DeSci, o futuro descentralizado da ciência e seus impactos no mercado cripto e no mundo real
Edição #807 - 25 de janeiro de 2025
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Visualize um cenário onde a ciência não permanece atada à burocracia de instituições centrais, onde a pesquisa pode ser bancada por qualquer indivíduo em qualquer lugar do planeta e onde a cooperação não encontra limites. Esse é o universo que a Ciência Descentralizada (DeSci) está erguendo. Assim como o DeFi revolucionou as finanças, o DeSci está reformulando a pesquisa científica por meio da blockchain, unindo transparência, inclusão e inovação. E em meio a tudo isso, é lógico, surgem oportunidades para lucrar. É sobre esse novo setor do mercado cripto que iremos falar nesta edição da Morning Jog.
O sistema tradicional de ciência, reconhecido pelos entusiastas cripto como “TradSci”, é controlado por grandes universidades, agências estatais e empresas privadas. Elas formam pesquisadores, viabilizam experimentos e os desenvolvem, tornando-os acessíveis à sociedade em determinado período. Embora esse padrão tenha permitido grandes resultados para a sociedade, ele igualmente ergueu barreiras notáveis, tais como: custos altos para publicar, acesso restrito ao conhecimento (hoje monopolizado por quatro grandes editoras que cobram tanto para submeter quanto para consultar artigos já publicados) e dinâmicas lentas de cooperação, que muitas vezes levam anos.
Para ilustrar, imagine empregar anos em uma pesquisa inédita, apenas para desembolsar US$ 15 mil a fim de publicar na revista Nature - sim, é isso mesmo, para ter a chance de publicar sua pesquisa original em uma revista prestigiada você precisa pagar para isso e ainda corre o risco de perder o dinheiro e não ser publicado caso sua pesquisa seja rejeitada. Após isso, aguardar meses (ou anos) pela revisão por pares (o processo que aprova, reprova ou sugere modificações no estudo) e, ao final, ver sua descoberta divulgada, mas escondida atrás de um paywall que obriga outros cientistas ou órgãos a pagarem caro pelo acesso ao texto da pesquisa. Enquanto isso, grandes farmacêuticas lucram milhões, ao passo que você, pesquisador, recebe apenas uma fração ínfima. Seja bem-vindo à ciência atual, em que ideias grandiosas muitas vezes morrem durante os processos de solicitações de subsídio e mentes capazes de mudar o mundo desperdiçam grande parte do tempo captando verba em vez de efetivamente investigar.
BioProtocol surge como grande nome do setor
São esses fatores que tornam o DeSci grande demais para ser ignorado pelo establishment científico. O DeSci se baseia nos princípios de ciência aberta. Assim, ao empregar os recursos da Web3, se vale de estruturas como DAOs (organizações autônomas descentralizadas), contratos inteligentes e tokens. Tudo isso para dar maior autonomia a pesquisadores e comunidades científicas. Nesse ecossistema, os cientistas têm mais ingerência sobre como suas investigações são financiadas, mas, simultaneamente, precisam ser responsáveis e transparentes em cada etapa, evidenciando avanços e contratempos. Além do mais, o DeSci impulsiona colaborações internacionais e corta intermediários no desenvolvimento do conteúdo acadêmico.
Neste ponto, não falamos somente de cripto-nativos simulando pesquisa científica. Gigantes como a Pfizer estão envolvidas. Logo, os pesquisadores já fazem parte. Desse modo, até as partes monótonas da ciência passam a ter um viés Web3. Mas o ponto fundamental é que a Web3 pode apoiar o que se denomina de vale da morte no desenvolvimento científico.
Para quem não sabe, o “vale da morte” científico é o período entre a pesquisa básica e o instante em que ela efetivamente produz reflexos no dia a dia. É nesse intervalo que descobertas promissoras acabam estagnadas, geralmente presas em um emaranhado burocrático de subsídios públicos, limitações de publicação em revistas validadas e, em alguns casos, controvérsias ligadas à propriedade intelectual. Tal panorama se explica porque, em muitos casos, não há subsídio para projetos recém-iniciados. Além disso, essa fase é prematura para atrair capital de empresas farmacêuticas, arriscada para investidores clássicos e muito cara para laboratórios menores. Em consequência, muitos estudos e curas possíveis jamais chegam ao público.
Protocolos do setor DeSci
O jogo da ciência está viciado
Existem duas dificuldades principais no modelo tradicional: 1) o problema do dinheiro; e 2) o pesadelo das publicações.
O problema do dinheiro
- Universidades sofrem cortes expressivos de verbas e, normalmente, a pesquisa é o primeiro setor prejudicado;
- Cientistas gastam cerca de 40% do tempo elaborando solicitações de subsídios;
- Em geral, apenas iniciativas “seguras”, isto é, com alta probabilidade de retorno financeiro, recebem financiamento;
- Esse circuito prejudica jovens pesquisadores, que não conseguem custear suas próprias investigações.
O pesadelo da publicação
- Revistas cobram dos cientistas para publicar, podendo chegar a somas elevadas;
- Além disso, cobram do público para ler esses artigos;
- Paralelamente, o processo de peer review é lento e pode ser incerto ;
- Outro ponto é que os dados que sustentam as conclusões tendem a não ficar disponíveis para todos os pesquisadores;
- Em consequência, a evolução científica é sufocada.
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Mas o que exatamente é a DeSci?
O DeSci representa a incorporação de recursos da Web3, como blockchain, contratos inteligentes, tokens e DAOs, no incentivo à pesquisa científica. É uma tentativa de reinventar toda a malha científica, desde o financiamento até a divulgação, ancorada em tecnologia descentralizada. O DeSci procura eliminar: 1) ausência de investimentos; 2) barreiras de acesso; 3) falta de clareza; e 4) ineficiência colaborativa.
1) Ausência de investimentos: a ciência clássica lida com o tal “vale da morte”. No DeSci, plataformas como Gitcoin e Pump.Science aplicam o financiamento quadrático (que soma colaborações pequenas da comunidade a doações maiores de apoiadores, valorizando a quantidade de doações modestas em lugar de poucas grandes somas) para confirmar que propostas com apoio mais amplo conquistem mais verbas. Tal método democratiza o acesso a fundos e reduz desigualdades.
2) Barreiras ao acesso: O DeSci derruba os paywalls que bloqueiam artigos científicos. Através da blockchain, trabalhos podem ser registrados de forma imutável e difundidos em plataformas abertas, como o ResearchHub, que prioriza acesso irrestrito e premia interações com tokens. Assim, qualquer pessoa, em qualquer local, pode consultar descobertas importantes.
3) Falta de clareza: decisões editoriais e de financiamento costumam ocorrer a portas fechadas, acarretando viés. No DeSci, a blockchain provê um histórico nítido de todas as fases do percurso científico. Contratos inteligentes podem reger as revisões por pares, rastreando e remunerando revisores com tokens. Iniciativas como a DeSci Labs já utilizam essas soluções para gerar credibilidade e minimizar o viés institucional.
4) Ineficiência colaborativa: em seu formato habitual, cientistas atuam isolados, concorrendo por publicações e verba. Com bancos de dados distribuídos, o DeSci promove trabalho em grupo internacional, ligando pesquisadores, instituições e nações. O Molecule e o ScieNFT, por exemplo, possuem marketplaces Web3 no qual cientistas podem divulgar e custear experimentos colaborativamente e de forma segura por meio de pesquisas tokenizadas.
Desse modo, o DeSci aspira revolucionar o universo científico e a blockchain sustenta essa mudança, trazendo respostas inéditas aos problemas listados. Os principais já criados são:
IP-NFTs (NFTs de propriedade intelectual): imagine adquirir cotas de uma possível solução para o câncer. Isso é o que os IP-NFTs viabilizam. Pesquisadores podem transformar suas investigações em tokens, possibilitando que qualquer pessoa invista e tenha parte dos êxitos futuros. Assim, em caso de sucesso, os titulares desses tokens recebem frações dos rendimentos gerados.
Organizações autônomas descentralizadas (DAOs) para a ciência: DAOs como a VitaDAO operam fundos de pesquisa dispersos. Seus integrantes deliberam sobre quais estudos apoiar e contratos inteligentes liberam os recursos de modo automático. Atualmente, a VitaDAO já impulsionou 22 iniciativas, incluindo a Turn.bio, que assinou um contrato de US$ 300 milhões com a HanAll Biopharma. Ela faz uso de IP-NFTs para validar a propriedade e, com isso, viabiliza novos fluxos de capital para projetos em desenvolvimento.
Revisão por pares com transparência e impulsionada por tokens: em lugar de aguardar meses ou anos pela revisão por pares tradicional, plataformas como ResearchHub adotam recompensas em tokens para acelerar o processo. Usuários (cientistas) são pagos com tokens ao avaliar trabalhos, detectar falhas e/ou acrescentar contribuições relevantes. Isto é algo que na ciência tradicional atual não rende remuneração alguma e no DeSci passa a oferecer pagamento ao pesquisador.
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Casos reais de projetos de ciência descentralizada
1. HairDAO: utilizou financiamento distribuído para formular um remédio patenteado contra a calvície.
2. ResearchHub: um “Reddit da ciência”, em que cada interação gera tokens.
3. AthenaDAO: foca em investigações sobre saúde feminina, viabilizada por tokens.
4. Molecule: instaurou IP-NFTs e propiciou mais de US$10 milhões em transações científicas.
Isso inaugura uma fase distinta para a ciência. O DeSci comprova que é realizável inovar onde a ciência clássica trava, tendo:
- Maior velocidade: a HairDAO garantiu patentes mais depressa do que empresas farmacêuticas tradicionais.
- Menor custo: publicar no ResearchHub fica 90% mais barato.
- Maior engajamento: maior participação popular do que em linhas de pesquisa convencionais.
- Maior impacto: custeando estudos ignorados por instituições convencionais.
Mesmo assim, nem tudo são flores
Com mais olhos voltados para a área, emergiu um protocolo que se mostrou particularmente apto a seduzir recursos de recém-chegados: pump.science. Juntando financiamento científico, especulação de memecoins e mercados de previsão, a pump.science criou negociações de tokens vagamente ligadas ao potencial de moléculas específicas no prolongamento da vida.
Esse formato lúdico e especulativo disparou uma gama de memecoins DeSci, muitas das quais se apresentaram como rotas alternativas de custeio de pesquisa. Na esteira disso, surgiu ainda outra plataforma parecida, a Stadium Science. Essa “degeneração científica” e os métodos de custeio fora do padrão despertaram fortes críticas de nomes reconhecidos da criptoesfera, gerando uma controvérsia que virou foco de debates no segmento.
Céticos afirmam que modelos de custeio sem conexões concretas com conquistas científicas podem acabar desperdiçando capital e desmotivando investimentos futuros em empreendimentos científicos sérios. Por outro lado, há quem diga que agentes mal-intencionados e projetos inconsistentes são inevitáveis em qualquer tecnologia incipiente. Conforme esse argumento, empreendimentos honestos vão se fortalecer à medida que o setor evoluir, canalizando verba para descobertas científicas de grande relevância.
O que vem a seguir?
Em 8 de novembro do ano passado, a Binance Labs declarou sua participação estratégica na plataforma de apoio financeiro DeSci Bio Protocol, sinalizando seu principal aporte no setor. Logo após, surgiu no Twitter uma imagem de CZ, ex-líder da Binance, e Vitalik Buterin, criador da Ethereum, durante um encontro DeSci em Bangkok, lançando mais holofotes ao assunto.
O Bio Protocol é uma plataforma descentralizada, governada por tokens, que apoia e incuba BioDAOs especializadas. Ela possibilita decisões de financiamento, propriedade intelectual (IP) e governança onchain e já apoia inúmeras DAOs científicas, como Quantum Biology DAO, HairDAO, ValleyDAO, AthenaDAO, CryoDAO, PsyDAO e CerebrumDAO.
Como se vê, o DeSci mal começou a transformar o panorama científico. Tal qual o DeFi trouxe acessibilidade e eficácia ao setor financeiro, o DeSci pode remodelar a investigação acadêmica e convertê-la em um impulsionador universal de inovação.
Seja viabilizando pesquisas disruptivas, como os estudos de longevidade ou fomentando acesso aberto com plataformas como o ResearchHub, o DeSci está pavimentando o caminho para uma nova era. Chegou a hora de interligar a ciência e o futuro descentralizado. A grande indagação é: você se dispõe a apoiar e a participar dessa mudança?
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