Como as criptomoedas passaram de um experimento cypherpunk para 900 milhões de usuários em menos de uma década
Edição #1044 - Dia 01 de novembro de 2025
Quando Satoshi Nakamoto minerou o bloco gênesis do Bitcoin em 2009, poucos imaginavam que aquela experiência criptográfica se transformaria em um fenômeno financeiro global. Dezesseis anos depois, o ecossistema cripto não é mais um clube exclusivo de cypherpunks e entusiastas de tecnologia. Agora, é um mercado que rivaliza com o PIB de países inteiros e atrai desde investidores institucionais até cidadãos de economias emergentes em busca de alternativas ao sistema financeiro tradicional.
Os números são eloquentes. Segundo dados da Statista, o número de usuários verificados de criptoativos aumentou quase 40 milhões apenas no segundo semestre de 2024. O Statista estima que aproximadamente 13% da população total da internet, cerca de 861 milhões de pessoas, detém criptomoedas em 2025. Para contextualizar: isso representa mais usuários do que o PayPal (434 milhões de contas ativas) e significativamente mais do que a American Express (14,17 milhões de cartões ativos), como aponta relatório da Social Capital Markets.
O crescimento não foi linear, é claro. O mercado cripto sempre dançou ao ritmo de ciclos de alta e baixa, momentos de euforia seguidos por períodos que alguns preferem chamar de “inverno cripto”: um eufemismo elegante para quedas de mais de 70% no valor de mercado. Mas mesmo com a volatilidade inerente, a tendência de adoção permanece consistentemente ascendente.
A trajetória de centenas aos milhões
A evolução da base de usuários cripto é uma narrativa de crescimento exponencial pontuada por marcos históricos. Em 2016, quando o Bitcoin ainda era tratado como uma curiosidade tecnológica pela mídia mainstream, havia apenas 10 milhões de usuários de carteiras blockchain globalmente. O número parecia promissor para os evangelistas das criptomoedas, mas insignificante para o sistema financeiro tradicional.
O primeiro grande salto ocorreu em 2017, ano do boom do Bitcoin que atingiu US$ 20 mil pela primeira vez. A base de usuários triplicou para 30,45 milhões, impulsionada pela explosão das ICOs (Initial Coin Offerings) e pelo hype generalizado. Foi também o ano em que sua tia começou a perguntar sobre Bitcoin nas reuniões de família, um indicador informal, mas revelador, de penetração cultural.
O período entre 2018 e 2020 foi transformador. Segundo a Statista, a base global de usuários cresceu cerca de 190%, mesmo com o mercado enfrentando correções severas após o pico de 2017. Esse crescimento durante tempos turbulentos sugere que as criptomoedas começavam a ser percebidas não apenas como veículos especulativos, mas como ferramentas financeiras legítimas.
O ano de 2021 marcou um ponto de inflexão. Com a entrada de empresas como Tesla e Mastercard no ecossistema, conforme reportou a Statista, as criptomoedas ganharam legitimidade corporativa. A base de usuários se consolidou em torno de 220 milhões, e pela primeira vez, a narrativa dominante começou a mudar de “o que é Bitcoin?” para “como adiciono cripto ao meu portfólio?”.
O crescimento continuou em 2022, com mais de 420 milhões de pessoas detendo criptomoedas globalmente, representando um salto de 320% entre 2020 e 2022, segundo análise da Triple-A. Esse crescimento ocorreu paradoxalmente durante um período marcado por colapsos notórios (Luna/Terra, FTX, entre outros) o que sugere uma resiliência surpreendente no interesse pela tecnologia subjacente, mesmo quando projetos específicos falhavam espetacularmente.
Em 2023, após o chamado “inverno cripto” de 2022, a recuperação foi robusta. De acordo com dados da Consumer Affairs, havia 575 milhões de usuários de criptomoedas em novembro de 2023. O ano de 2024 consolidou essa tendência com 833,7 milhões de usuários, um crescimento de 24,34% em relação a 2023, ou seja, um aumento de mais de 2.600% desde 2017.
A geografia da adoção também evoluiu significativamente. Segundo relatório da DemandSage, Índia e China lideravam em números absolutos com 93 milhões e 59 milhões de proprietários, respectivamente. Os Estados Unidos seguem com 53 milhões. Mas em termos percentuais da população, os Emirados Árabes Unidos destacam-se com 30,4% de penetração, seguidos pelo Vietnã com 21,2%. A adoção deixou de ser fenômeno exclusivo de economias desenvolvidas e tornou-se verdadeiramente global.
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Perspectivas e projeções: rumo ao primeiro bilhão
As projeções para os próximos anos continuam otimistas, embora mais comedidas do que as previsões hiperbólicas de anos anteriores. Olhando mais adiante, os dados da DemandSage sugerem que a base de usuários pode alcançar aproximadamente 992,5 milhões até 2028, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 4,46%. A marca psicológica de 1 bilhão de usuários, que representaria cerca de 15% da população global com acesso à internet, parece estar ao alcance antes de 2030.
O que impulsiona esse crescimento contínuo? Diversos fatores se entrelaçam. Primeiro, a maturação regulatória. A aprovação de ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos em janeiro de 2024, conforme destacou a Grayscale, representou um marco crucial, com esses fundos já representando 3% do valor total de Bitcoin até o final daquele mês. A entrada de gigantes como BlackRock no espaço cripto empresta credibilidade institucional que era impensável há uma década.
Segundo, a evolução da infraestrutura. A ascensão das soluções de redes de segunda camada, como ZK-rollups e optimistic rollups, está tornando as transações mais rápidas e baratas. Segundo análise da TechBullion, 2026 deve ver uma integração ainda mais profunda entre redes cripto e instituições financeiras tradicionais, com stablecoins ultrapassando US$ 300 bilhões em supply total em 2025.
Terceiro, a utilidade real. As criptomoedas estão transcendendo sua identidade como meros instrumentos especulativos. Relatório da DemandSage indica que 46% dos comerciantes pesquisados já pensam em integrar pagamentos em criptomoedas, com 82% do público citando a eliminação de intermediários como motivação principal para adoção. As stablecoins, particularmente, estão se estabelecendo como ferramenta para pagamentos e remessas, especialmente em países com moedas instáveis.
A democratização do acesso também desempenha papel fundamental. Com 87% das transações cripto ocorrendo via dispositivos móveis, segundo dados da DemandSage, o celular tornou-se a principal porta de entrada para novos usuários, especialmente em mercados emergentes onde o smartphone é muitas vezes o único computador disponível.
Demograficamente, o perfil do usuário cripto também está evoluindo. Dados da Coinlaw revelam que 28% dos participantes globais agora são da Geração Z, enquanto Millennials ainda dominam com 40%. A idade média do usuário cripto global é de 34,8 anos, mas está gradualmente aumentando à medida que Boomers e Gen X adotam a tecnologia, ainda que lentamente. Cerca de 15% da Gen X agora detém pelo menos um criptoativo.
Um dado particularmente revelador: segundo pesquisa da Security.org, 14% das pessoas que ainda não possuem criptomoedas planejam comprar até o fim de 2025, enquanto 67% dos proprietários atuais pretendem adquirir mais. Isso sugere que a expansão virá tanto de novos entrantes quanto de investidores existentes aumentando suas posições.
O mercado também está amadurecendo em outros aspectos. O domínio do Bitcoin permanece significativo, com 51,4% do market cap total, mas o ecossistema se diversificou substancialmente. A Ethereum detém 20,4%, enquanto stablecoins como Tether representam 7,1%. O DeFi (finanças descentralizadas), avaliado em cerca de US$ 21 bilhões em 2025, é projetado para crescer a mais de US$ 231 bilhões até 2030, com uma taxa média de crescimento anual de 53%, segundo projeções citadas pela EZBlockchain.
Analistas do setor variam em suas previsões de longo prazo. Figuras como Cathie Wood, da ARK Invest, mantêm projeções agressivas de Bitcoin atingindo US$ 1 milhão até 2030, enquanto perspectivas mais conservadoras da InvestingHaven sugerem que tal valorização é improvável antes dessa data, citando limitações da blockchain, regulação evolutiva e dinâmicas de mercado. Independentemente do preço, a trajetória de adoção parece clara.
O contexto geopolítico também influencia. Com a eleição de Donald Trump, que assumiu postura declaradamente pró-cripto e a formação de um Congresso considerado crypto-friendly, os Estados Unidos podem estar se posicionando para se tornar um hub global para inovação em criptomoedas. Isso contrasta com abordagens mais restritivas em outras jurisdições, criando um mosaico regulatório global que molda os padrões de adoção.
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Certamente, os desafios permanecem. A volatilidade continua sendo característica marcante do setor. O total market cap de criptomoedas oscilou de um pico de US$ 4 trilhões em 2024 para US$ 2,96 trilhões em 2025, segundo a DemandSage, o que representa uma queda de 26% que lembraria a qualquer investidor de que este não é mercado para os de coração fraco.
As preocupações com segurança ainda persistem. Segundo o New Trading, mais de 46 mil pessoas reportaram perder o total de mais de US$ 1 bilhão em fraudes cripto entre janeiro de 2021 e junho de 2022. Crimes relacionados a criptomoedas são estimados em US$ 30 bilhões anuais até o final de 2025, de acordo com a DemandSage. A sofisticação dos golpes evolui em paralelo com a tecnologia.
A questão ambiental também permanece controversa. A mineração de Bitcoin requer mais de 175,87 terawatt-horas de eletricidade por ano, conforme dados da Fortunly, alimentando críticas de ambientalistas e potencialmente afetando a percepção pública — embora a transição do Ethereum para Proof of Stake em 2022 tenha demonstrado que alternativas mais sustentáveis são viáveis.
Apesar desses obstáculos, a narrativa mais ampla é de normalização progressiva. O que começou como um experimento descentralizado da internet money tornou-se a infraestrutura financeira alternativa com centenas de milhões de usuários. As criptomoedas deixaram de ser questão de “se” para “como”, de como regular, como integrar, como escalar, como tornar acessível.
Para 2026 e além, espera-se que a adoção continue sua marcha inexorável, embora provavelmente em ritmo mais moderado do que os anos loucos de 2017 e 2021. A consolidação institucional, a maturação regulatória e a expansão de casos de uso práticos devem sustentar o crescimento. O primeiro bilhão de usuários parece questão de quando, não de se.
Dos 10 milhões de pioneiros em 2016 aos quase 900 milhões projetados para 2025, a jornada das criptomoedas de nicho ao mainstream está longe de completa. Mas a direção já está traçada. Como disse certa vez o desenvolvedor Andreas Antonopoulos, o “Bitcoin é um experimento. Mas também é um experimento que já está funcionando há 16 anos”. E agora, centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo parecem concordar… com suas carteiras digitais.
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