As stablecoins e a guerra pela dominância de um mercado de mais de US$ 200 bilhões
Edição #795 - Dia 11 de janeiro de 2024
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As stablecoins estão no centro de uma revolução financeira que deve atingir seu ápice em 2025. Esses ativos digitais, atrelados a moedas fiduciárias como o dólar americano, não apenas desafiaram o sistema financeiro tradicional, mas também criaram uma nova era de estabilidade no mercado cripto. Nesta edição especial da Morning Jog, exploramos detalhadamente a ascensão das stablecoins de dólar, resgatando a história do USDT, apontando os principais players do mercado e os fatores que tornam estes próximos doze meses o ano da "guerra das stablecoins".
Com uma capitalização de mercado que ultrapassou US$ 200 bilhões no final de 2024, as stablecoins deixaram de ser uma curiosidade para se tornarem um dos pilares do sistema financeiro digital. O crescimento de 40% em relação ao ano de 2023 demonstra a crescente demanda por ativos que possam combinar a estabilidade de moedas fiduciárias, como o dólar, com a eficiência da tecnologia blockchain.
Para quem não sabe, mais de 80% das transações no mercado cripto são realizadas com alguma stablecoin envolvida. Como se vê, elas funcionam como um "porto seguro" em meio à volatilidade das criptomoedas tradicionais. É importante ressaltar que quase todo uso de stablecoins no mercado cripto se dá em alguma stablecoin pareada ao dólar. Além disso, essas moedas digitais têm ganhado espaço em pagamentos diários, remessas internacionais e finanças descentralizadas (DeFi), consolidando sua utilidade para bem além do simples trading. Para se aprofundar melhor neste cenário, é fundamental compreender a história da maior stablecoin do mercado: a USDT, comandada pela Tether.
As dez maiores stablecoins em partipação de mercado
A história da Tether (USDT): a pioneiro das stablecoins
A Tether foi lançada em 2014, sendo a primeira stablecoin amplamente adotada no ecossistema cripto. Inicialmente chamada de Realcoin, a moeda foi idealizada para resolver um dos principais problemas das criptomoedas: a volatilidade. Pareada ao dólar americano, a promessa do USDT era fornecer um ativo estável para investidores. Para entender seu desenvolvimento, acompanhe seus principais marcos históricos:
Marcos da Trajetória do Tether
- 2014: Lançamento do Realcoin, renomeado para Tether poucos meses depois;
- 2017-2018: A Tether ganha popularidade como par de negociação em corretoras durante o bull market cripto do período. Seu uso cresce exponencialmente devido à sua liquidez e acessibilidade;
- 2019: O volume de negociação da Tether supera o do Bitcoin, marcando um ponto de inflexão no mercado;
- 2022: Durante o colapso da stablecoin algorítmica da Terra Luna, a Tether demonstra resiliência ao manter sua paridade com o dólar;
- 2024: A Tether atinge US$ 139 bilhões em capitalização de mercado, consolidando-se como líder absoluta do setor, com mais de 70% de mercado;
O tamanho atual da Tether
Fonte: https://defillama.com/stablecoin/tether
Diante destes dados, a Tether vem lucrando alto. No primeiro semestre de 2024, a empresa reportou lucros impressionantes de US$ 5,2 bilhões com US$ 5,33 bilhões em reservas excedentes. Além disso, a empresa detém mais de US$ 97,5 bilhões em títulos do tesouro dos EUA, superando a Alemanha, os Emirados Árabes Unidos e a Austrália em exposição a esses ativos.
Com os recursos, a empresa aloca 15% dos seus lucros líquidos em investimentos em Bitcoin, incluindo: US$ 100 milhões na empresa pública de mineração Bitdeer; uma participação de US$ 1 bilhão no projeto Volcano Energy, em El Salvador; e US$ 610 milhões em crédito para a Northern Data AG, operadora de mineração de Bitcoin.
Apesar do seu sucesso, a Tether enfrentou desafios significativos ao longo de sua história. Críticas sobre a transparência de suas reservas levaram a múltiplas investigações regulatórias. Em 2021, a empresa foi multada em US$ 41 milhões pela CFTC (Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities dos EUA) por declarações enganosas sobre o seu lastro (ou seja, sobre quanto dinheiro ela realmente tinha em suas reservas para garantir que o USDT sempre teria paridade com o dólar americano, USD).
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Diante do líder, postulantes ao trono se preparam para a guerra
Com um mercado atual de mais de US$ 200 bilhões e em pleno crescimento, uma guerra de stablecoins vem começando a ganhar forma. Este ano, é projetado que a capitalização total das stablecoins alcance mais de US$ 400 bilhões. Além disso, no ano passado, foram processados US$ 5,5 trilhões de negociações com stablecoins. O valor é 40% maior do que o processado pela Visa no mesmo período.
O tamanho do mercado de stablecoins
Fonte: https://defillama.com/stablecoins
Juntamente com isso, as stablecoins pareadas ao dólar são as mais amplamente utilizadas e devem se beneficiar de uma política norte-americana favorável ao mercado cripto. Além de Donald Trump, que se tornou em um porta-voz cripto, o Legislativo norte-americano terá a maior bancada apoiadora de cripto da sua história. Serão 253 deputados pró-cripto eleitos para o Congresso e outros 16 políticos para o Senado. Com o lobby de grandes empresas cripto e esse batalhão de políticos que apoiam o desenvolvimento do setor, as políticas em torno disso devem ganhar uma regulamentação bem mais favorável do que a atual postura.
Além disso, há outros fatores que alimentam a guerra das stablecoins. A regulamentação é o campo de batalha mais crucial para as stablecoins. Enquanto governos como o Brasil consideram substituir stablecoins privadas por CBDCs, a resistência política e preocupações com privacidade dificultam essa transição. Stablecoins como o USDT e o USDC estão sob escrutínio constante, enquanto novos players, como RLUSD, da Ripple, buscam legitimação regulatória.
Outro aspecto relevante é o desenvolvimento tecnológico. A evolução de contratos inteligentes e blockchains escaláveis está permitindo stablecoins mais seguras e eficientes. Empresas que adotam rapidamente essas tecnologias ganham vantagem competitiva. Outro ponto relevante é o aumento da demanda institucional. Atualmente, há uma crescente adoção por instituições financeiras e empresas como Visa, JPMorgan e PayPal. Isso demonstra a relevância crescente dessas moedas. Sua integração em ETFs, fundos de investimento e tesouros corporativos fortalece ainda mais sua posição no mercado.
Por fim, stablecoins atreladas ao dólar são muito usadas em economias instáveis. Em países com moedas voláteis, elas estão substituindo o dinheiro tradicional, oferecendo uma alternativa estável para pagamentos e remessas.
Posto todas essas características, o crescente interesse pelas stablecoinse o crescimento exponencial futuro do mercado, quem são os principais players disputando esse mercado? Vamos a eles:
Tether (USDT): o rei das stablecoins
A Tether continua a liderar o mercado com uma capitalização impressionante de US$ 139 bilhões, representando 70% do market share do setor. Essa stable é amplamente utilizada devido à sua liquidez, acessibilidade e estabilidade em crises financeiras, como o colapso da FTX. No entanto, sua transparência e dependência de títulos do tesouro dos EUA (US$ 97,5 bilhões) levantam preocupações sobre riscos de concentração.
Os maiores compradores de títulos do tesouro dos EUA
Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/5b-profit-only-100-employees-tethers-money-machine-lex-sokolin-kphkf/
Circle (USD Coin ou USDC): o favorito das instituições
Com uma capitalização de mercado de US$ 41 bilhões, o USDC, criado pela Circle, é conhecido por sua transparência regulatória e por ter auditorias regulares. Sua parceria recente com a Binance para promover o uso do USDC em tesouros corporativos destaca seu foco em instituições financeiras e sua busca por relevância global.
Maker (DAI): a stablecoin descentralizada
O Dai é mantido e regulamentado pela MakerDAO, uma organização autônoma descentralizada (DAO) composta pelos proprietários de seu token de governança, MKR, que pode propor e votar alterações em determinados parâmetros de seus contratos inteligentes, a fim de garantir a estabilidade do Dai. Juntos, Dai e MakerDAO são considerados o primeiro exemplo de finanças descentralizadas a receber adoção significativa.
PayPal (PYUSD): a ponte entre finanças tradicionais e cripto
O PYUSD, lançado pela PayPal, capitaliza a enorme base de usuários da empresa para impulsionar a adoção de stablecoins no comércio eletrônico e nas finanças pessoais. Sua entrada reflete o interesse crescente de gigantes tradicionais no espaço das stablecoins.
Ripple (RLUSD): a nova ameaça
Após a aprovação regulatória do Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS), a Ripple lançou sua RLUSD com metas ambiciosas de atingir uma capitalização de mercado de US$ 2 trilhões até 2028. A RLUSD se diferencia por operar em um ecossistema de dois tokens, alavancando a utilidade do XRP em pagamentos transfronteiriços. Sua stablecoin tem lastro de 1 para 1 em dólares americanos, com suporte de títulos do tesouro americano.
Ethena (USDe): a inovadora
Com um modelo inovador que combina estabilidade com estratégias de mercado neutro para oferecer rendimentos, o USDe atraiu atenção significativa ao atingir US$ 5 bilhões em capitalização em apenas um mês. Ao usar estratégias em DeFi para oferecer rendimentos superiores, ela atrai tanto investidores individuais quanto institucionais.
Além disso, outros players, como Stripe, BitGo e até Robinhood, estão explorando stablecoins. A Stripe, por exemplo, adquiriu a plataforma Bridge por US$ 1,1 bilhão, enquanto a BitGo planeja lançar a USDS em 2025.
A disputa pelo mercado promete em 2025
As stablecoins, principalmente aquelas pareadas no dólar, representam o ponto de convergência entre as finanças tradicionais e as digitais. A guerra que se desenrola em 2025 não é apenas por participação de mercado, mas pelo futuro do dinheiro. Como podemos ver, players estabelecidos, novos entrantes e reguladores estão remodelando a forma como pensamos sobre dinheiro, estabilidade e inovação. O impacto dessa disputa ainda será sentido por muito tempo.
As notícias mais importantes da semana
Uma ação conjunta entre Tether, responsável pela USDT, a Tron e a TRM Labs congelou US$ 100 milhões em ativos que haviam sido roubados.
As exchanges descentralizadas (DEX) movimentaram US$ 285 bilhões em futuros em 2024, em dezembro, alcançando um volume recorde.
O Bitcoin superou a marca de US$ 100 mil pela primeira vez em 2025, refletindo o otimismo crescente dos investidores após um desempenho histórico em 2024.
Os investimentos em fundos cripto encerraram em 2024 com um recorde histórico no Brasil, registrando entradas de US$ 234 milhões.
O "efeito Trump" por trás das altas das criptomoedas no final de 2024 é "real" e justificável. Quem defende isso é Brad Garlinghouse, CEO da Ripple.
ETFs de bitcoin acumularam quase 3 vezes mais criptomoedas do que foi minerado em dezembro.
A Receita Federal do Brasil (RFB) anunciou que modificará o imposto sobre criptomoedas em 2025. Isso irá ocorrer para tornar a fiscalização mais rigorosa e, se necessário, até mesmo coercitiva.
Segundo a Galaxy Digital, empresa de investimentos em ativos digitais, a DOGE deve alcançar US$ 1 e superar o valor de mercado de US$ 100 bilhões.
A Binance anunciou que alcançou US$ 160 bilhões em ativos sob custódia, com um aumento de 97% no número de investidores institucionais.
Governo dos EUA vende US$ 6,7 bilhões em bitcoin. Nos últimos dias, o BTC acumulou mais de 7% de perdas depois de falhar em ficar acima dos US$ 100 mil.
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