O futuro em camadas: por que as novas blockchains não querem ser só mais um clone da Ethereum
Edição #896 - Dia 10 de maio de 2025
A próxima geração de redes está menos preocupada em reinventar a roda e mais interessada em criar um tanque de guerra personalizado. Bem-vindo à era das blockchains com personalidade. Quantas blockchains cabem no seu portfólio? Atualmente, temos mais de 200 redes ativas, considerando as blockchains de primeira e segunda camada. Todas prometem resolver o problema de desempenho da rede Ethereum, com a sutileza de quem grita "eu sou diferente!" em meio a uma fábrica de clones. Mas para onde estamos indo com tudo isso?
Se antes a diferença entre uma blockchain de primeira camada (L1) e uma blockchain de segunda camada (L2) era clara, agora a distinção está mais no marketing do que na arquitetura. A nova geração não quer ser apenas “rápida”. Ela quer ser memorável. E, convenhamos, com os bilhões de dólares fluindo para blockchains que nem mainnet têm, o carisma do whitepaper importa quase tanto quanto o TPS (transações por segundo).
As chamadas "next-gen chains", ou seja, redes como MegaETH, Hyperliquid, Monad, Berachain, Abstract e Sonic, não estão apenas apostando em performance. Elas estão escrevendo suas próprias regras de engajamento, construindo ecossistemas, captando usuários com criatividade e desafiando modelos de incentivo ultrapassados.
Se a primeira onda era sobre prometer descentralização, esta aqui é sobre executar uma estratégia. É sobre essas novas redes que trataremos nesta edição da Morning Jog.
MegaETH: a blockchain em tempo real que sabe o que quer
A MegaETH chegou com um plano claro: jogar pesado. Literalmente. Para rodar um nó na rede, você vai precisar de um hardware digno da NASA e uma disposição para viver na fronteira do impossível técnico. Com blocos a cada 10 milissegundos (e ambição de chegar a 1 ms), a MegaETH quer ser a primeira blockchain verdadeiramente em tempo real. Não é uma otimização. É uma proposta de mundo novo.
Mas o que chama atenção mesmo é a MegaMafia: um ecossistema fechado, com curadoria feita à mão, onde só entram os apps que fazem jus à velocidade da rede. Nada de protocolos zumbis ou clones de clones de AMMs. É um ecossistema boutique, meio blockchain, meio startup studio.
Ah, e diferente da farra dos insiders que marcou outras redes, a MegaETH fez questão de colocar a comunidade na jogada desde o início. Foram milhões levantados por vendas diretas, NFTs soulbound com promessas futuras e uma base de usuários que tem skin in the game. Se vai dar certo? Bom, só o futuro dirá.
Hyperliquid: o DeFi como arena de gladiadores
A HyperEVM não tem favoritismo. Na selva que é sua filosofia de “capitalismo extremista”, todo mundo começa com as mesmas chances e sem nenhum aviso prévio. O lançamento foi uma surpresa. Os projetos que construíam na testnet descobriram a mainnet no mesmo dia que você.
Nada de incubadoras, grants ou parcerias com fundos de venture capital (VCs). A Hyperliquid dispensou o roteiro clássico e apostou no caos organizado, deixando que a própria competição entre builders definisse quem sobrevive.
E a recompensa? Um dos maiores airdrops da história, distribuído sem roadmap, sem pontos claros, sem garantias. Só com a promessa de que, se você estava lá no momento certo, teria um pedaço do bolo. Resultado: milhões de dólares em tokens HYPE caíram nas mãos de usuários reais e não de insiders.
Agora, com mais da metade da oferta ainda para ser distribuída, a especulação sobre um novo airdrop está alimentando uma comunidade que, curiosamente, acredita na meritocracia cripto mais do que muitas DAOs com fóruns de 100 páginas. Se a Hyperliquid está criando um novo tipo de arena ou apenas enrolando o próximo episódio da novela DeFi, ainda é cedo para dizer. Mas pelo menos ela nos lembra que “fair launch” não precisa ser sinônimo de pré-venda secreta para amigos.
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Monad: a Ethereum que a Vitalik só vai entregar em 2030
Imagine um mundo onde as promessas de escalabilidade do Ethereum, aquelas que incluem block times de 4 segundos e finalização em 3 slots, já são coisa do passado. Esse mundo existe. Chama-se Monad. Com block time de 500 milissegundos, finalização instantânea e throughput de 10 mil TPS, a Monad é muito rápida.
Mas o que realmente coloca a Monad em outro patamar não é o desempenho. É a cultura. Enquanto outras redes gastam milhões em marketing institucional, a Monad investiu em memes, mascotes e eventos presenciais. Seus encontros reúnem centenas de pessoas antes mesmo da mainnet. Os hackathons parecem festivais. O mascote tem mais personalidade do que muita L2 séria.
Ah, e diferente de outras testnets que se sentem como beta eternos, a Monad já tem mais de 200 protocolos ao vivo, incluindo a Uniswap. É uma L1 que se comporta como uma L2 performática, mas sem o Frankenstein das soluções de segurança terceirizadas. Sim, ainda tem o risco de virar vítima do próprio hype.
Mas se você acredita que blockchains são mais do que infraestrutura, a Monad é um caso de estudo de como construir comunidade antes do tokenomics.
Quer saber mais sobre a Monad? É só ler a nossa especial:
Berachain: quando a liquidez dita o consenso
Em um universo em que staking virou sinônimo de capital ocioso, a Berachain teve uma ideia ousada: e se os validadores fossem pagos não só por garantir segurança, mas também por canalizar liquidez para onde ela é mais usada? Bem-vindo ao Proof-of-Liquidity.
Aqui, você não sobe no ranking só por stake. Você precisa também mostrar que movimenta o ecossistema, alocando o token BGT de forma eficiente. É o consenso com skin in the liquidity.
Com arquitetura Cosmos SDK, compatibilidade total com a Ethereum e mais de US$ 2 bilhões em TVL (valor total travado) logo após o lançamento, a Berachain não é só mais uma rede. É uma máquina de incentivos cuidadosamente afinada para transformar cada protocolo em um hub econômico competitivo.
E tem mais: o pré-lançamento foi estrategicamente orquestrado com a Royco, um marketplace de ações incentivadas on-chain que atraiu liquidez antes mesmo da rede existir. Não é à toa que os principais projetos DeFi estão correndo para pegar seu pedaço do bolo.
Se a MegaETH parece uma blockchain de elite e a Hyperliquid uma anarquia meritocrática, a Berachain é o DeFi mais institucionalizado, em que todos os caminhos levam ao token BGT.
Se interessou pela Berachain? Leia nosso especial:
Abstract: o onboarding com brinquedos e likes
Enquanto muita gente debate se a adoção em massa vai chegar com wallets melhores ou com educação financeira, a Abstract decidiu que o caminho é outro. Sua aposta é em brinquedos.
Isso mesmo. Cada Pudgy Penguin vendido vem com um QR code que leva direto à Abstract, uma rede de segunda camada focada no consumidor e que foi construída pela mesma equipe da coleção de NFTs. E a estratégia deu certo: foram mais de 700 mil transações no primeiro dia. O segredo? Uma combinação de:
IP forte (Pudgy Penguins são um meme e uma marca);
Portal de consumo com UX integrada;
Carteira inteligente com login social;
E uma comunidade que já chega pronta, engajada e, principalmente, comprada na missão;
Um portal de streaming, à la Twitch, dedicado ao compartilhamento de seu ecossistema.
A Abstract não é sobre infraestrutura. É sobre a jornada do usuário. E se você acha que isso é secundário, talvez precise rever sua tese de investimento em tempos de TikTok, brinquedos conectados e aplicativos que pagam XP por clicar em “like”. Com jogos como Onchain Heroes, badges, livestreams e um hub social gamificado, a Abstract mostra que cripto para o consumidor não vai vir de whitepapers. Vai vir de narrativas, mascotes e recompensas por engajamento.
Sonic: a Fantom encontrou o botão turbo
A Sonic veio da base da Fantom, mas com esteroides. Rodando a 10 mil TPS com finalização abaixo de um segundo, ela é uma L1 turbinada com direito a:
Máquina virtual própria (SonicVM);
Banco de dados com poda em tempo real (SonicDB);
Um programa de monetização de taxas que dá até 90% das fees para os desenvolvedores.
Ou seja, ela não só escala, ela distribui o bolo. E sim, tem airdrop. Um airdrop que deve gerar mais de US$ 100 milhões aos usuários. A Sonic também lançou o Innovator Fund, a ponte segura Sonic Gateway, stablecoins como scUSD, e integração com o USDC.e e USDT.e.
Com protocolos como Aave, Silo e Beets já entre os líderes de TVL, a Sonic está mais próxima de uma refilmagem de sucesso do que de uma tentativa desesperada de rebranding. Se a Fantom era promissora mas confusa, a Sonic parece ter aprendido a lição.
Ela ainda não tem o charme de uma Monad nem a subversão de uma Hyperliquid, mas sabe fazer conta, atrair liquidez e reter usuários. Em 2025, isso pode ser tudo que importa.
Quer saber mais da Sonic? Leia nosso especial:
Performance não basta, é preciso narrar a própria história
Se você ainda avalia novas blockchains só por throughput e tempo de finalização, talvez esteja lendo gráficos errados. A nova geração entende que a tecnologia é commodity. O que diferencia uma cadeia é sua estratégia: como se posiciona, como atrai desenvolvedores, como cultiva cultura, como premia usuários e, sim, como conta sua história.
MegaETH, Hyperliquid, Monad, Berachain, Abstract e Sonic são apenas os primeiros exemplos de um novo tipo de rede: blockchains que não querem ser neutras, mas reconhecíveis. Na próxima vez que você ouvir falar de uma rede de primeira camada ou de uma rede de segunda camada, não pergunte “quantas TPS ela faz?”. Pergunte: “o que ela faz diferente?” A resposta pode dizer muito sobre o futuro cripto e sobre o seu portfólio.
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