polkadot, Hedera e Avalanche.
O mercado Polymarket mostrava 99% de probabilidade de aprovação de ETF spot de XRP até o fim de 2025, após a Ripple encerrar sua batalha legal com a SEC em agosto e XRP futures completarem os seis meses necessários de negociação regulada. ETFs de XRP e Solana registraram inflows combinados de US$ 410 milhões e US$ 531 milhões, respectivamente, enquanto Bitcoin enfrentava saídas, sinalizando diversificação dos investidores.
Ethereum dobra a aposta: Pectra e Fusaka
Enquanto o Bitcoin dominava manchetes, Ethereum passou por transformações técnicas profundas. A atualização Pectra em maio combinou as hard forks Prague (camada de execução) e Electra (camada de consenso), implementando 11 EIPs focados em eficiência de staking, usabilidade de carteiras e performance da rede. Destaque para o EIP-7702, introduzindo recursos de account abstraction, e mudanças nos parâmetros de validadores, permitindo consolidação de até 2.048 ETH por validador.
A coroação veio em 3 de dezembro com Fusaka, a segunda grande atualização do ano. Implementando 11-13 EIPs, Fusaka focou em escalabilidade e disponibilidade de dados. O PeerDAS (Peer Data Availability Sampling, EIP-7594) permite que validadores verifiquem dados de rollups sem baixar tudo, reduzindo requisitos de largura de banda e storage. A atualização também aumentou o limite de gas de 30 milhões para 150 milhões de unidades por bloco.
Os Blob-Parameter-Only (BPO) forks subsequentes elevaram a capacidade de blobs de 6/9 para 14/21 (target/máximo) em dezembro, abrindo caminho para throughput de Layer 2s superior a 100 mil TPS quando combinado com o L1. Analistas estimam que a Fusaka pode reduzir taxas de dados das redes de segunda camada em 40-60%, especialmente para casos de uso de alto volume.
O mercado respondeu positivamente. Com mais de 3,5 milhões de ETH agora em compounding e a fila de ativação de validadores atingindo recorde de 1,3 milhão de ETH aguardando, Ethereum consolida sua posição como a blockchain dominante para DeFi, hospedando 63% de todos os protocolos e US$ 78,1 bilhões em TVL.
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DeFi: a maturidade chegou (junto com os bilhões)
O setor de finanças descentralizadas encerrou 2025 com Total Value Locked (TVL) de US$ 123,6-143 bilhões, crescimento de 41% em relação ao ano anterior. A recuperação foi liderada por Ethereum, mantendo US$ 78,1 bilhões (63% do total), seguido por BNB Chain (US$ 7,9 bilhões), Arbitrum (US$ 10,4 bilhões) e Solana processando impressionantes 81% do volume mundial de exchanges descentralizadas.
Os protocolos de lending viram empréstimos ativos ultrapassarem US$ 55 bilhões em junho, com a Aave detendo US$ 20,38 bilhões em TVL e US$16,5 bilhões em empréstimos ativos. Liquid staking emergiu como a maior categoria por valor travado, representando 27% do TVL total, com Lido gerenciando sozinho US$ 34,8 bilhões.
O market cap combinado dos top 100 tokens DeFi atingiu US$ 98,4 bilhões em Q2, alta de 38% contra US$ 71,2 bilhões do ano anterior. UNI liderou com US$ 12,3 bilhões, seguido por LDO (US$ 9,1 bilhões) e AAVE (US$ 7,5 bilhões). Em termos de adoção, carteiras únicas interagindo com DeFi superaram 14,2 milhões até meados do ano, com atividade cross-chain crescendo 52% impulsionada por pontes e expansão de Layer 2.
Destaque para a melhoria em segurança: ataques de governança caíram para apenas 6 casos conhecidos em 2025, uso de ferramentas de verificação formal aumentou 61%, e 78% dos protocolos ativos integraram firewalls DeFi. A adoção móvel cresceu 45%, representando 58% dos usuários totais.
Do Kwon: 15 anos e a conta da justiça
Se 2022 foi o ano do colapso da Terra-Luna, 2025 foi o acerto de contas. Em 11 de dezembro, o fundador da Terraform Labs, Do Kwon, foi sentenciado a 15 anos de prisão por orquestrar uma das maiores fraudes cripto da história. O juiz Paul Engelmayer do Distrito Sul de Nova York rejeitou tanto a recomendação de promotores (12 anos) quanto da defesa (5 anos), chamando a sentença sugerida pela promotoria de “excessivamente leniente” e a da defesa de “completamente inconcebível”.
O colapso do ecossistema Terra em maio de 2022 eliminou mais de US$ 40 bilhões em valor de mercado, com perdas superando a soma de FTX, Celsius e OneCoin. A stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) e sua token irmã LUNA implodiram em dias, desencadeando cascatas de crises através dos mercados cripto.
Promotores revelaram que Kwon mentiu sobre a estabilidade do protocolo Terra. Quando o UST perdeu seu peg de US$ 1 em maio de 2021, Kwon secretamente pagou uma firma de high-frequency trading para comprar milhões em UST e artificialmente restaurar o peg, contradizendo suas alegações públicas de que o protocolo funcionava autonomamente. Quando o sistema colapsou novamente em 2022, o mercado era 9x maior.
Após o colapso, Kwon fugiu, sendo capturado em Montenegro em março de 2023 tentando viajar com passaporte falso. Extraditado aos EUA em dezembro de 2024, declarou-se culpado em agosto de 2025. Como parte do acordo, concordou em confiscar mais de US$ 19 milhões. Um acordo paralelo com a SEC de US$ 4,5 bilhões aguarda compensação total de investidores.
A sentença estabelece precedente importante. Com Sam Bankman-Fried cumprindo 25 anos e Alex Mashinsky 12, o sistema judicial americano deixa claro: fraude cripto tem consequências severas.
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Bancos cripto ganham carta norte-americana
Em mudança histórica, o Office of the Comptroller of the Currency concedeu aprovação condicional para que Ripple, Circle, Paxos, BitGo e Fidelity Digital Assets se convertessem em bancos fiduciários, conectando-os diretamente ao sistema de pagamentos do Federal Reserve. Respaldada pelo GENIUS Act, a medida permite liquidação de stablecoins 24/7 e reduz risco de contraparte bancária.
Brad Garlinghouse, CEO da Ripple, celebrou: “Isso é um passo massivo — primeiro para RLUSD, estabelecendo o mais alto padrão de compliance”. A American Bankers Association (ABA) criticou a decisão, alertando que poderia “borrar as linhas do que significa ser um banco”.
A mudança é tectônica: emissores de stablecoins agora operam sob supervisão bancária federal completa, potencialmente transformando a arquitetura do sistema financeiro. Com jurisdições comparáveis, podendo registrar-se no OCC e manter reservas em instituições americanas, a porta está aberta para expansão global dentro de framework regulado.
Olhando o retrovisor de 2025, fica difícil não sentir que algo fundamental mudou. Não estamos mais discutindo se cripto tem lugar no sistema financeiro, estamos discutindo qual lugar. Quando o governo americano cria reserva estratégica de Bitcoin, quando Wall Street faz do IBIT seu produto mais lucrativo, quando stablecoins ganham regulação federal clara, a conversa muda de tom.
Claro, a volatilidade permanece. ETFs sangraram bilhões em novembro. O Bitcoin caiu 33%. Fraudes ainda vão para a cadeia. Mas no grande esquema, 2025 foi o ano em que instituições pararam de fingir que cripto era uma moda passageira. Foi o ano em que os reguladores pararam de lutar contra a maré e começaram a construir canais. Foi o ano em que “descentralização” e “conformidade regulatória” deixaram de ser antônimos.
Para 2026, as expectativas são altas. Ethereum promete o upgrade Glamsterdam. ETFs spot de altcoins devem inundar o mercado. DeFi pode ultrapassar US$ 200 bilhões em TVL. E quem sabe qual será a próxima ordem executiva vinda de Washington.
Mas por enquanto, vamos afirmar que 2025 foi o ano em que o mercado cripto cresceu. Não sem dores, não sem cicatrizes, mas cresceu. E para um mercado que nasceu prometendo revolucionar finanças, amadurecer não significa fracassar, significa que a revolução está apenas começando.
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