O futuro do DePIN está redefinindo a economia digital
Edição #826 - Dia 15 de fevereiro de 2025
A revolução da blockchain já passou por diferentes estágios. Inicialmente, o Bitcoin trouxe um novo conceito de dinheiro digital, seguido pelo surgimento da Ethereum e dos contratos inteligentes, que permitiram a criação de aplicativos descentralizados (dApps). Mais recentemente, o setor DeFi desafiou o sistema financeiro tradicional. Agora, um novo movimento está ganhando força e promete ser a próxima grande fronteira da descentralização: estamos falando do DePIN (Decentralized Physical Infrastructure Networks).
Mas o que exatamente é o DePIN e por que ele está gerando tanto interesse? O setor combina a infraestrutura física do mundo real com os princípios descentralizados da blockchain. Com isso, cria novas oportunidades para armazenamento de dados, energia, conectividade e até mesmo de transporte. A ideia principal é que empresas e indivíduos possam compartilhar e monetizar recursos físicos, como a largura de banda da internet, o espaço disponível de armazenamento em nuvens ou nos computadores, o poder computacional e a eletricidade excedente, sem que haja necessidade de intermediários.
A revolução já começou
A adoção do DePIN não é mais apenas uma teoria. Projetos inovadores já estão remodelando setores inteiros. Um exemplo claro é a Helium Network, que criou uma rede wireless descentralizada para dispositivos IoT (Internet das coisas). Com mais de 125 mil assinantes móveis registrados, a Helium permitiu que pessoas comuns operassem seus próprios hotspots (ponto de acesso a internet) e fossem recompensadas com tokens HNT, criando uma alternativa descentralizada às gigantes das telecomunicações.
Outro caso notável é a Render Network (reconhecida pelo token RNDR), que descentralizou o poder de processamento gráfico. Com o crescimento da demanda por computação de alto desempenho para uso do treinamento e desenvolvimento de inteligências artificiais e de renderização 3D, a Render Network permitiu que qualquer pessoa com um GPU ocioso monetizasse seu hardware, criando um mercado global para computação. Como resultado, o token RNDR valorizou mais de 150% em 2024.
Além disso, a Filecoin e Arweave oferecem alternativas descentralizadas para armazenamento em nuvem, desafiando gigantes como Amazon Web Services (AWS), Google Cloud e Microsoft Azure. Estes protocolos permitem que qualquer usuário alugue espaço de armazenamento não utilizado, reduzindo custos e aumentando a segurança dos dados por meio da descentralização.
Protocolos com maior quantidade de usuários em 2024

Como funcionam os protocolos DePIN?
A base do DePIN está na combinação de blockchain, contratos inteligentes e na tokenização de ativos físicos. Vamos considerar um exemplo simples: imagine que você tenha um HD externo com 2 TB de espaço livre. Em vez de deixá-lo ocioso, você pode disponibilizar esse espaço em um marketplace descentralizado como a Filecoin. Outros usuários que precisem armazenar arquivos pagarão por esse espaço utilizando tokens FIL. Da mesma forma, se você tem um roteador de internet potente e possui banda larga de sobra, pode contribuir para redes como a Helium, ajudando a expandir a cobertura de internet descentralizada e sendo recompensado por isso.
O mesmo conceito se aplica à energia renovável. Em algumas regiões, consumidores podem gerar eletricidade solar e vendê-la diretamente para vizinhos, sem passar por concessionárias, utilizando plataformas blockchain. Projetos como a Fuse Network estão construindo infraestruturas para permitir a negociação peer-to-peer de energia, desafiando as redes tradicionais de distribuição elétrica.
Quer saber mais do setor? Leia nosso outro especial do assunto:
Os três pilares do DePIN
Para entender o crescimento do setor DePIN, é essencial observar os três pilares que sustentam esse modelo:
1. Ativos físicos: Diferente de outros setores da blockchain, o DePIN exige infraestrutura física real, como hotspots, servidores, painéis solares e redes de transmissão para funcionar;
2. Valor Utilitário: Os tokens não servem apenas para especulação. Eles são necessários para operar os serviços da rede, gerando uma demanda natural;
3. Efeito de Rede: Quanto mais usuários participam, mais forte e valiosa se torna a rede, criando uma espiral de crescimento acelerado.
O potencial de mercado do DePIN
Os números falam por si. Em 2024, a receita total do setor DePIN cresceu 100 vezes, atingindo US$ 500 milhões em volume transacionado. Com mais de 13 milhões de dispositivos ativos funcionando diariamente e cinco projetos ultrapassando a marca de 1 milhão de nós, o mercado já representa cerca de 5% da capitalização total do setor cripto. Um percentual que deve aumentar consideravelmente nos próximos anos.
Com uma projeção de crescimento exponencial, analistas preveem que o setor DePIN pode alcançar uma capitalização de US$ 100 bilhões até 2025. Esse valor representa uma fração do mercado global de infraestrutura digital, mas deve ter um crescimento muito mais acelerado do que as alternativas centralizadas.
O crescimento do mercado DePIN

Desafios e oportunidades
Embora o potencial do DePIN seja enorme, o setor ainda enfrenta desafios significativos. São eles:
- Regulação: A descentralização da infraestrutura física pode gerar resistência de governos e órgãos reguladores. Como tributar e fiscalizar redes que não possuem uma entidade central?
- Interoperabilidade: Para ganhar escala, os projetos DePIN precisam se integrar a sistemas tradicionais e adotar padrões comuns.
- Usabilidade: Muitos serviços DePIN ainda exigem conhecimento técnico para serem utilizados. Melhorias na experiência do usuário (UX) serão fundamentais para adoção em massa.
Por outro lado, as oportunidades são imensas. O crescimento da inteligência artificial está criando uma demanda sem precedentes por poder computacional. Novos modelos de IA requerem bilhões de parâmetros e vastos volumes de dados para serem treinados. Em vez de depender apenas de data centers centralizados da Amazon e do Google, soluções descentralizadas como Bittensor (TAO) e Venice (VVV) estão se consolidando como alternativas viáveis para fornecer esse poder de processamento.
Além disso, a crescente preocupação com a privacidade digital favorece soluções descentralizadas. Serviços como Brave, que possui o token BAT, e Presearch já estão desafiando Google e Facebook ao oferecerem modelos alternativos que recompensam os usuários pelas suas interações.
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O que esperar para 2025 e além
À medida que o setor continua sua trajetória ascendente, podemos esperar algumas tendências:
- Uma grande empresa, que está entre as 500 maiores do ranking da Fortune, adotará uma prática DePIN como parte central da sua infraestrutura;
- Os tokens DePIN se tornarão um dos segmentos de cripto mais valorizados, superando DeFi em capitalização de mercado;
- Novos setores, como logística e saúde, começarão a explorar o potencial da infraestrutura descentralizada;
- Governos e reguladores terão que se adaptar e criar novos marcos para lidar com a explosão do DePIN.
O fato é que estamos apenas no começo dessa revolução. O DePIN não é apenas mais uma tendência de curto prazo dentro do setor cripto – ele pode redefinir completamente a forma como a infraestrutura e os serviços são operados globalmente. Da mesma forma que o Bitcoin libertou o dinheiro da necessidade de um banco central, o DePIN pode libertar a infraestrutura do monopólio das grandes corporações tecnológicas.
Se a história da blockchain nos ensinou algo, é que as revoluções começam pequenas, enfrentam resistência e, quando amadurecem, tornam-se impossíveis de parar. O DePIN já está em movimento – e a pergunta agora não é se ele será adotado, mas quão rápido ele transformará o mundo.
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