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Em busca do grande alvo, a MicroStrategy, guiada por Michael Saylor, tem adotado uma estratégia ousada ao usar uma moeda inflacionária para comprar uma moeda escassa. É isso que Saylor fez e continua fazendo ao pegar emprestado bilhões de dólares de investidores - a moeda que é continuamente impressa - e usá-los para comprar Bitcoin - uma moeda escassa que tem um limite e não pode ser mais criada. Essa arbitragem de reservas de valor começou há quatro anos e aposta no crescimento contínuo do valor do BTC frente ao dólar.
Foi com essa estratégia alavancada que a empresa abocanhou até agora 1,84% de todos os bitcoins existentes, ou seja, 386,7 mil BTC, se tornando a primeira empresa pública a incorporar o ativo em sua tesouraria. Atualmente, esses ativos valem cerca de US$ 36 bilhões, o que representa mais de R$ 205 bilhões.
Enquanto enchia sua tesouraria de BTC, Saylor viu a ação ($MSTR) da MicroStrategy saltar de US$ 13,7 para US$ 379,9. Em agosto de 2020, quando a MicroStrategy iniciou sua estratégia de aquisição de Bitcoin, o valor de mercado da companhia era de aproximadamente US$ 1,2 bilhão. Atualmente, em novembro de 2024, o valor de mercado da empresa ultrapassa os US$ 100 bilhões. Isso representa um crescimento de mais de 8.233% no período.
Mesmo com um plano de adquirir centenas de milhares de novos BTC nos próximos anos, a MicroStrategy já aparece como uma das maiores carteiras de bitcoins do planeta - a carteira com mais BTC continua sendo a de Satoshi Nakamoto, que possui 1,1 milhão de tokens. No geral, a estratégia agressiva de compra Bitcoin pela MicroStrategy não apenas solidificou sua posição como líder no ecossistema cripto, mas também estabeleceu um precedente para outras corporações que consideram movimentos semelhantes. Tanto que isso já é feito pela MetaPlanet, do Japão, que possui 1.018 BTC, e a Marathon Digital, que tem 27.562 BTC em seu balanço patrimonial.
Donos das carteiras com mais BTC
Fonte: Portal do Bitcoin, MicroStrategy, E-investor, BitInfoCharts.
Nota: As quantidades mencionadas são baseadas em dados disponíveis publicamente e podem ter sofrido alterações devido a movimentações de mercado ou políticas internas dos fundos. Além disso, outros ETFs de Bitcoin podem existir, mas informações específicas sobre suas holdings não estão amplamente disponíveis.
O movimento liderado pela MicroStrategy vem possibilitando que os chamados institucionais (investidores que aplicam recursos em nome de outros investidores) tenham acesso ao BTC de forma indireta ao se exporem às ações da empresa. Mas ao mesmo tempo essa estratégia da companhia gera preocupações sobre os impactos que poderia causar no mercado cripto. É sobre essa estratégia, seus impactos e riscos que trataremos nesta edição da Morning Jog.
O que era a MicroStrategy antes do BTC
Antes de começar as compras bilionárias de BTC, a MicroStrategy era uma empresa reconhecida por sua plataforma de inteligência de negócios (BI) e pelo seu software analítico. Suas principais funcionalidades incluem: análise de dados avançada que permitem tratar grandes volumes de informações para identificar tendências e padrões; a construção de relatórios personalizados; visualizações interativas, integração com múltiplas fontes de dados e acesso dos resultados analíticos por meio de smartphones. Essas ferramentas são projetadas para auxiliar outras empresas na tomada de decisões, otimizando processos e identificando oportunidades de crescimento.
Entre seus clientes estão empresas de varejo, serviços financeiros, saúde e setor público. Apenas como referência, o setor de BI (Business Intelligence) da empresa gerou no segundo trimestre de 2024 receitas de US$ 111,4 milhões. Essa informação é útil porque embora o investimento em BTC tenha dado destaque para a empresa, ela continua tendo um negócio milionário de inteligência de negócios que gera caixa e possibilita outras ações por parte da empresa.
Quer saber mais sobre Michel Saylor. Leia nossa edição especial sobre o responsável pela estratégia da MicroStrategy:
Como funciona a estratégia da MicroStrategy
A abordagem da MicroStrategy, apelidada de "$MSTR strategy" no mercado, explora uma convergência única de fatores financeiros e tecnológicos, que envolvem acesso a capital barato, aposta no potencial de crescimento do Bitcoin e o crescimento das ações da MicroStrategy.
Quando falamos de acesso a capital barato, é necessário entender como a empresa financiou as compras de BTC. De forma geral, ela usou três estratégias principais:
1. Emissão de notas conversíveis: a empresa realiza ofertas de notas conversíveis, que são títulos de dívida da empresa que podem ser convertidos em ações no futuro. Por exemplo, em novembro de 2024, a MicroStrategy concluiu uma venda de notas conversíveis no valor de US$ 3 bilhões para financiar a compra de mais Bitcoin. Os investidores que aportaram esse valor o fizeram com taxa 0% de juros e terão direito a um determinado número de ações da empresa em 2029 - que costuma ser o valor emprestado mais um prêmio de 55%. Há outros acordos que vão de 2027 a 2032, embora essa prática deva se estender para novas emissões para outros anos em breve.
2. Ofertas de ações: a empresa também utiliza a emissão de novas ações para levantar capital destinado à aquisição de Bitcoin. Por exemplo, em outubro de 2024, a MicroStrategy anunciou o plano "21/21", que quer arrecadar US$ 42 bilhões nos próximos três anos, divididos igualmente entre emissões de ações e títulos de renda fixa, para a compra adicional de Bitcoin. Ou seja, além do que já tem em caixa, a MicroStrategy planeja comprar, no mínimo, mais US$ 42 bilhões em Bitcoin. No geral, a diluição das ações presentes costuma não ser vista positivamente pelos investidores, mas no caso da companhia, isso vem sendo bem avaliado visto que o BTC continua crescendo a uma taxa de 52,7%.
3. Utilização de reservas de caixa: inicialmente, a MicroStrategy utilizou parte de suas reservas de caixa para adquirir Bitcoin. Em agosto de 2020, a empresa investiu US$ 250 milhões de suas reservas de caixa na compra dos seus primeiros 21,4 mil Bitcoins. Isso pode ser feito futuramente, visto que o setor de BI continua faturando e aumentando o caixa da empresa.
Essas estratégias combinadas permitiram à MicroStrategy acumular uma significativa quantidade de Bitcoin, consolidando sua posição como a maior detentora corporativa da criptomoeda. Utilizando essas estratégias, a empresa conseguiu aproveitar taxas de juros extremamente baixas nos mercados globais para obter recursos pagando taxas de juros próximas de 0%.
Estrutura das notas conversíveis emitidas pela MicroStrategy
Fonte: MicroStrategy.
Após pegar dinheiro barato no mercado, Saylor apostou no potencial do Bitcoin, que ele descreve como o ativo mais eficiente para preservar valor em um mundo de moedas fiduciárias cada vez mais inflacionadas. Assim, ele aposta que o BTC irá continuamente se valorizar enquanto as moedas fiduciárias, como o dólar, irão perder valor por causa de efeitos inflacionários. É exatamente isso o que observamos no nosso cotidiano, quando percebemos que nosso poder de compra diminui a cada ano e os preços dos produtos estão cada vez mais altos
Como se vê, a estratégia consiste em retirar Bitcoin do mercado. Ao fazer isso, a MicroStrategy contribui para a valorização do criptoativo. Esse movimento, por sua vez, atrai investidores para as ações da MicroStrategy, elevando o preço da sua ação, a $MSTR. Com o preço em alta, a empresa encontra condições para emitir mais ações ou dívida conversível. Assim, o ciclo se reinicia e ela tem recursos para comprar ainda mais Bitcoin, fortalecendo o ciclo que reforça sua posição no mercado e a valorização do ativo.
Quer saber mais sobre como está o ecossistema do Bitcoin. Leia nossa edição sobre o protocolo Runes, que está revolucionando o BTC:
Os riscos da estratégia da MicroStrategy
A estratégia da MicroStrategy não é isenta de riscos. Atualmente, há um “gap” de cerca de US$ 64 bilhões entre o valor da companhia, que está sendo avaliada em cerca de US$ 100 bilhões e a quantidade de BTC que possui em caixa, que valem cerca de US$ 36 bilhões. Isso faz com que vários analistas apontem uma potencial bolha. Ou seja, hoje, o valor de mercado da MicroStrategy está em um valor superior aos BTC que possui em caixa. Isso seria como se o investidor de $MSTR estivesse pagando cerca de duas vezes mais pela ação do $MSTR do que pagaria caso buscasse se expor diretamente a BTC. Para aqueles que querem ter apenas Bitcoin, não parece uma boa alternativa usar a MicroStrategy para isso.
As compras de BTC pela MicroStrategy desde 2020
Fonte: MicroStrategy
Legenda:
Quantidade de BTC adquirida (em azul): Mostrada como barras, com valores exato de BTCs adquirido acima.
Valor unitário do BTC (em verde): Apresentado como uma linha, com valores específicos anotados.
Total investido em cada compra: Destacado em laranja acima das barras.
Imagina colocar todo esse BTC em staking. Quer saber mais dessa revolução que vive o ecossistema do BTC? Leia nosso texto sobre o assunto:
Então, quais são as razões que fariam os investidores pagar mais pela ação? No geral, poderíamos apontar que estariam na capacidade de Michael Saylor de continuar atraindo capital barato e no potencial da MicroStrategy de expandir sua liderança no mercado de Bitcoin. Além disso, é importante apontar que a operação de software da empresa continua gerando receita anual de cerca de US$ 500 milhões, embora represente uma parte menor do seu valor total.
Mesmo assim, a estratégia da MicroStrategy está exposta à volatilidade extrema, no qual o preço das ações da MSTR são diretamente impactadas pela oscilação do Bitcoin. Assim, se o BTC cair, a MicroStrategy pode ser forçada a vender parte de suas reservas para cobrir dívidas. Além disso, a empresa possui uma dívida crescente, que embora tenha sido tomada a juros baixos, ainda representa um passivo significativo.
O sucesso da MicroStrategy depende de um único fator: o desempenho do Bitcoin no longo prazo. Para Saylor, a possibilidade de falha do BTC é mínima, dada sua adoção crescente e sua posição como ativo monetário descentralizado. No entanto, como toda estratégia inovadora, há riscos que não podem ser ignorados.
Entre os riscos desta estratégia está a volatilidade do ativo, o escrutínio regulatório e, até mesmo, o risco de concentração, visto que quase a totalidade dos ativos corporativos estarão atreladas ao Bitcoin. Com relação à volatilidade do ativo, economistas, como Fernando Ulrich, estimam que a MicroStrategy teria problemas com essa estratégia caso o preço do ativo caísse para baixo dos US$ 20 mil e permanecesse lá por mais de oito anos. Isso porque as notas conversíveis emitidas até aqui pela empresa começam a vencer em 2027 e continuam, até o momento, até 2032.
Mesmo com o risco da volatilidade do preço, a estratégia tem sido bem recebida pelos investidores do mercado tradicional, com forte interesse institucional e uma alta recomendação de compra pelos analistas. Para poder gerar uma forma de análise por parte dos investidores, a MicroStrategy criou o Bitcoin Yield, que é uma métrica que permite à empresa e aos investidores monitorar o impacto de suas estratégias de financiamento e aquisição de Bitcoin na proporção de Bitcoin por ação. Em outras palavras, ele avalia como a quantidade de Bitcoin por ação da empresa muda com o tempo, considerando emissões de novas ações e aquisições adicionais de Bitcoin.
O indicador ajuda a avaliar se as aquisições de Bitcoin e as emissões de ações estão resultando em um aumento na quantidade de Bitcoin por ação, o que pode ser benéfico para os acionistas, além de fornecer uma visão clara de como as decisões financeiras da empresa afetam a participação dos investidores no total de Bitcoins detidos.
BTC Yield do início até o segundo semestre de 2024
Fonte: MicroStrategy.
O que a MicroStrategy vem fazendo é o que muitos imaginavam que deveria ser feito anos atrás. É utilizar os recursos de moedas fiduciárias que continuam constantemente se desvalorizando para comprar um ativo que é escasso e que vem se valorizando a uma taxa anual completamente fora do comum. Até aqui, a estratégia vem dando muito certo. Isso não exclui a possibilidade que a MicroStrategy crie uma bolha e que isso tenha efeitos no mercado cripto no futuro. Entretanto, por hora, ela parece ter capacidade para levantar mais recursos de players institucionais e abocanhar uma fatia ainda maior de todos os BTC existentes.
Além disso, a abordagem da empresa também a posicionou como uma defensora importante da adoção de ativos digitais, influenciando outras corporações a considerarem estratégias semelhantes. Isso, por sua vez, não impacta apenas a empresa, mas também beneficia o ecossistema de criptomoedas como um todo, visto que gera o aumento nos lucros dos mineradores, estimula a adoção institucional e promove um ambiente que incentiva cada vez mais a inovação.
As notícias mais importantes da semana
A Cantor Fitzgerald adquiriu uma participação de 5% da Tether, emissora da USDT, por cerca de US$ 600 milhões. Enquanto isso, Trump nomeou Howard Lutnick, CEO da Cantor Fitzgerald, como secretário do Comércio do seu governo.
A FIFA e a Mythical Games anunciaram o lançamento em 2025 do FIFA Rivals, jogo de futebol para smartphones que terá integração opcional com NFTs.
Nayib Bukele, presidente de El Salvador, quer "alugar de vulcões" para mineração de bitcoin. Isso permitiria que empresas privadas usassem energia geotérmica para minerar a criptomoeda.
A MicroStretegy anunciou mais uma aquisição massiva de Bitcoin, investindo US$ 5,4 bilhões na compra da criptomoeda. Com isso, a empresa atinge a marca de 386,7 mil unidades do criptoativo.
Um projeto de lei propõe a criação de uma Reserva Estratégica Soberana de Bitcoins (RESBit) para o governo do Brasil. O objetivo seria diversificar os ativos financeiros do Tesouro Nacional.
Pump.fun domina a Solana. O protocolo foi responsável por 62,3% de todas as transações realizadas em exchanges descentralizadas (DEX) na rede Solana.
A Amazon pode estar prestes a adquirir US$ 250 milhões em Bitcoin até o final de 2024. A gigante seria a primeira das FANG (Facebook/Meta, Amazon, Netflix e Google) a realizar o movimento.
Um tribunal dos EUA determinou que os smart contracts do Tornado Cash não podem ser considerados "propriedade" de uma pessoa ou entidade estrangeira.
A SOS, empresa chinesa de computação em nuvem, anunciou a compra de US$ 50 milhões em BTC. Com isso, as ações da empresa dispararam 97% em minutos.
Exchange XT sofre hack. Após o problema, a corretora anunciou a suspensão temporária de saques, citando “atualização e manutenção de carteira”
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Rholão...
Excelente conteúdo